Punindo a vítima

geyseA UNIBAN, Universidade particular de São Bernardo do Campo, decidiu expulsar a aluna Geyse Arruda, 20 anos, sob a acusação de que foi ela a causadora do tumulto ocorrido naquela instituição ao comparecer às aulas vestindo um minivestido vermelho que “provocou” os colegas, segundo o assessor jurídico da instituição.

É a completa inversão dos valores. A Universidade preferiu punir a vítima e procurar dar por encerrado o episódio.

Leia sobre o tema o que diz o Blog do Josias:

“Geyse Arruda, 20, foi excluída do quadro de alunos da Uniban, universidade privada de São Bernardo do Campo (SP). Sindicância da instituição responsabilizou a aluna pelo tumulto ocorrido no campus, na noite de 22 de outubro. Geyse ganhara fama nacional graças ao registro da confusão em vídeo. Pendurada na web, a peça tornara-se um hit. Corpo recoberto por um minivestido vermelho, pernas à mostra, a aluna tivera de deixar a universidade, sob xingamentos, escoltada por policiais. A explusão foi decidida em reunião realizada na madrugada deste sábado (7) e publicada em anúncio veiculado pela universidade em jornais de São Paulo. Concluiu-se que Geyse “procovou” os colegas. Alegou-se que era usual que ela comparecesse às aulas com roupas curtas e decotes generosos. Ouça-se o assistente jurídico da Uniban, Décio Leonci Machado: A aluna “sempre gostou de provocar os meninos”.

Como assim? “O problema não era a roupa, mas a forma de se portar, de falar, de cruzar a perna, de caminhar”. No dia da algaravia, disse o advogado da universidade, Geyse teria subido deliberadamente seu microvestido com as mãos. Segundo o assessor jurídico, o gesto possibilitou “a quem vinha atrás” enxergar as “partes íntimas” da moça. De resto, disse Décio Machado, Geyse teria entrado numa sala que não era a dela, interrompendo a aula pelo meio. Tudo porque um rapaz desejava conhecê-la.

Ao tomar conhecimento da decisão, Geyse reagiu com espanto: “Como me expulsaram? Que absurdo! Eu fui a vítima, quase fui estuprada, como puderam fazer isso?” Ela rebateu as acusações: “Eu estava segurando uma bolsa enorme na mão e um fichário na outra, como conseguiria levantar o vestido? Entrei na outra sala porque fui chamada”.

Afora a expulsão de Geyse, nenhuma outra providência foi adotada. Os colegas que a hostilizaram saíram incólumes da sindicância. A universidade só teve olhos para o par de pernas. No mais, fez ouvidos moucos para os uivos e impropérios da legião de bocas desabridas. Aluna com vestido curto não pode. Estudantes com comportamento de talibãs são admitidos. A decisão ainda vai dar muito pano para a barra.”

Vamos torcer para a UNIBAN não adotar como farda obrigatória de suas alunas a burca, senão elas terão que ir às aulas assim:

2 thoughts on “Punindo a vítima

  1. Concluí a faculdade a pouco tempo, e lá tinha uma moça que usava roupas muito curtas e ousadas todo mundo comentava, inclusive os professores, mas ninguém queria comprar a briga.Todos tinham um discurso para falar a moça, mas ningém tinha coragem. Estão confundindo liberdade com libertinagem. Toda liberdade tem uma consequência se essa liberdade for tendenciosa, estamos pagando por muutas coisas que acontece neste país drogas, criminalidade, pedofilia, tudo isso são consequências de liberdades que os homens aharam conveniente para o mundo moderno.
    Se não soubermos diferenciar decência de indecência nossos filhos pagarão por tal consequência.

  2. Prezado Raimundo,

    Foi com tristeza que concluí a leitura de seu “post”.
    Sim tristeza por saber que existem pessoas como você, se arvorando em propagar aos quatro ventos que concluíram uma “faculdade”, que nem mesmo disse qual é, em uma Instituição de Ensino, com certeza sem expressão alguma, pois se houvesse a teria citado também, como se isso o credenciasse a emitir um opínião retrógrada e preconceituosa como essa.
    Nosso filhos usufruirão sim, de conquistas democráticas conseguidas ao longo do tempo, em lutas árduas contra esse tipo de posicionamento “Xiita”, que procura cercear o direito até mesmo das pessoas de se trajarem como bem entenderem.
    Se houve excesso ou não, por parte da aluna com pernas de fora, mais excesso houve por parte do exército Talibã que a execrou em público, taxando-a de PUTA para baixo. É essa atitude que você quer que seu filhos tenham em pleno século 21. Se for, me desculpe a sinceridade, de nada valeu a graduação da qual você se orgulha tanto.

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