Na hora certa, nós decidiremos

serafimcorrea_artigosSetores do PT e de outros partidos que compõem a base de apoio do Governo Lula têm procurado disseminar a versão de que na hora certa o Presidente Lula vai “enquadrar” o PSB a fim de que a candidatura Ciro Gomes seja retirada e o partido passe a apoiar a candidata Dilma Roussef.

Antes que essa versão se propague, vamos colocar as coisas nos devidos lugares. O PSB apoiou Lula em 89,94,98,02 no segundo turno e 06. Participa da base de sustentação do Governo no Congresso e não faz isso em troca de favores. Por exemplo, no Amazonas, não ocupa nenhum cargo, coisa que nunca reivindicou, mas o nosso deputado Marcelo Serafim vota sempre, mesmo nos temas polêmicos, com o Governo.

No ano passado, de posse de uma pesquisa que projeta a vitória de José Serra, no caso do Governo ter apenas a candidatura Dilma,antecipando o segundo turno para o primeiro, a direção nacional do PSB procurou a direção nacional do PT e o próprio Presidente Lula e de forma clara, sincera e objetiva mostrou os dados propondo que o Governo, o Presidente e o PT mudassem a estratégia lançando duas candidaturas para acumular forças e levar a eleição para o segundo turno. Aí todos se reuniriam em torno da candidatura que tivesse passado para o segundo turno.

Naquela altura, o que ficou combinado foi que cada um colocaria o pé na estrada, para em março, em nova reunião definir o melhor caminho.

Em seguida, o que fizeram setores expressivos do PT e a sua própria direção?
Procuraram de todas as maneiras asfixiar a candidatura Ciro, inclusive com chantagens regionais, do tipo, ameaças de não coligar em eleições estaduais ou até mesmo lançar candidaturas próprias reconhecidamente inviáveis só para prejudicar as candidaturas do PSB. Essas ameaças ocorrem notadamente em Pernambuco e Ceará, onde os atuais governadores, Eduardo Campos e Cid Gomes, respectivamente, são candidatos à reeleição.

Isso não altera a posição do PSB. Em março, voltaremos a conversar, mas que fique bem claro que no final quem decide o nosso destino somos nós.

Aliás a história recente tem exemplos disso tudo.

Em 2004, por exemplo, o PSB decidiu que eu seria candidato a Prefeito de Manaus. No Palácio do Planalto houve uma reunião entre figuras de proa do Governo, direções nacionais do PT e do PC do B que decidiu que o PT apoiaria incondicionalmente as candidaturas do PC do B em Fortaleza (Inácio Arruda) e Manaus (Vanessa Grazziotin) em troca do apoio do PC do B aos candidatos do PT nas demais capitais. Além do apoio, o Governo “enquadraria” os demais partidos da base para que apoiassem Inácio e Vanessa. Eu estava em Brasília e soube da reunião. Fui ao Dr. Arraes e lhe relatei os fatos. Ele deu uma baforada no charuto e disse:

“Meu filho, eles mandam lá. Quem manda aqui somos nós. Comigo ninguém falou, nem tem coragem de falar. Volte para Manaus e corra atrás dos votos que é disso que você precisa.”

Voltei e semanas depois fui convidado para um café da manhã com a direção do PC do B que me comunicou a decisão do Planalto bem como informou que um emissário estava vindo para me dar a notícia oficialmente. Efetivamente ele veio, conversou comigo, mas não tocou no assunto. Eu fui candidato, passei para o segundo turno e venci as eleições.

Em 2006, Eduardo Campos, nosso presidente, era candidato ao Governo de Pernambuco. Os outros dois eram Mendonça Neto, do DEM, então Governador, e Humberto Costa, do PT. Naquela oportunidade, o PT queria que Eduardo Campos, a quem as pesquisas apontavam como terceiro colocado, desistisse em favor de Humberto. Era a mesma proposta de agora do plebiscito. No final do primeiro turno, quem foi para o segundo foram Eduardo e Mendonça. E no segundo turno Eduardo foi eleito com mais de hum milhão de votos na frente.

