Por Marcelo Ramos:
Depois de governar o Amazonas de 1959 a 1963, Gilberto Mestrinho voltava eleito pelo povo em 1982, após 18 anos de Ditadura Militar. Na volta ao poder, anunciava um projeto de comandar o Amazonas nos próximos 20 anos.
Passados 32 anos, entre traições, brigas encenadas e fraudes eleitorais, a profecia se confirmou e fui muito além do que previa o cacique. De lá pra cá, só Gilberto e seus “herdeiros”, Amazonino Mendes, Eduardo Braga e Omar Aziz, governaram.
Mesmo quando foram derrotados na Prefeitura de Manaus – Artur Neto derrotando Gilberto em 1988 e Serafim Correa derrotando Amazonino em 2004 – não permitiram que seu comando no governo fosse ameaçado.
Nesses mais de 30 anos, o grupo dominante usou de chantagens e cooptações para impedir o surgimento de qualquer outra liderança capaz de colocar em risco a sua hegemonia. Muitas vezes, fingiram brigas e disputaram eleições entre eles mesmos, como forma de manter a dominação.
Não foram capazes de enfrentar os desafios econômicos e sociais das últimas décadas. Não construíram um projeto de desenvolvimento identificado com as nossas vocações. Não investiram nas obras de infraestrutura necessárias (porto, hidrovias, estradas, energia, telecomunicações) para viabilizar o modelo ZFM mesmo num ambiente de redução dos incentivos fiscais. E criaram um descompasso absurdo entre o crescimento econômico e os índices sociais.
Chegamos em 2014 com um Orçamento que deve alcançar 15 bilhões, mas sendo o 4o. Estado da Federação com maior número de miseráveis (600 mil amazonenses vivem abaixo da linha da pobreza).
Estamos nos aproximando de uma eleição que poderá renovar por, pelo menos, mais uma década a hegemonia desse grupo dominante. Para isso, mais uma vez, eles encenam uma divisão e articulam para inviabilizar o surgimento de qualquer nova liderança.
O Brasil vive um novo momento. Um momento de fortalecimento das instituições democráticas, de ebulição social e de ativismo cidadão. Que esse ambiente de renovação mova o Amazonas para um novo caminho.
