“Vamos ter de reconstruir nossa relação”, diz Rodrigo Maia sobre Onyx

Muito boa a posição do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia(DEM-RJ), que deixou muito claro o lugar de cada um.

O Executivo queria uma sala dentro do Legislativo e ele disse “NÃO”! Em verdade, o que o Executivo queria era com esse gesto simbólico sinalizar que manda no Legislativo.

Já o TCU quer desautorizar o Legislativo em relação a Lei Kandir (que arrebenta as finanças dos estados preponderantemente exportadores de minerais, como Pará e Minas). Rodrigo foi mais duro: “Se o TCU legislar, vai entrar em guerra com o Congresso. (…) A gente tira o orçamento deles. Vão ficar sem orçamento até 2020”.

O presidente Rodrigo Maia colocou as coisas nos devidos lugares. Isso é muito bom para a democracia, principalmente para os freios e contrapesos. Parabéns!

Serafim Corrêa

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirma que terá de reconstruir sua relação com o ministro chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.

Numa entrevista ao jornal “O Estado de S.Paulo” publicada neste domingo (10.fev.2019), Maia afirma que “Onyx tentou influenciar” na disputa pela presidência da Câmara, realizada no último dia 1º. O demista ganhou no 1º turno com 334 votos.

Onyx atuou nos bastidores para que a candidatura de Fábio Ramalho (MDB-MG) a presidente da Câmara pudesse ter mais votos do que Maia.

Passada a disputa, Maia exime o presidente da República, Jair Bolsonaro: “Nunca vi digital do presidente nesse processo. Só dos filhos dele [Bolsonaro] e publicamente”.

Os filhos de Jair Bolsonaro, que atuam na política fluminense, de fato fizeram carga contra Maia. Não tiveram sucesso.

A relação entre o presidente da Câmara dos Deputados e o Palácio do Planalto é vital para que seja bem-sucedida a tramitação da reforma da Previdência, a mais relevante para o governo em 2019.

Neste momento, Maia indica que seu interlocutor preferencial será o secretário-geral da Presidência, ministro Gustavo Bebianno –que foi advogado do PSL, dirigente da sigla e tornou-se amigo de Jair Bolsonaro no processo eleitoral de 2018.

“Quem escolhe o interlocutor é o governo, e é o Onyx. Não quer dizer que eu não possa dialogar com o [Gustavo] Bebianno, com quem tenho uma relação hoje de muita confiança. Eu não vou ficar trabalhando da presidência da Câmara para derrubar ninguém. Agora, [eu e Onyx] vamos ter de reconstruir nossa relação de amizade de muitos anos”.

Onyx Lorenzoni está montando uma equipe no Planalto com ex-deputados e ex-senadores que vão trabalhar como interlocutores de congressistas para construir uma maioria na Câmara.

Entre os integrantes do time de Onyx está o ex-deputado Carlos Manato (PSL-ES), que conversou com Rodrigo Maia e pediu uma sala para despachar da Câmara.

Maia rechaçou a demanda. “O Executivo fica no Executivo e o Legislativo fica no Legislativo. Já disse a ele que não vou dar. Eu vou ligar agora para o Onyx e falar: ‘Põe uma sala aí para o Parlamento que a gente quer ir comandar daí de dentro, discutindo com vocês suas decisões’. É uma coisa boba, não faz sentido isso”, disse o demista na entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo.

Pelo lado da oposição, Rodrigo Maia tem sido criticado por ter fechado com o PSL de Jair Bolsonaro nas eleições pelo comando da Câmara. Maia mantinha diálogo com os partidos da esquerda antes de formalizar a aliança. Mas, segundo o deputado, o PT já sabia: “Eu disse que eu ia trazer o PSL antes, porque não podia ser candidato de oposição. Eles falaram que não tinha problema nenhum”. “Se alguém traiu ali, foi o PT”, diz.

O presidente da Câmara foi questionado ainda a respeito da Lei Kandir, que isenta exportadores de tributos estaduais. Sobre a possibilidade do TCU determinar que o governo não precisa ressarcir os Estados, ameaçou retaliar: “Se o TCU legislar, vai entrar em guerra com o Congresso. (…) A gente tira o orçamento deles. Vão ficar sem orçamento até 2020”.

Maia também se opõe à ideia de votar o pacote anticrime de Sérgio Moro na Câmara antes da Previdência. “O próprio Moro já me disse que sabe que a Previdência é prioridade. O dele vai andar, e vamos votar a Previdência antes. O pacote anticrime do Moro não é econômico e não dá para testar com ele.”