Rei Midas

Por Marcelo Ramos:

A despeito de ser um personagem da Mitologia grega, o Rei Midas realmente existiu. Rei da cidade de Frígia, seu túmulo foi encontrado em 1969, após escavações na Turquia no local onde ficava a capital de Frígia, por pesquisadores do Museu de Arqueologia e Antropologia da Universidade da Pensilvania.
Na atualidade, todos conhecem o Rei Midas pelo mito de que transformava em ouro tudo aquilo que tocava.
Relata a mitologia grega que certa vez Baco (deus do vinho) não encontrava seu mestre e pai de criação, Sileno. Sileno, já velho, andava bebendo e, caminhando a esmo, acabou se perdendo.
Sendo encontrado por camponeses, foi levado do seu rei, Midas que, reconhecendo-o tratou com cordialidade e muita alegria, mantendo-o na corte por 10 dias.
No décimo primeiro dia, levou Sileno, saudável e feliz, de volta para o seu pupilo Baco. Grato, Baco ofereceu a Midas que escolhesse qualquer recompensa que desejasse, qualquer uma.
Midas, então, pediu que rebesse como recompensa o poder de transformar em ouro tudo que tocasse.
Consternado, Baco atendeu ao pedido de Midas.
Após tocar em uma ramo de carvalho e uma pedra e vê-los transformado em ouro, Midas voltou ao palácio cheio de alegria. Então começou o terror ao perceber que a comida que levava a boca, transformada em ouro, não conseguia mastigá-la, o vinho que bebia descia como ouro derretido e até sua filha ao ser tocada por ele, em ouro se transformou.
Desesperado, Midas implorou a Baco que o libertasse daquele poder. Baco, deus bondoso, disse a Midas: ,´´mergulhas o que tocastes num rio,e os objetos em que tocaste voltarão a ser o que eram“. Assim cumpriu Midas. Com a água do Rio Pactolo colocada em um jarro de barro foi banhando todos os objetos e a sua prórpia filha devolvendo-os a natureza primitiva.
Resgato a mitologia para fazer um breve balanço da administração que se encerra do prefeito Amazonino Mendes.
Amazonino julgou-se Midas, mas quase tudo que tocou transformou em lama administrativa, política, moral e ética. Até quando tentou acertar errou. Pegou iniciativas necessárias para a reoganização da cidade e transformou-as em negociatas e maracutais, inviabilizando-as.
Falou em acabar com buracos, limpar a cidade e resolver os problemas de água e transporte coletivo em 100 dias. Acaba sua gestão tapando os buracos da cidade com cascalho e barro, deixando a cidade com lixo por toda a parte. Na água fez uma negociata que ainda não apresenta nenhum resultado, salvo para os agentes públicos e privados do negócio. No transporte coletivo, não avançou no BRT e nunca conseguiu ao menos definir uma política para o setor.
No camelodromo, obra tão necessária para a cidade, ignorou regras urbanisticas e transformou uma ação fundamental para o reordenamento do Centro Histórico de Manaus num negócio espúrio e fora da lei. Deu no que deu. Obra embargada por decisão da Justiça Federal e o Centro cada vez mais bagunçado.
Na Ponta Negra criou uma expectativa na população prometendo revitalizar o principal espaço público de lazer da cidade, mas entregou a obra para um empresa desqualificada. Vai terminar seu mandato sem concluir a revitalização e ainda respondendo pela morte de quase duas dezenas de banhistas, por conta de falhas no projeto.
Poderia falar de vários outros fracassos e negociatas com sérios prejuízos para o erário, mas a constatação de cada cidadão e de cada cidadã manauara dos retrocessos que a cidade viveu nos últimos quatro anos é muito mais forte que meus argumentos.
Talvez Amazonino pense que transformou muitas coisas em ouro pra si, mas como Midas vai perceber já no final da vida que esse desespero por ouro e riqueza é desgraça e não benção.
Termino esse artigo com uma lição de Mário Quintana que bem se aplica ao prefeito Amazonino.
No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas
que o vento não conseguiu levar…