Não deixe o Mindu morrer, …

Alcione cantou:

Não deixe o samba morrer
Não deixe o samba acabar
O morro foi feito de samba
De Samba, prá gente sambar…

Parodiando a Marron, eu digo:

Não deixe o Mindu morrer
Não deixe o Mindu acabar
Manaus foi feita de Mindu
De Mindu, prá gente morar…

O Igarapé do Mindu, desde a sua nascente, lá ao lado da Reserva Ducke, até desaguar no Rio Negro corta Manaus por mais ou menos vinte quilômetros. É o Igarapé da cidade. Foi nele que a minha geração começou a nadar nas piscinas naturais, como no balneário do Parque Dez de Novembro.

Nos últimos cinquenta anos o Mindu tem sido miseravelmente agredido. Por ricos e por pobres. Corta o coração ver o lixo jogado por milhares de residências da zona leste contaminando suas águas, como é um absurdo o avanço sobre suas margens por especuladores imobiliários que querem ampliar seus espaços.

Ontem mais uma agressão foi denunciada pela imprensa, inclusive blogs como o do Marcos Santos. O alvo é  trecho antes da Djalma Batista. A SEMMAS agiu e embargou a obra. O Mindu que outrora tinha muitas lagoas de dissipação hoje está comprimido em vários pontos e quando vêm chuvas fortes acontece o inevitável: ele alaga e transborda, pois a natureza não sabe se defender. Sabe se vingar. Onde está sendo feito esse aterro da foto há uns trinta anos atrás era uma dessas lagoas onde proliferavam garças.

Daqui deste espaço, de pouco alcance, sei disso, registro a minha indignação e faço meu apelo pelo resgate do Mindu. Que tal levantarmos todas, sem exceção, as agressões que ele sofreu ao longo do tempo e tentar eliminá-las ou mitigá-las?

Essa é uma boa missão a ser liderada pelo Ministério Público, mas não apenas para ele, de vez que é responsabilidade é de todos nós de legarmos para nossos filhos e netos uma cidade melhor do que recebemos e não pior.

Não deixe o Mindu morrer…