Relembrando esses dois exemplos fica claro qual é o medo do PT em relação à candidatura Ciro. É simples: o medo é de que Ciro, e não Dilma, passe para o segundo turno. E aí, qualquer que seja o resultado o PT se considera derrotado. Se Ciro ganha, o PT passa a coadjuvante e deixa de ser ator principal. Se Serra ganha, o outro polo passa a ser o PSB e não mais o PT.

Essa história de enfiar goela abaixo não funciona em política. Cada partido manda no seu pedaço e o defende até pela sua sobrevivência porque afinal de contas time que não disputa campeonato não faz torcida. E quem não tem torcida, desaparece.

O projeto do PSB é ser uma alternativa no quadro partidário brasileiro. Para isso, vai pagar os preços que sejam necessários pagar. Não vai delegar o seu destino a ninguém, nem mesmo ao Presidente Lula, que merece o nosso apoio e respeito, mas nunca a submissão.

Na hora de decidir o que fazer, nós vamos decidir. Pode até ser que cheguemos a outra conclusão que não a candidatura Ciro, como, por exemplo, não coligar nas eleições presidenciais, mas se isso acontecer será uma decisão nossa e de mais ninguém.

9 thoughts on “Na hora certa, nós decidiremos

  1. Sarafa,
    o PT tem que entender que política se faz com alianças e concessões, o grande problema , é que eles nunca cedem em coisa alguma, só querem o venha a nós, o vosso reino nada.
    Este ano será um grande ano para todos nós do PSB, independente dos outros vamos travar uma luta intensa para apresentar ao Brasil, nossas idéias e a forma de governar do PSB.
    Estamos na luta, aqui e em todo o país!

  2. Lula está se esforçando por uma candidata que não vai muito longe, talvez seja até ultrapasada por Marina e até mesmo por Heloísa que está fora da mídia.Comparo-a com Omar um rapaz que está há mais de 25 anos na política, mais não convence, não tem voto, diferente de outros políticos que tem voto cativo: Arthur,Braga,Serafim,Praciano,até mesmo amazonino.
    A ditadura-democrática de Lula está chegando ao fim, felizmente, como diz Arthur Neto o quarto mandato de FHC está terminando com Brio.

    Daniel Costa.

  3. Saudações amazonicas. Preciso do contato de email com Marcelo Serafim.
    Abraços,

    Ton Vinhote

  4. Vale a pena relembrar o que aconteceu com as forças democraticas em Manaus, nas ultimas eleições para prefeito, e no Chile, no último fim de semana… Certamente o momento é de união e diálogo destas forças, para proporcionar a derrota final do entreguismo de FHC e sua corja (tão bem representados pelos DEMOS e pelos Tucanos). Ou seja, o importante é derrotar o Serra e não servir de linha auxiliar para a vitória deste inimigo declarado do Amazonas.

  5. discordo de vc Carlos,não faço parte de qualquer partido político,mais Lula se mostrou mas jacobino no Plano real que o próprio FHC e o entreguismo de Lula, ao pagar adiantado a dívida com o FMI, com o real a quase R$3,00.
    Dilma não ganha a eleição(fraca) então melhor o AMAZONAS se alinhar com Serra ,pelo menos “terá aliado em vez de um adversário”

    Daniel Costa.

  6. É ladrão que rouba ladrão….. A cidade de Manaus sempre foi palanque!!
    Foi, está sendo, e ainda será????
    Os prefeitos fazem o que bem querem e cadê a justiça, cega e muda?
    Basta um carguinho CC pra cala-te boca…
    bando de farinha do mesmo saco!!!!!!!!!

  7. é hora de pensar e repensar o que melhor pra Manaus e o amazonas, entre 2010 e 2014, prazos e medidas, politica é feito com seriedade e alianças entre partidos, e porque não entre homens idoneos que amam essa terra que muitas vezes é explorada e questionada pelo sul. Na hora certa e com ponderação o senhor sabera tomar a melhor decisão, que Deus lhe ajude na hora H.

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