Haiti

Rostos desesperados, corpos empoeirados, olhares perdidos, andares a esmo, gritos, dor e medo no cenário desolador de um Haiti destruído por um terremoto que dizem pode ter matado 200 mil pessoas. Um povo já tão maltratado pela corrupção de governantes, pelo banditismo, pela guerra civil, pela miséria e pela fome, agora é vítima das forças da natureza, que teimamos em desrespeitar, como se a testar sua capacidade de resistência e o seu próprio desejo de viver.


Trecho de “Haiti. Quanto de amor há em nós? ”, do vereador Marcelo Ramos (PSB), publicado originalmente no jornal Dez Minutos. Clique aqui para ler a íntegra do artigo.

2 thoughts on “Haiti

  1. Caro Sarafa!

    Não tem nada a ver com o assunto, mas não haverá nenhum comentário, nenuma nota sobre a licitação fraudulenta que beneficiaria a CONSLADEL??? Principalmente o fato de esta empresa, que já responde a processos por irregularidades na justiça de SP, ter dado dinheiro para a campanha eleitoral do atual prefeito?????

    Pode apagar, se assim o desejar!

  2. Caro Marcelo,
    O seu artigo, belo e pungente, toca às almas que ainda mantém a sensibilidade como um dom humano que deve conduzir necessariamente á solidariedade entre os homens. No entanto, permita-me tecer alguns breves comentários para ilustrar a miséria sofrida pelo bravo povo haitiano.
    Primeiro país latino-americano a declarar a sua independência e a abolir a escravatura, sob a liderança, primeiro, de Toussaint l’Louverture (o Napoleão Negro) e depois sob o ex-escravo Jean-jacques Dessalines, o Haiti sempre sofreu represálias e ataques da ex-metrópole, a França, seguida pelos Estados Unidos, que se recusaram a reconhecer a independência do país proclamada em 1804 por mais de 60 anos. Esses dois países impuseram um embargo econômico ao Haiti que perdurou até 1863. A França usou seu poder militar para forçar o país a pagar uma indenização de 150 milhões de francos pelos escravos libertos. Só para efeito de comparação, a França vendeu aos EUA o território da Louisinia por 80 milhões de francos.
    Para poder pagar essa indenização o Haiti teve que tomar dinheiro emprestado de bancos franceses e americanos (em valores atuais o pagamento desses empréstimos seria de mais de 20 bilhões de dólares), começando aí a sua eterna dívida externa e a sua dependência.
    Vale lembrar, ainda, que os EUA ocuparam e governaram o Haiti de 1915 a 1934 para garantir o pagamento de dívidas ao CitiBank e garantir a venda de plantações haitianas a estrangeiros. De 1957 a 1986 o gigante americano sustentou as ditaduras de Papa Doc e do seu filho Baby Doc, ladrões e assassinos do povo haitiano. Além disso, foram os EUA que patrocinaram o golpe contra o presidente Bertrand Aristide, que culminou em banho de sangue e guerra civil.
    Por fim. Caro Marcelo, são as empresas americanas em solo haitiano que impõem um salário mínimo de US$ 3,75 ao dia, em jornadas diárias de 10 horas, sendo que a maioria dessas empresas pagam menos de 2 dólares ao dia.
    Portanto, não cabe por a culpa somente sobre um fenômeno natural. A culpa da miséria do povo haitiano é única e exclusivamente do sistema capitalista, capitaneado pela França e pelos EUA. O terremoto foi só um aditivo a mais no sofrimento do bravo povo do Haiti.

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