No Roda Viva, Marina Silva nega candidatura à Presidência em 2014

Do UOL, em São Paulo:

A ex-senadora Marina Silva, recém-filiada ao PSB, negou em entrevista ao programa “Roda Viva”, da “TV Cultura”, exibido na noite desta segunda-feira (21), a hipótese de ser candidata à Presidência da República nas eleições de 2014.

Segundo Marina, a aliança entre PSB e Rede, simbolizada na sua filiação à sigla socialista, tem como perspectiva a candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

“Ele [Eduardo Campos] tinha uma construção anterior de que a campanha dele seria em 2014. E todos que me perguntavam, eu dizia que não estava na condição de candidata. Se a Rede fosse registrada, a candidatura [à Presidência] era uma possibilidade. Não tendo o registro da Rede, não há que se discutir candidatura. O diálogo que estamos fazendo é com a candidatura de Eduardo, que em [20]14 vai tomar a decisão”, disse Marina.

Um pouco antes, Marina afirmou que não tem como objetivo de vida presidir o país.

“Não tenho como objetivo ser Presidente da República. O objetivo da minha vida não é ser Presidente da República”, afirmou Marina. Em seguida, a ex-senadora disse que seu objetivo na política é trazer ideias para melhorar o país. “Se tiver um presidente com essas ideias, não preciso ter candidatura.”

Marina afirmou também que não houve discussão dentro do PSB sobre ela ser vice de Eduardo Campos em 2014.

No começo deste mês, a senadora se filiou ao PSB após não conseguir viabilizar seu partido –o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) rejeitou o registro da Rede por falta de assinaturas.

Agronegócio

A ex-senadora, expoente do ativismo ambiental, moderou o tom ao falar sobre o agronegócio. Questionada sobre se adotou um discurso mais flexível com relação ao setor, Marina afirmou que há setores mais atrasados e outros mais avançados no agronegócio.

“Existem agronegócios, no plural. Evidentemente que uma crítica ao setor mais atrasado do ruralismo brasileiro, não pode ser feita agronegócio, que é fundamental ao desenvolvimento do país”, disse Marina, que citou como exemplo do que chama de agronegócio avançado o ex-ministro da Agricultura do governo de Luiz Inácio Lula da Silva Roberto Rodrigues.

Críticas a Dilma

A ex-ministra do Meio Ambiente foi perguntada também sobre as declarações que deu em uma entrevista, na qual afirmou que o governo de Dilma Rousseff é um “retrocesso” ao país. Marina disse que, ao falar em retrocesso, se referiu à agenda ambiental, e não ao governo com um todo.

Questionada sobre se interromperia as obras da hidrelétrica de Belo Monte caso tivesse poder para tal, Marina respondeu que sim, caso a obra não tivesse respeitado as condicionantes necessárias.

Leilão do pré-sal

Marina também comentou o leilão do campo de Libra, realizado hoje. “Eu diria que um leilão onde só comparece uma proposta a gente fica na dúvida se foi um leilão”. Ela questionou a participação de estatais chinesas (CNPC e CNOOPC) no consórcio vencedor, formado também pela Petrobras, Shell e Total.

“Vi com preocupação a China fazer parte do leilão, porque nesse caso não é uma empresa, é o Estado”, afirmou. Para Marina, a participação de empresas privadas na exploração do pré-sal é bem-vinda.

Casamento gay e criacionismo

Indagada sobre se é a favor ou contrária ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, Marina afirmou que defende a extensão de todos os direitos civis a homossexuais. “Quanto ao casamento, como sacramento, não, como direito civil, sim”, afirmou.

Marina negou ser adepta do criacionismo, crença religiosa que é interpretada como uma rejeição à teoria do evolucionismo de Charles Darwin. “Eu não sou criacionista. Isso foi um criacionismo que criaram para mim”, brincou. “Acredito que Deus criou todas as coisas, inclusive as contribuições trazidas por Darwin.”

Fracasso da Rede

Marina negou que houve falha de planejamento da Rede na coleta de assinaturas e culpou os cartórios eleitorais pela não obtenção do número necessário de rubricas. “Nós conseguimos 910 mil assinaturas. Para chegar a 492 mil [número mínimo exigido], fizemos um processo rigoroso (…) de coleta de assinaturas, de triagem e descartamos 220 mil assinaturas. Mandamos 608 mil assinaturas dentro do prazo, mas infelizmente eles [os cartórios] perderam os prazos”

Existem atualmente 32 partidos políticos no Brasil e mais um aguardando registro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). São tantos que as siglas acabam virando uma “sopa de letrinhas” na cabeça do eleitor. Por isso, o UOL reuniu cada uma delas, seus principais representantes e quanto receberam, no ano passado, dos R$ 286,2 milhões destinados ao Fundo Partidário Arte/UOL

Para Marina, o alto índice de rejeição nos cartórios de assinaturas obtidas pela Rede se explica pelo fato de que muitos apoiadores do partido são jovens, idosos e eleitores que se abstiveram nas últimas eleições. Nestes casos, não há o assinatura nos livros dos cartórios eleitorais. “Se criou um procedimento que prejudicou a Rede e 95 mil assinaturas foram descartadas sem haver uma justificação.”

A ex-senadora afirmou que a Rede está para os protestos de junho como o PT esteve para as mobilizações da década de 80. De acordo com Marina, as manifestações formaram um “novo sujeito político”, cujo ativismo “não é dirigido por ONG, líder carismático, partido ou sindicato”. “A Rede está para esse período com o PT esteve na década de 80.”