A QUESTÃO DOS CAMELÔS

A obra embargada pela Justiça Federal (Foto: Jair Araújo / D24AM)

Um dos problemas do centro da cidade é a ocupação irregular das calçadas por camelôs e lojistas, em prejuízo dos pedestres, que têm o direito de ir e vir.

Em 2005, quando eu era Prefeito, fizemos uma pesquisa com os camelôs e o resultado foi: 1/3 aceitava sair das ruas e ir para um local onde pudesse revender suas mercadorias; outro 1/3 aceitava um emprego com carteira assinada; e o último 1/3 queria continuar sendo camelô.

Numa conversa com empresários do centro disse-lhes que já podíamos tirar 1/3 dos camelôs do centro e eles vibraram. Quando lhes falei que a solução era com eles empregando ou arranjando emprego para 700 pessoas com carteira assinada, o assunto morreu.

Partimos, então, no sentido de encontrar locais que permitissem a construção de “shoppings populares” ou “camelódromos”.

Surgiram várias alternativas. Uma delas foi a do porto, excluída por pelo menos três razões:

1ª) – O conflito existente entre a proprietária da área, a União Federal; o Governo do Estado, a quem a área foi cedida nos anos 90 mediante condições que não foram cumpridas e a empresa arrendatária.

2ª)- Sendo patrimônio histórico e área alfandegada teríamos um longo caminho pela frente no sentido de licenciamentos os mais diversos, alguns de difícil obtenção;

3ª) – os próprios camelôs não queriam;

A segunda alternativa, a chamada Ilha de Monte Cristo, terreno de propriedade a Prefeitura, adquirido pelo outrora Prefeito Eduardo Braga e que se encontrava na posse da arrendatária do porto mediante autorização do Governador à época do arrendamento, sem que a Prefeitura tenha concordado ou recebesse qualquer aluguel. Coisa de pai para filho e com o patrimônio dos outros. Era preciso retomá-lo, e só recorremos ao Poder Judiciário após longas tentativas amigáveis com a arrendatária.

Conseguimos de volta, depois de muitas idas e vindas. Para esse local foi desenvolvido um projeto que resolvia o estacionamento da área, o espaço para os camelôs e criava uma área de serviços, exatamente para atrair pessoas (exigência dos camelôs). A implantação custaria, à época, 15 milhões de reais, dinheiro que a Prefeitura não tinha em seu Orçamento.

A terceira alternativa, que não excluía a segunda, era ir criando pequenos locais para abrigar os camelôs progressivamente. Com esse objetivo foram desapropriados dois espaços. O primeiro, o antigo depósito de piaçava do J. G. Araújo, na Sete de Setembro, em frente à antiga Câmara Municipal e ao lado do BASA e o segundo, o antigo Bar do Quintino que fica ao lado, de frente para a Praça D. Pedro II.

O primeiro ficou pronto no final da minha gestão. Espaço para abrigar 175 camelôs. Mais de 300 topavam ir para lá, pois teriam espaço seguro, condições de trabalho e financiamento à longo prazo através do FUMIPEQ de R$ 5.000,00 para capital de giro. O segundo deixei contratado.

Veio a nova administração e decidiu que não faria nada disso. Onde seria o primeiro camelódromo resolveu que seria um teatro. Até hoje, vinte meses depois, nenhuma peça de teatro foi apresentada no espaço que continua exatamente do jeito que deixei.

A verdade era que havia de parte da nova administração a decisão de localizar os camelôs no porto de Manaus, sem observar as dificuldades que relatei anteriormente. Veja a imagem da área retirada do Google Earth:

Clique nas imagens abaixo para ampliá-las

O camelódromo embargado pela Justiça, na área do porto

O resultado não podia ser diferente do que está acontecendo: as obras embargadas por decisão da Justiça Federal.

