Serafim repudia ataques à Igreja Católica por parte do ministro de Bolsonaro

O deputado Serafim Corrêa (PSB) repudiou nesta quarta-feira, 13, a articulação para espionagem da Igreja Católica, na Amazônia, por parte do governo de Jair Bolsonaro (PSL) – conforme veiculado na edição do domingo,10, no jornal Estadão. O parlamentar prestou solidariedade ao Papa Francisco e a Don Sérgio Castriani pelo ocorrido.

“A nação brasileira ficou assustada com a matéria que o Jornal Estadão divulgou falando da preocupação do governo federal com a realização de um encontro no Vaticano, onde se discutirá a Amazônia e que a Igreja Católica, na Amazônia, já estava discutindo e que o governo federal infiltraria gente para saber, exatamente, o que a igreja estava discutindo”, disse Serafim.

O deputado lamentou o ocorrido e disse que a Amazônia é discutida pela Igreja Católica há séculos e não pode ser censurada.

“Ora, a igreja discute a Amazônia e isso tem séculos. Ela cometeu equívocos na Amazônia, sem dúvida, mas deu uma contribuição enorme. Agora, de repente, querer colocar Don Sérgio Castriani como perigoso comunista que ameaça a estabilidade da nação brasileira é algo que vai além de todos os limites do razoável, do racional. E dizer que o Brasil, tendo tantos problemas, o governo federal deveria estar preocupado com outros problemas e não com uma possível conspiração da Igreja Católica, que ela não conspira contra ninguém”, disse.

Descaso com a BR- 319

Para o deputado, o governo federal não mostrou nenhuma preocupação com a Amazônia, no caso da BR-319, ao contrário das estradas que viabilizam o agronegócio, como a BR-163.

“O que está muito claro é que este governo só tem uma preocupação com a Amazônia: licenciar hidrelétricas, licenciar mineradoras e fazer estradas que viabilizem o agronegócio e aqui, a razão pela qual está sendo dada preferência à BR-163 e não à BR-319 é que a BR-319 não viabiliza agronegócio. A 163 viabiliza e dá uma economia de mais de trinta dólares a cada tonelada de soja exportada. Eu tenho pena daqueles que defenderam o presidente Bolsonaro, porque, a partir de agora, eles terão muito que se explicar à opinião pública diante das preferências pelo vizinho Estado do Pará em detrimento do nosso estado e de outros estados da região Amazônica”.

Outro fato mencionado por Serafim foi o ataque à memória do ambientalista Chico Mendes pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

“Mas ainda dentro dessas inconsequências e irracionalidades dentro do governo Bolsonaro quero repudiar aqui o ministro do meio ambiente, Ricardo Salles. Ele se referiu à memória de Chico Mendes, dizendo que ele usava a luta ambiental para se beneficiar. Chico Mendes deu a sua vida em defesa da Amazônia, defendendo os povos da floresta, os seringueiros, evitando a devastação do Acre e ele pagou com a própria vida e agora, o Ministro do Meio Ambiente vem atacar a memória de quem não pode mais se defender? Quero repudiar essa declaração infeliz e ele, que até pouco tempo atrás, dizia que deveríamos facilitar o licenciamento ambiental, ficou caladinho com o desastre de Brumadinho, que ceifou vidas de quase 400 pessoas. Minha solidariedade ao Papa Francisco, a Don Sérgio Castriani, que representa a igreja da Amazônia e ao meu repúdio ao ministro”, concluiu.

Texto: Luana Dávila

Foto: Marcelo Araújo