A QUESTÃO DO TRANSPORTE COLETIVO (III) – A informática em favor do povo

Testando o funcionamento do PASSAFÁCIL

Depois de consolidado o PASSAFÁCIL com a adesão de todos os que usavam o vale transporte e dos estudantes, fizemos a primeira avaliação e ela foi altamente positiva.

O vale transporte que antes era comercializado em tickets gerando um mercado paralelo com prejuízo para os trabalhadores passou para o cartão e isso fez com que o número de empresas que cumpriam a lei passasse de 1.000 para 6.000 empresas.

Os estudantes tiveram assegurados os seus direitos à meia passagem, sem maiores problemas.

O próximo passo foi lançar o PASSAFÁCIL CIDADÃO e com isso tentar que todos usuários tivessem cartão e com isso pudessem usufruir da integração temporal que era a etapa seguinte.

Há muitos anos Manaus tinha o sistema de integração nos terminais. São cinco nas diversas zonas da cidade. Só que esse sistema, que cumpriu o seu papel décadas atrás, podia ser substituído e até eliminado pela tecnologia da integração temporal que funciona muito melhor. Funciona da seguinte maneira: o usuário pega um ônibus pretendendo ir a um determinado lugar para onde não tem linha direta e para isso teria que usar um dos terminais. Tendo o PASSAFÁCIL ele passa o seu cartão na catraca e desce no ponto em que seja possível pegar outro ônibus que lhe leve ao seu destino, tendo duas horas para fazer essa integração. Isso era grande sucesso no Brasil afora. E aqui não seria diferente.

Pensávamos que haveria uma adesão mais intensa dos usuários ao cartão, mas isso na ocorreu, talvez até por uma questão cultural de resistência à modernidade.

Decidimos, então, mesmo assim lançar de imediato a integração temporal. Foi um sucesso absoluto. Logo nas primeiras semanas 70.000 pessoas já usavam a integração temporal e quando deixei a Prefeitura mais de 200.000 pessoas faziam isso todos os dias.

Com o meu cartão, fui testar a integração temporal: 70.000 usuários nas primeiras semanas

Mandei comprar um PASSAFÁCIL CIDADÃO para mim e fui testar o sistema.

Peguei um ônibus na parada em frente ao Hospital Tropical, na Pedro Teixeira e, por coincidência, entraram duas passageiras junto comigo. Elas iam para a Cidade Nova. Uma tinha o PASSAFÁCIL, a outra não tinha e nem queria porque tinha medo que na hora falhasse. Resolvi acompanhá-las. No cruzamento com a Constantino Nery, o ônibus virou à direita rumo ao centro. Em frente ao Hospital Eduardo Ribeiro desci junto com a que tinha PASSAFÁCIL. A que não tinha seguiu rumo ao T1. Atravessamos a rua e logo depois pegamos o primeiro ônibus rumo à Cidade Nova.

Enquanto isso, a que não tinha PASSAFÁCIL, para chegar no mesmo ponto em que pegamos o segundo ônibus, teve que seguir quatro quilômetros, descer no T1, esperar o primeiro ônibus rumo à Cidade Nova e andar mais quatro quilômetros. Ou seja, ela gastou no mínimo meia hora e ocupou espaço na ida e no retorno.

Ou seja, o PASSAFÁCIL era bom para o usuário e para o sistema como um todo, mas uma parcela da população, exatamente a mais carente, não migrou para o sistema o que impediu “abrir” os terminais, fazendo integração só no cartão. A integração ficou mista, podendo ser feita nos terminais ou no PASSAFÁCIL, sendo óbvia a vantagem do uso do cartão.