Agora, com a confusão armada, o Prefeito vem dizer que “só tem a área do porto para colocar os camelôs”. Alto lá. “É menas verdade”, como diz um conhecido político local. Existe a área da própria Prefeitura, a Ilha do Monte Cristo, com cerca de 12.000 metros, espaço suficiente para abrigar os camelôs, a partir do momento que a Prefeitura se disponha a fazer os investimentos. E registre-se, uma ÁREA MAIOR DO QUE A DO PORTO. Veja a área na foto do Google:

O camelódromo anterior, na Ilha do Monte Cristo

E aí, sinceramente, não dá para entender por que ir fazer o investimento num terreno que não é seu, metido num imbróglio maior do mundo, quando poderia fazer no que era seu, sem atrito com qualquer outro órgão. Não vale a justificativa de que o dinheiro é de uma empresa privada, especializada em camelódromos, já que a própria empresa, obviamente, preferiria fazer a obra num terreno sem problemas, que no caso é o da Ilha do Monte Cristo.

Por que, então, fazer no porto?

Essa é a pergunta que não quer calar.

12 thoughts on “A QUESTÃO DOS CAMELÔS

  1. E agora, quem poderá responder essa pergunta! Já sei. A Dona Vânia Tadros!!! hehehe

  2. Político no Brasil é sinônimo de corrupção. É visível que os políticos quando assumem o poder querem apagar vestígios de administrações passadas e não dão continuidade aos trabalhos que devem ser feito. O ego dessas pessoas fala mais alto que o compromisso com a população e o resultado é isso… Perdoe-me, mas não acredito mais em político e só voto pq sou obrigado pela nossa democracia brasileira.Um abraço.

  3. DESCULPEM,NOSSOS POLITICOS…MAIS ESSA OBRA VAI ENTRISTECER MAIS O CENTRO DE MANAUS,NAO TEM NADA A VER CAMELODROMO NESSE LOCAL, E O PORTO TAO POUCO,DEIXA AS MARGENS DO NOSSO BELO RIO NEGRO SUJA E SEM VIDA,COMO DEIXARAM NOSSO MERCADO ADOLFO LISBOA ABANDONADO E MAIS QUE DESAPARECIDO NA SUJEIRA E NA MENTIRA DE GOVERNANTES SEM VOCAÇAO E TAO POUCO AMOR PELA TERRA ONDE VIVEM……

  4. A Prefeitura jamais vai assumir que fez m****. E as empresas, quando veem a cor do dinheiro esquecem até dos detalhes mais importantes, o negócio é que agora estão tentando confundir a cabeça dos camelôs e da população com essa trapalhada que todos nós já esperávamos ver… Tem mais é que fazê-los desmontar tudo mesmo, onde já se viu um camelódromo ao lado de patrimônio histórico? Mas isso não é tudo; mais trapalhadas com o nosso dinheiro, infelizmente, virão!

  5. Senhores, não vejo justificativas nessas colocações. Respeito pois todas,porém, precisamos conhecer melhor a questão.
    Sou cidadão e não político, e sempre acompanhei esse blog, mas, não concordo dessa vez. Por isso gostaria de dar minha opinião.

    Considerando que a 94% da população votou a favor do camelódromo. Considerando a revolta dos próprios camelôs no momento que suspeitaram que seria demolido ontem, com aquele alarme falso do treinamento do exercito, reivindicando a permanência. Considerando que no local em que está sendo construído já está sendo um local que temem não terem vendas o suficientes para se manterem, mesmo, sendo um local de fácil acesso que tem toda a visibilidade do público frequentador do centro, e que eles já sabem dessa possibilidade da Ilha de Monte Cristo,e os próprios não querem ir. Li depoimentos que preferem ficar na rua a ir para lá, pois é um local escondido sem acesso as linhas de ônibus.
    Considerando também que esse local do camelódromo definitivo já existe que fica no Boothline, já então comprado pelos empreendores,local este que garante essa localização privilegiada.
    E finalizando com relação a preocupação com o patrimônio Histórico, sabemos que eles já estão prejudicados, não sendo apenas 1, mais dezenas de prédios espalhados pelo centro coberto de camelôs, e que o que seria afetado alfandega e a vista do rio, já era, com conteiner. Hoje com o camelódromo podemos ver a altura do telhado que está no mesmo nível do muro da alfandega, e que há outro muro de camelo na frente.
    Contudo, só vejo, como irá ajudar de imediato o centro de Manaus, desempatando dezenas de predios tombados, limpando as ruas, dando dignidade ao camelo em um ambiente administrado como um shopping center, ou seja, com segurança e limpeza. E por fim resolvendo nosso gargalo imediato da Copa.
    Então, Serafim, te admiro muito, sempre torci e votei no senhor, pois acredito que o senhor esteja fora dessas questões políticas, mesmo sendo um político, porém, sendo na sabedoria que a palavra tem como significado. Não acredito que também não pense assim.

