“Os negros ajudaram a construir esta nação, é preciso pensar como temos retribuído a eles”, afirma presidente do PSB

Passados 323 anos da Morte de Zumbi dos Palmares, símbolo da luta contra a escravidão, a desigualdade racial ainda é um traço marcante, e doloroso, da realidade brasileira.

Neste 20 de novembro, quando se celebra o Dia da Consciência Negra, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, afirma que a sociedade deve refletir seriamente sobre o abismo que existe entre brancos e negros no país.

“Os negros ajudaram a construir esta nação, contribuíram para a nossa formação cultural, artística e religiosa mas, por séculos, foram vítimas do desprezo, da violência e da miséria. As consequências disso estão presentes ainda hoje. É preciso pensar sobre como temos retribuído a eles, historicamente, e como podemos avançar na superação dessa injustiça que nos envergonha”, afirma Siqueira.

Para o socialista, ainda há um imaginário racista que nos coloca entre dois Brasis, que oferecem condições e perspectivas diferentes para brancos e negros no acesso à educação, ao trabalho, à renda e também na participação política.

Entre negros e pardos, o analfabetismo ainda é o dobro do que entre brancos, o desemprego é maior, os salários são mais baixos, e a representação política é bastante reduzida.

“O grande avanço que tivemos nos últimos anos é a maior visibilidade dada à questão da discriminação racial e às pautas da negritude. Há mais consciência social, debate e pressão para que políticas afirmativas sejam adotadas”, avalia Siqueira.

O presidente do PSB afirma que a luta por igualdade é uma das bandeiras do partido, que, segundo ele, conta com seus representantes eleitos para defender mudanças concretas em seus governos e no legislativo.

Retrato da desigualdade

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no campo do trabalho e da renda, a média de salário dos negros no país é de R$ 1.570, enquanto que a de brancos alcança R$ 2.814.

O desemprego também é fator de desigualdade: é mais alto entre pardos (13,8%) e pretos (14,6%) do que na média da população (11,9%).

Na educação, a taxa de analfabetismo é mais que o dobro entre pretos e pardos (9,9%) do que entre brancos (4,2%).

A porcentagem de brancos com 25 anos ou mais que tem ensino superior completo é mais que o dobro da porcentagem de pretos e pardos com diploma: 22,9% contra 9,3%.

Os índices de violência também apontam para países completamente distintos em relação à convivência de negros e não negros.

A taxa de homicídios de negros é duas vezes e meia superior à de não negros e a taxa de homicídios de mulheres negras é 71% superior à de mulheres não negras.

Em um período de uma década, entre 2006 e 2016, a taxa de homicídios de negros cresceu 23,1%. No mesmo período, a taxa entre os não negros caiu 6,8%.

Na política, as eleições deste ano mostram que, apesar de um ligeiro avanço, o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer na questão da representatividade dos negros.

Apesar de 54,9% da população se declarar negra, das 1.626 vagas para deputados distritais, estaduais, federais e senador, apenas 65 (ou 4%) acabaram preenchidas por candidatos autodeclarados negros .

Foram eleitos apenas três senadores e 39 deputados estaduais em 26 unidades da federação.

Assessoria de Comunicação/PSB Nacional