ZFM, futuro de incertezas exige atitudes

Por Osíris Silva

Já passou da hora de governo, Suframa e classes empresariais pactuarem agenda positiva direcionada a enfrentar os recorrentes desafios que se interpõem à Zona Franca de Manaus e ao crescimento econômico. A hipótese é a de mobilizar forças políticas e sociedade, objetivando reagir diante dos problemas conjunturais da nação que vêm fustigando incessante e severamente o modelo.  Nesse contexto, propor alternativas factíveis direcionadas à construção de novos caminhos de sorte a tornar a ZFM, não de todo imune, mas preparada para transpor as armadilhas interpostas no caminho de 2073.

Tangenciar o “turning point”, o ponto de virada, já seria um bom começo. Não obstante a anulação do papel do planejamento no seio da gestão pública do Amazonas, dispõe-se, contudo, de inúmeros estudos elaborados pela velha SEPLAN, SECTI, Suframa, Fieam e Cieam apontando saídas opcionais. Configuram, na verdade, agenda positiva que podem fazer face a percalços conjunturais, despertar consciências e incitar adoção de arrojadas políticas públicas voltadas à modernização tecnológica, mercadológica e comercial da matriz econômica via incorporação de novas cadeias produtivas geradas pela biodiversidade, base da bioeconomia regional..

Não precisa ser autoridade no assunto para concluir que a ZFM clama urgente e dramaticamente por um Plano B. Nesse contexto, ressalto haver importantes resultados de estudos científicos realizados  por pesquisadores de universidades e centros de C&T da Amazônia e de outras regiões aguardando destinação prática. Precisamente, arrimado sobre essas “cadeias” repousa, indissoluvelmente correlacionadas, o futuro da Amazônia, e da ZFM, vale dizer do estado do Amazonas. O problema: o aproveitamento econômico dos recursos da bioeconomia, da economia verde, demanda altos investimentos em P&D, que o governo não está preparado, nem, ao que se supõe propenso a realizar.

Em termos objetivos, a solução para os impasses exige, simultaneamente, que governo e Suframa, trazendo à lide a Prefeitura de Manaus e as classes produtoras acreditem firmemente nessa perspectiva e adotem políticas econômicas arrojadas, capazes de aglutinar forças do ensino e da pesquisa na busca de tecnologias sincronizadas com o novo parâmetro industrial. Isto é, pesquisar e desenvolver produtos para o setor produtivo explorar de acordo com o potencial sócio ambiental da região e os paradigmas tecnológicos internacionais vigentes.

O momento é muito grave. Imensos riscos rondam a ZFM. A economia estadual se fragiliza a cada dia. Precedência absoluta: promover a readequação do modelo ZFM para fazer face ao adverso cenário de incertezas que nos aflige. Para tanto, assume caráter de alta prioridade, ao que presumo, constituir empresa mista, público/privada, com ação na área de ciência, tecnologia e inovação. Instituição que teria a responsabilidade de atuar diretamente, sem interferência político-partidárias, na promoção e governança do sistema de P&D local. Com efeito, exercer o protagonismo, coordenando e assumindo a responsabilidade pela promoção do desenvolvimento, aglutinando forças, lideranças, recursos e quadros especializados vindos de onde vierem.

Surgem iniciativas práticas nesse sentido. Comandado pelos empresário Antonio Azevedo, presidente, e Romero Reis, vice, o CODESE Manaus (Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico) reúne nesta  quarta-feira, 4, na Fieam. Na ocasião será apresentado o Estudo Brasil 2035 Cenários para o Desenvolvimento, de responsabilidade do IPEA. Exemplo prático de agenda positiva, o encontro configura, adicionalmente, segundo Azevedo, excelente oportunidade para promover o debate sobre os cenários prospectivos do Brasil, ferramenta eficiente para a definição de políticas e estratégias em ambientes turbulentos e de acelerada mudança tecnológica, no qual se insere a ZFM e a necessidade de seu ajuste à evolução tecnológica contemporânea e à Revolução da Indústria 4.0.