PT quer decidir tudo: Até o candidato dos outros

Desde, 1994, portanto, quatro eleições presidências que dois partidos pólos disputam o poder: PT e PSDB. Nessas quatro eleições sempre o nome do Lula esteve na urna. Agora, nas eleições de 2010, o seu nome não estará mais.

O PT tratou, então, de traçar uma estratégia na qual embora Lula não estivesse na urna a eleição girasse em torno dele. Escolheu como candidata a Ministra Dilma, que nunca disputou uma eleição, sem conversar com nenhum de seus aliados e decidiu que ela, e somente ela, seria candidata dentre os partidos que apóiam o Governo Lula. Do outro lado, da oposição, escalou que o candidato tem que ser o Governador José Serra. E mais: como em São Paulo é quase impossível Geraldo Alkmin perder, já que tem 60% dos votos e o melhor do PT, que é a Marta, tem 7%, o PT decidiu também escalar quem ele quer para perder: Ciro Gomes. E aí mataria dois coelhos com uma só cajadada porque eliminava o mais forte candidato a Presidente, depois do Serra, e o expunha a uma derrota anunciada. A campanha teria uma única lógica: comparar o Governo Lula com o Governo FHC, numa eleição em que nenhum dos dois é candidato. E antecipar o segundo turno para o primeiro.

O mal do esperto é achar que os outros são lesos. Como diria o Garrincha para o Feola na Copa de 58 “Já combinaram com os russos?”. Foi isso que faltou: combinar com os outros. Combinar com a Marina, com o Serra, com o Ciro e com tantos outros.

Um simples movimento dessa brasileira que é orgulho de todos nós, a Marina, fez desmoronar todo o projeto urdido nas caladas da noite por “gênios”. Ela saiu do PT, foi para o PV, colocou a questão do meio ambiente na agenda dos candidatos e quebrou o maniqueísmo que o PT queria impor. Ponto final. Fim de papo. Mesmo que não tenha outro candidato, a Marina já leva a eleição para o segundo turno.

O PSB, aliado em cinco eleições presidenciais do PT, decidiu colocar o nome do deputado Ciro Gomes para o exame da sociedade. E o Ciro, sem qualquer aparato oficial, sem palanque do PAC, começou a andar pelo Brasil e a conversar com formadores de opinião. Essa caminhada teve início aqui em Manaus.

Resultado: todas as pesquisas mostram o Ciro bem a frente da Dilma. Ainda hoje O GLOBO traz pesquisa em Brasília: Ciro é o primeiro com 25%. Dilma é a quarta com 12%.

Nesse quadro, por uma questão de lealdade, o PSB foi ao Presidente Lula e disse-lhe o seu projeto. O Presidente respondeu que tendo sido candidato cinco vezes a Presidente não tem o direito de pedir a ninguém que não seja candidato. Fez um pedido, no entanto: que Ciro transferisse o seu domicílio para São Paulo com o objetivo claro de tentar nesse período convencê-lo e ao PSB de desistir da candidatura à presidente e optar pela candidatura, para perder, ao Governo de São Paulo.

Para que não dissessem amanhã que o PSB não atendeu, ao menos, esse pedido do Presidente, o domicilio de Ciro foi transferido. Isso, porém, não altera em nada o rumo. Ele será candidato a Presidente, até porque não tem sentido que ele que lidera vá abrir mão em favor da quarta colocada.

A partir desse movimento, o PT, no dicionário de quem a palavra “lealdade” é pista de mão única pra ele, iniciou um movimento para sufocar a candidatura Ciro e tentar enfiar goela abaixo a candidatura Dilma.

Primeiro, ameaçaram lançar candidaturas em Pernambuco e Ceará para confrontar com os Governadores Eduardo Campos e Cid Gomes. A resposta do PSB foi simples: fiquem à vontade. E eles viram que por aí não iam conseguir nada.

Agora, tentam evitar que outros partidos façam aliança com o PSB. Primeiro alvo foi o PDT. Escolados, os trabalhistas dizem que têm simpatia pela Ministra, mas aliança só mais à frente. E deixam claro: se eles fizerem a aliança agora, que valor terão depois?

É bom ficar bem claro para o PT que ele só manda nele próprio e essa sua autoridade não se estende aos outros partidos aliados. Cada um tem as suas instâncias de decisão que no momento próprio decidirão.

Quanto às ameaças e tentativas de sufocar candidaturas, isso sempre costuma dar errado. Não será agora que vai dar certo. Se quiserem ver de novo, que continuem nesse caminho.