  6. Até em N. York, cidade localizada no país mais rico e poderoso do mundo, há nítida repressão ao comércio ambulante. Camelôs, por lá, só aparecem nas ruas, com seus tabuleiros, das das 23:00 hs em diante. E isso (a repressão) ocorre em todo o planeta, em países ricos ou pobres, desde que se revelem minimamente civilizados. No Brasil também é assim. São Paulo, Rio, BH e as demais capitais brasileiras não permitem que as suas ruas se transformem em casa da mãe joana ou de ninguém. Mas em Manaus é diferente. Aqui, há anos, tudo pode e é permitido. Desde Arthur Neto, todos os prefeitos, incluindo o dono do blog, foram incompetentes, permissivistas e irresponsáveis no trato da questão. É uma verdadeira “zorra total”, barbárie construída nas tetas e bigodes da omissão criminosa. O que seria comércio ambulante, de repente passou a comércio com barracas FIXAS e com direito a CADASTRO na Prefeitura. É estarrecedor, mas é isso mesmo! EM Manaus o camelô tem barraca fixa, recebe VISA, MASTERCARD, faz crediário, e ainda conta com o apoio e cadastro na Prefeitura para vender produtos falsificados, pirateados, além da reconhecida prática de sonegação fiscal. É um verdadeiro achincalhe. Logo, Sr. Serafim, para quem lá esteve e nada fez, o bom mesmo é o sr. fazer de conta que o problema nem existe. É mais decente do que elaborar perguntas que o sr não foi capaz de responder.

  7. É TRISTE VER TANTA INCOMPETÊNCIA NESSES POLITICOS QUE NÕS TODOS ELEGEMOS. NÃO ESCAPA UM.

  8. Deviam mandar os camêlos pro outro lado do rio(Manacapuru,Iranduba), depois que a ponte estiver pronta. Só assim a cidade vai deixar só um pouquinho da parecer com Bombain(Índia, que é uma zorra, um caos!

  9. É sabido que o maior fluxo de passageiros no Amazonas é via fluvial.E, Manaus na condição de capital do estado é onde se concentra maior parte deste.No entanto,dado a importância desta prática,a cidade deveria ser dotado de uma estrutura adequada e digna para dar suporte aos milhares de viajantes que chegam e partem diariamente.A exemplo das grandes rodoviárias que existem nos estados ,cujo pricipal meio de transporte é o rodoviário.
    Assim sendo,a contrução de um camelôdromo naquela área,além de ser uma obra eleitoreira,é mais uma deturpação da ocupação dos espaços públicos em nossa cidade.Assim como foi o da praça da saudade,que só foi reconhecido e corrigidos muitos anos depois, graças a luta do saudoso senador Peres(muito nos faz falta).Ora que façam o camelôdromo,mas bem longe dali.Temos que pensar a cidade com uma visão geral de todos os cidadãos, e não com apenas um segmento.Tehno certeza que se fizerem um pesquisa com todos os passageiros que se utilizam daquela área portuária,quanto a contrução de uma grande estação hidroviária naquele local, o resultado será de 100%

  10. Como diz o ditado:

    Sabe por que que “parece” que o Mazoca trabalha??

    R – Por que burro trabalha dobrado!

    Se ele e a equipe dele tivessem feito o trabalho correto desde o inicio, agora não tinha problema algum. Ele não aprendeu que hoje em dia a “canetada” dele não funciona mais…

  11. Serafim Correa, bem sei como voce lutou e conseguiu encontrar a solução para este problema em nossa cidade, infelizmente, a solução foi arquivada pela atual administração da Prefeitura de Manaus e algumas pessoas ainda querem “dividir” o erro e a arrogância de certos políticos anacronicos.

  12. Sefaim Correa, o senhor lutou e coonseguiu a solução para este problema de Manaus, infelizmente, a solução foi arquivada de propósito e ainda tem gente capaz de querer justificar a atitude de alguns políticos anacronicos.

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