Transporte Coletivo: Lições da Greve

marceloramosO fim da greve dos rodoviários jogou para baixo do tapete a grave crise por que passa o sistema de transporte coletivo de Manaus. O ano de 2009 foi o pior da história do transporte público com um aumento de 10% no IPK (Índice de Passageiros por Kilometro), resultado da equação: número de passageiros/kilometros rodados.

O aumento do IPK foi motivado principalmente por uma queda drástica da kilometragem, fruto das quebras constantes e da diminuição do número de veículos nas linhas. Rodando menos, os ônibus demoram mais a passar e andam mais lotados.

Foi pensando nisso e visando criar uma medida preventiva que o contrato assinado em 2007 com a concessionária de transporte estabeleceu o IPK como parâmetro de avaliação de desempenho. Ou seja, o percentual de aumento do IPK deve ser reduzido da tarifa. Assim, colocou mais ônibus na rua, quebrou menos, rodou mais, as pessoas esperaram menos e andaram em ônibus mais confortáveis e menos lotados, haverá reajuste na tarifa. Rodou menos e mais lotado, não há reajuste, podendo até haver redução. É o que está no contrato que o Prefeito teima em ignorar e não fazer cumprir.

Vincular o reajuste da tarifa a metas de renovação da frota e boa prestação do serviço é o caminho a ser seguido para uma mudança no transporte coletivo de Manaus.

No mais, são necessárias intervenções estruturantes, como o alargamento de ruas, a construção de corredores exclusivos e a instalação de sinalização inteligente, tudo com o objetivo de aumentar a velocidade média da frota que hoje é de 12 km/h (equivale a velocidade de bicicleta). O resto é demagogia barata que em nada contribui para a superação do problema.

Numa cidade de quase 2 milhões de habitantes, que licencia 3 mil veículos por mês, se um veículo (ônibus) que transporta até 200 pessoas, concorre, no trânsito, em pé de igualdade com outro (carro de passeio) que carrega no máximo 5 pessoas, alguma coisa está errada.

Junto com o acordo que pôs fim à greve dos rodoviários, os empresários anunciaram, sem apresentar qualquer demonstração financeira, que não poderão pagar esse reajuste sem aumento da tarifa. Ou enfrentamos esse debate com a responsabilidade e o espírito público que a gravidade da situação exige, ou em breve o vento vai bater e a poeira sairá debaixo do tapete para novamente atormentar nosso povo.

PS. Estou coletando informações para demonstrar a grave crise energética porque passa Manaus, fruto da incompetência dos gestores da Amazonas Energia.

Marcelo Ramos é advogado e vereador pelo PSB. www.vereadormarceloramos.com.br

5 thoughts on “Transporte Coletivo: Lições da Greve

  1. Nobre Vereador,
    O problema do transporte coletivo, realmente, vem de muito tempo, o então prefeito Serafim, utilizou esse problema como bandeira de campanha e no fim não resolveu, anterior a ele também o então prefeito Alfredo Nascimento criou o expresso como salvação do sistema e, também, não logrou êxito. os dois mantiveram as mesmas empresas que viciaram o sistema há anos. Hoje é fácil para Vossa Excelência criticar, na verdade, se tem uma pessoa que não pode criticar o sistema, essa pessoa é Vossa Excelência. Lembre-se que oportunidade de mudar o sistema e ajuda a população Vossa Excelência teve e não o fez. Outrossim, está bastante claro que essa greve foi somente adiada, pois, quando o empresário no próximo dia do pagamento não pagar o reajuste concedido, a greve vai voltar e será novamente o Poder Público que terá que arcar com o problema.
    Portanto, já está mais do que na hora dos “representantes do povo” (vereadores) tomarem uma atitude e criar meios para esse transporte funcione de maneira eficiente e justa com a população.

  2. Excelente comentário,agora detalhe… quem atualmente vem administrando o Sistema de Transporte Coletivo Urbano de Manaus? Será que é mal dos administradores da Amazonas Energia?

  3. Caro Rui, respeito a sua opinião, mas preciso fazer algumas ponderações. Primeiro, você faz uma grande confusão sobre o que o papel do vereador exigindo que esses tomem atitudes para para “criar meios para esse transporte funcione de maneira eficiente e justa com a população”, quando é o Poder Executivo (Prefeitura) quem tem a condição e o dever de tomar as medidas necessárias para a superação do problema. Portanto, você poderia pesquisar um pouco sobre os Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário – indico o “Espírito das Leis” de Montesquieu ou pelo menos uma Barsa) para sabendo o que é obrigação de cada um emitir a sua opinião. Segundo, só posso entender sua crítica a mim como uma manifestação política, pelo simples fato de que fiquei apenas 9 meses a frente do IMTU e com a tarefa de enfrentar problemas pontuais que atormentavam o sistema naquele momento, sem a pretensão de mudar o sistema e resolver todos os problemas em período tão curto. Estude um pouco a organização dos Poderes, retire o preconceito sobre mim do seu coração, ai sim voltaremos a conversar. Um abraço.

  4. Como sempre o vereador está correto. Manaus enfrenta um cancer que é esse sistema de transporte coletivo falido.
    Precisamos imediatamente cobrar que o prefeito Amazonino transcenda e volte a ser o governante que podiam falar, mas que pelo menos se mexia.

    Acorda Prefeito!!!

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