Eleições Argentinas: a primavera e suas muitas flores

Alberto Fernández e Cristina Kirchner venceram as eleições presidenciais argentinas neste domingo (27). Trata-se, evidentemente, de um grande feito político-eleitoral, pois se abre para o povo argentino a expectativa de melhorar sua qualidade de vida, duramente golpeada pelo liberalismo de Mauricio Macri que, finalmente, o levou às cordas e à derrota.

Com o liberalismo de Macri a Argentina tornou-se mais pobre, teve índices de desemprego maiores e crescentes, viu-se diante da iliquidez em moeda estrangeira, que o obrigou o país a novamente tomar recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI),  que prontamente ofereceu seu receituário: maior “realismo” fiscal, mais arrocho e constrangimentos às políticas sociais.

Na Argentina se disputou, portanto, mais um round entre o projeto político que almeja padrões civilizatórios mínimos, solidariedade social, prosperidade e comodidade para todos, e aquele cuja plataforma é fazer a roda da economia girar em benefícios dos ricos.

O liberalismo, diferentemente do que apregoam seus adeptos laureados pelo “mercado”, não é uma ciência, mas sobretudo uma técnica de governar, cujos propósitos principais são transferir renda e riqueza dos mais pobres, para os mais ricos.

Os mecanismos são sofisticados, implicam coisas que o povo não entende, como o financiamento da dívida pública, as práticas orçamentárias, a macroeconomia. O resultado final, no entanto, tem sempre um caráter tragicamente pedagógico: falta o mínimo aos debaixo.

Neste sentido, a eleição presidencial argentina, importante por si mesma, traz novo ânimo aos progressistas, aos que aspiram por um mundo mais justo, fraterno, igualitário. Ela confirma um despertar de escala muito mais ampla que a infinitude dos pampas: o povo se reconhece ludibriado também no Chile, no Equador, para ficarmos apenas no terreno latino-americano.

Não tardará para que as sinapses se façam também no Brasil; os efeitos práticos da reforma trabalhista, do desmonte da previdência, se farão ainda mais evidentes. O desemprego terá caráter pedagógico, no sentido de evidenciar que as políticas em curso em nosso país não interessam ao povo.

É este o cenário e ele requer seus obreiros. O Partido Socialista Brasileiro – PSB não se furtará, como é de sua tradição, a se alinhar aos interesses populares. Temos diante de nós uma tarefa imensa e internacionalista, que atende por um divisa simples:  fazer com que as políticas públicas se orientem pelos interesses da maioria, não apenas desrespeitados, mas amplamente violentados onde graça o liberalismo.

Como diz o poeta, “amanhã será outro dia” e nos separa dele apenas uma noite breve, que haveremos de superar juntos.

 

Carlos Siqueira
Presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro – PSB