A VERDADE É OUTRA

    O Ministro Mauro Campbell está sendo vítima de um processo de desinformação no caso que envolve o senador Demóstenes Torres, o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o julgamento de um processo pelo STJ relativamente a um vereador de Anápolis de nome Amilton Batista de Faria.

Vamos aos fatos.

O vereador foi condenado pela Justiça de Goiás e recorreu ao STJ. O primeiro voto foi do Ministro Relator Humberto Martins em 16.09.2010 rejeitando uma preliminar de cerceamento do direito de defesa. Nessa data, o Ministro Mauro Campbell pediu vista.

Em 07.06.2011, o processo voltou a pauta e o voto do Ministro Mauro Campbell foi no sentido de reconhecer ter ocorrido o cerceamento de defesa. O seu voto propõe anular o processo a partir da audiência e recomeçar. Não entra no mérito.

No site do STJ está registrado:

07/06/2011 – 18:25 – RESULTADO DE JULGAMENTO PARCIAL: “PROSSEGUINDO-SE NO JULGAMENTO, APÓS O VOTO-VISTA DO SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES, DANDO PROVIMENTO AO RECURSO, RECONHECENDO A ALEGAÇÃO DE CERCEAMENTO DE DEFESA, PEDIU VISTA DOS AUTOS O SR. MINISTRO CASTRO MEIRA.”

Agora entram as gravações que estão disponíveis no site 247. Em 15/06/2011 há um telefonema entre o senador e o bicheiro no qual Demóstenes diz:

 “O do Ministro lá eu já falei com ele. Retirei o pedido lá e falei para ele pregar o fumo no sujeito

Ora, esse Ministro a que o senador se refere não pode ser o Ministro Mauro que já havia votado, mas sim um Ministro que ainda iria votar.

O diálogo prossegue:

CARLINHOS: Pois é, mas precisa falar com o MINISTRO né. Agora o seguinte, você viu aí esse vereador de (INCOMPREENSÍVEL) esse CAMPBEL, ele pediu ai, parece que, você leu aí? Tem que correr atrás disso aí.

DEMOSTENES: Pediu, é pedido nisso, você que mandou eu ir lá atrás dele pra pedir uai. Eu já voltei nele lá e falei que não interesse não.

Pregar o fumo no C’:! !’::! , ‘:11

CARLINHOS: Pediu agora, pediu depois que você falou com ele, uai.

DEMOSTENES: De jeito nenhum, ele pediu vista lá atrás, nós fomos lá, a que I a é p o c a, voe ê I e vou e I e I á, eu p e d i e a i e u f u i a t r á s do MINISTRO. e pedi. O MINISTRO pediu pauta para incluir agora. Eu fui lá e pedi pra ele devolver e pregar o fumo no sujeito. Falei que não tinha mais interesse. Você entendeu.

Esse diálogo demonstra que o bicheiro não gostou do voto do Ministro Mauro Campbell, exatamente porque o interesse dele era na condenação do vereador como é fácil concluir pela sequencia da conversa, a seguir:

CARLINHOS: Pois é, mas tinha que conversar com ele de novo. Tô achando que o menino do JOBIM tá nisso aí, tem que dar uma olhada. Olha isso aí pra mim. Esse cara, filha da puta não pode ganhar não.

DEMOSTENES: Eu tive nele há menos de mês quando você me falou ual.O ALEXANDRE JOBIM entrou aqui?

CARLINHOS: É o advogado da parte lá, do cara de ANAPOLIS.

DEMOSTENES: Pode ser perigoso. Eu falo de novo com ele. Vai ser que dia?

Nesse trecho ele diz que acha que o “menino do Jobim” tá nisso, ou seja advogando para o vereador e deixa claro que ele queria a condenação do mesmo ao afirmar:

 “É o advogado da parte lá, do cara de ANAPOLIS.”

 “Esse cara, filha da puta não pode ganhar não.”

Fica evidente, então, que o interesse do bicheiro e do senador era a condenação do vereador e o voto do Ministro Mauro foi contra isso e a favor do vereador.

Esses os fatos.

No entanto, o que está sendo veiculado na imprensa nacional e local é exatamente o inverso, ou seja, de que o Ministro Mauro Campbell teria votado a favor dos interesses do senador Demóstenes e do bicheiro.

Por uma questão de justiça estou abordando este assunto. Muitas vezes já paguei o preço de mal entendidos semelhantes a esse e posso dizer dói muito. Não me sentiria bem se ficasse calado diante da verdade dos fatos.

Quem tiver dúvida sobre o assunto basta consultar o site do STJ examinar a cronologia e os votos no RESP 1201317.

http://www.stj.jus.br/webstj/Processo/Justica/detalhe.asp?numreg=201001164468&pv=000000000000

Por último, registro que em minha opinião o senador Demóstenes não teve nenhuma influencia nos votos de nenhum Ministro, mas vendeu a imagem para o bicheiro de que ele tinha conduzido o julgamento, o que não é verdade.