O caso do “mensalinho baré”

Por Marcelo Ramos

Ontem o debate sobre as renomeações do que ficou conhecido como “mensalinho baré” descambou para uma tentativa de desqualificação das denúncias, diminuindo o debate do mérito.

Ora, se alguns desses nomeados não trabalham, o debate sai do âmbito político-administrativo, e passa para o âmbito da ilegalidade, devendo os servidores, seus superiores que atestam suas frequências e quem os nomeou ser responsabilizados administrativa e penalmente.

Ainda que trabalhem, o questionamento no aspecto político-administrativo permanece? É sobre isso que quero refletir nesse artigo.

Inicio a reflexão com os argumentos do Secretário do Governo, George Tasso, que justificou as contratações afirmando que esses são os quadros políticos mais qualificados do interior, e do deputado, Adjuto Afonso, que afirmou serem eles os olhos do governo para fiscalizar suas ações nos municípios.

Sendo esses nomeados os responsáveis por supervisionar e fiscalizar as ações do governo nos municípios, tudo que o governador não precisa para o exercício dessas funções são pessoas com o perfil de, pelo menos parte dos nomeados: uns ex-gestores marcados pela incompetência, outros marcados pela improbidade e alguns marcados pelos dois desvios.

Para o exercício das funções de supervisionar e fiscalizar, o governo precisa de gestores qualificados, de profissionais especializados na gestão pública, economistas, engenheiros agrônomos, administradores públicos, engenheiros, arquitetos e não de políticos e apaniguados sem qualquer preparo.

O exemplo de que este é o caminho correto pode ser encontrado dentro do próprio governo, onde a SEPLAN prima pela qualificação dos seus quadros, realizando processos seletivos rígidos, mesmo para cargos de livre nomeação.

Talvez essa atitude atécnica na supervisão e fiscalização das ações do governo no interior do Estado explique os resultados pífios alcançados.