Os jacarés do lago de Nhamundá

Em 1989, durante o segundo turno da eleição presidencial disputada entre Collor e Lula, eu era vereador juntamente com o hoje Senador João Pedro. Nós dois fomos designados pelo comando da campanha a cuidar do Baixo Amazonas. Com a cara e muita coragem, lá fomos nós para Parintins e de lá para Nhamundá, onde fizemos um comício. Chegamos no início da noite e combinamos que o nosso barco sairia meia noite.

Concluímos a nossa missão às 23 horas, mas alguns ainda estavam pela cidade. Eu, João Pedro e outros companheiros fomos para o barco. Decidimos entrar nas águas do lago de Nhamundá e tomar banho até a hora da saída do barco.

Collor ganhou, Lula perdeu. No ano seguinte Gilberto Mestrinho foi eleito Governador e levantou a bandeira de caça dos jacarés. Afirmava existir uma superpopulação e que só no lado de Nhamundá existiriam dois milhões de jacarés.

João Pedro foi à tribuna contestar que existissem tantos jacarés. E relembrou que na campanha do Lula, dois anos antes, eu, ele e outros companheiros tínhamos tomado banho à noite naquele lago. Se existissem dois milhões de jacarés teríamos sido devorados.

No outro dia, um jornalista de má fé fez uma matéria que trocava tudo. Disse que João Pedro havia confirmado a existência dos dois milhões de jacarés relembrando inclusive que ele e eu tínhamos acompanhado Lula a Nhamundá e, quando fomos tomar banho à noite no lago, um jacaré havia comido o dedo mindinho do Lula.

Quando João Pedro chegou ao Plenário da Câmara e tomou conhecimento da matéria, foi uma loucura. Da tribuna desancou o jornalista que ficou alguns dias sem ir ao trabalho. Claro que entre os vereadores essa matéria virou gozação.