A vida sempre foi boa comigo!

Por Marcelo Ramos:


A JANELA ENCANTADA

A vida sempre foi boa comigo

Quando soube que o meu coração 

estava carregado de sombras,

e que ele só se alimentava de luz

abriu uma janela no meu peito

para que por ela possam entrar

o resplendor do orvalho,

o fulgor das estrelas

e o invisível arco-irís do amor.

As perdas e as dores me fizeram mais forte e destemido para enfrentar os desafios. Perdi meu pai aos 12 anos, minha filha aos 31, perdi coisas que me eram muito caras no caminhar desses quase 40 anos. Mas, olhando pra caminhada até aqui, ganhei tanto, que seria injusto e até desleal reclamar da vida.

Como no poema de Thiago de Melo, todas as vezes que percebeu meu coração carregado de sombras, deu-me a vida luz necessária para continuar acreditando nas pessoas, no amor e na justiça. Deu-me mãe e irmãos maravilhosos, deu-me esposa e filhos que tanto amo, deu-me um trabalho que me realiza, deu-me saúde para cumprir minhas tarefas como homem público, como pai de família, como cidadão. 

Pesando bem, fora os sonhos que ainda não realizei, nada me falta e são justamente esses sonhos que me faltam a energia necessária para caminhar.
É! A vida já fez muito por mim. Corrigiu meus caminhos quando estes me levavam a atalhos de vaidades e tentações. Deu-me lições – algumas bem dolorosas – de humildade, respeito ao próximo e valorização do amor. Desviou-me da escuridão que é a descrença e a desesperança, enchendo meu coração e minha alma de otimismo e crença na humanidade. Cercou-me de amores verdadeiros e solidários. 

Hoje, sinto-me mais forte, mais capaz de enfrentar as sombras. Disposto para o trabalho, convicto dos meus ideais, tolerante para o necessário desafio de construir consensos na vida pública, mais maduro na minha relação familiar, saudável e disposto para cumprir minhas tarefas. Talvez isso tudo seja o que mais se aproxima do que o homem decidiu chamar de felicidade.

Estou chegando aos 40 anos de idade e 20 de militância política, cheio de entusiasmo, esperança, disposição, para cuidar dos meus amores, para valorizar meus amigos verdadeiros, para exercer meus deveres na vida pública.

Talvez isso explique porque quando li esse poema de Thiago de Melo, pude sentir cada palavra, como se fisicamente uma janela abrisse no meu peito e por ela entrasse o resplendor do orvalho, o fulgor das estrelas e o invisível arco-irís do amor.
A vida realmente sempre foi muito boa comigo!