Porco da mão branca

Em 1990, Ricardo Moraes, então presidente do poderoso Sindicato dos Metalúrgicos, foi eleito deputado federal. Na campanha, nas viagens pelo interior, ele adotou a estratégia de atacar o prefeito. Já tinha o roteiro pronto. A cidade estava esburacada, desorganizada, a saúde não prestava, faltava energia e colocava a culpa toda no prefeito.

A lógica dele era que sempre o prefeito apoiava um candidato a federal. Ele garimpava os votos dos que eram contra o prefeito. Num determinado município, em que o prefeito apoiava o Governo, mas foi até ao aeroporto dar as boas vindas à caravana da oposição, ainda assim ele repetiu a estratégia. A noite, no comício, disse ele:

“Acabei de chegar e vejo a cidade abandonada. A culpa é desse prefeito preguiçoso que dorme mais do que o porco da mão branca”, disse ele provocando o delírio das pessoas no comício de oposição.

No outro dia, o prefeito foi ao Aeroporto, procurou as pessoas da comitiva e com muita educação disse:

“Amigos, por favor, eu recebo bem a todos. Digam ao candidato de vocês que eu posso ser acusado de tudo, menos de dorminhoco. O meu pai era o dono da padaria e eu sempre acordei quatro horas da manhã, desde o tempo em que era eu quem acendia o fogo para assar o pão.”

Risada geral.