ZFM, 49 anos, ainda engatinhando

Por Osíris Silva:

No encontro do governador José Mello quinta-feira, 25, com lideranças empresariais do Estado, à frente o presidente da Federação das Indústrias do Amazonas (FIEAM), Antonio Silva, o presidente da FAEA, Muni Lourenço Jr., o presidente da Associação Comercial (ACA), Ismael Bichara, da superintendente da Suframa, Rebecca Garcia, e do prefeito de Manaus, Arthur Netto, chamou-me a atenção o fato de que, de qualquer ponto de vista que se discuta, o fator defasagem tecnológica e restrição mercadológica são os pontos que se destacam na análise das fragilidades que frustraram a geração de um polo industrial, comercial e agropecuário de alta densidade na Amazônia Ocidental, conforme disposto no Art. 1º do DL 288/67. O Amazonas não conseguiu desenvolver pacotes tecnológicos que ofereçam suporte à produção agropecuária, tão pouco à industrial ajustada à competição internacional. Por conseguinte, o setor da biodiversidade configura o futuro de nossa economia. Destaques para biofármacos, biocosméticos, bioengenharia, nanotecnologia, biodiesel da madeira, ecoturismo, serviços ambientais, e, certamente, produção de alimentos. O gargalo a ser corrigido é um só: tecnologia.

Em conversa com o governador José Mello, logos após seu pronunciamento na FIEAM, senti firmeza do chefe do Executivo amazonense ao admitir a criação de uma empresa especializada nos moldes do paranaense IAPAR, da mineira EPAMIG, do IAC, em S. Paulo, ou da paraense ADEPARÁ, com o fim de promover a governança do sistema regional de pesquisa, desenvolvimento e inovação (P,D&I). Desta forma, solucionar a defasagem que nos relega à insignificância no contexto do setor de produção agropecuária. Outro passo importante consiste na intensificação da formação de mão de obra especializada demandada setorialmente por cadeias produtivas geradas de acordo com vocações das mesorregiões determinadas pelos Zoneamentos Econômico-Ecológicos (ZEEs).

Nesses 49 anos o mundo mudou e evoluiu. Paradigmas tecnológicos foram superados; tecnologias de processo e produtos redesenhadas. Bens de consumo que, ao serem lançados, em suas épocas, tidos como “objeto de desejo” dentre 100 em cada 100 consumidores (vídeo cassete, som automotivo, TV tubo de imagem colorida, rádio-relógio, walkman, radinho de pilha, máquinas de datilografia, aparelhos de fax, calculadoras eletrônicas, vídeo cassete, Lp, audiocassete, jogos Atari, para citar alguns), hoje encontram-se totalmente fora de uso ou substituídos por novidades tecnologicamente mais avançadas, tais como TV digital, Notebooks, Ipad, Iphone, DES, etc.

A fita cassete foi sucateada pelo Cd, que já está sendo superado pelo Mp3 e o pendrive. As novíssimas TVs Lcd, que sucatearam os tubos de imagem, já estão sendo superadas pela nova geração HD em 3D que não ocupam espaço. Na indústria eletrônica e na eletromecânica os avanços são devastadores. Um computador que nos anos 1980 ocupava uma sala de 50 m2 tem capacidade de armazenagem de dados (hardware) infinitamente menor do que qualquer notebook de 2 mB de memória e Hd de 320 – transportados numa pasta de mão -, que, além do mais, vem dotado de Dvd-Rw, Wi-Fi, Pl. Rede, Hdmi e Webcam.

A ZFM não acompanhou esse processo evolutivo. Chegará aos 50 anos em 2017 apresentando significativos déficits em relação aos macro objetivos que induziram sua criação em 1967. Seja no tocante ao emprego (mais de 60% da massa salarial do PIM ganha até dois salários mínimos), quanto no que diz respeito aos demais agregados macroeconômicos: investimentos, desenvolvimento próprio de pesquisa e desenvolvimento, participação no mercado exterior. A maior vulnerabilidade do PIM, certamente seu ponto crítico de maior relevância diz respeito à ausência de esforços públicos e privados no sentido de as tornarem independentes das benesses fiscais e caminharem com suas próprias pernas via investimentos em inovações tecnológicas de processo e produto, logística comercial, de transporte e alta gestão.