Uma honra

Por Arthur Virgílio Neto

Lisboa – Aceitei disputar a cadeira número 3 da Academia Amazonense de Letras, concorrendo com dois intelectuais merecedores de respeito. Tomarei posse no dia 16 próximo na Casa de Adriano Jorge.

O primeiro patrono da cadeira foi o notável e conturbado Raul Pompéia de O ATENEU. O atual é Gonçalves Dias, o maior poeta romântico brasileiro.

O discurso que me receberá será proferido pelo acadêmico e prezado amigo Robério Braga e estarei no meio de figuras que representam a verdadeira expressão estética do Amazonas. Será uma grande honra ter assento ao lado de romancistas, poetas, historiadores, artistas plásticos que ajudam a fazer e contar a história da nossa gente.

Meu avô, desembargador Arthur Virgilio, ocupou a cadeira 13, que tem como patrono Estelita Tapajós, hoje nas boas mãos de Abrahim Sena Baze. Arthur era admirador extremado do grande filósofo pernambucano Tobias Barreto e sobre ele muito escreveu, discursou, palestrou. Estar na Casa que já foi dele equivale a anular a separação que sua morte nos impôs, no distante ano de 1956.

A história da cadeira 3 é muito bonita. Fundada pelo médico e talentoso escritor potiguar Aurélio Pinheiro, que criou raízes profundas no Amazonas, inclusive desposando a parintinense Isabel Menezes, foi ocupada a seguir pelo mestre Agnello Bittencourt, homem de largas realizações na literatura e na vida pública.

O sucessor de Agnello foi seu filho Ulysses Uchoa Bittencourt, autor do livro RAIZ sobre a nossa cidade de Manaus. Faleceu em 1993 e, em demonstração clara do respeito que os imortais da época tinham pela cultura e integridade de sua família, saiu eleito seu irmão, Agnello Uchoa Bittencourt, jornalista, professor, homem de letras.

O ultimo ocupante foi Anísio Thaumaturgo de Mello, nascido em Itacoatiara, que nos deixou faz pouco tempo. Tanto escrevia quanto pintava. Talento ambivalente. Sensível, humano, defensor dos seringueiros, dos ribeirinhos, dos índios, fazia da sua arte um forte espelho da realidade.

Além da companhia construtiva de quatro mulheres valorosas (Marilene Corrêa, Mazé Mourão, Rosa Mendonça de Brito e Carmen Novoa Silva), estarei ao lado de Bernardo Cabral, Moacir Andrade, Newton Sabbá Guimarães, Almir Diniz, Aldísio Filgueiras, Euler Ribeiro, Mario Ypiranga Neto, Marcus Barros, Elson Farias, Claudio Chaves, Almino Affonso, Tenório Telles, Jorge Tuffic, Lafayette Carneiro Vieira, Francisco Gomes, Luiz Bacellar, Alencar e Silva, Marcio Souza, Roberto Tadros, José Maria Pinto, Thiago de Mello, Armando Menezes, Max Carphentier, Antonio José Loureiro, Arlindo Porto, Dom Luiz Soares Vieira, Luiz Maximino de Miranda Corrêa. William Rodrigues, Mario Augusto de Moraes e Francisco Vasconcelos, afora os já citados Robério e Baze e o presidente José Braga.

É uma grande responsabilidade.