SOS UEA 2

Não se conhece a grandeza de um homem público nos momentos de elogios e bajulações. A grandeza de um homem público é demonstrada nos momentos de crítica.

No artigo SOS UEA critiquei duramente o reitor da Universidade do Estado do Amazonas, Professor José Aldemir. Recebi como resposta uma conversa educada, respeitosa e disposta a esclarecer alguns aspectos da minha crítica.

Além da manifestação do reitor, foi impressionante o impacto do artigo no meio da comunidade acadêmica e da sociedade em geral, com dezenas de manifestações de apoio e crítica. Portanto, salvo um ou outro exagero, o artigo cumpriu sua missão de tornar público o debate sobre a crise vivida pela UEA.

Insisto em denunciar o processo de desmonte e o comprometimento de uma série de ações da Universidade do Estado do Amazonas, mas decerto é injusto imputar a crise exclusivamente ao atual reitor, quando, na verdade, é fruto de um processo continuado de má gestão e descumprimento de determinações do Ministério Público e do Tribunal de Contas do Estado, muitas das quais de responsabilidade do Governo do Estado e sem solução interna corporis.

A crítica que mantenho ao reitor e aos que administram essa crise vai no sentido de que nenhuma medida administrativa ou mesmo legal deve ser tomada se o preço for o comprometimento do bom funcionamento da instituição.

A demissão de técnicos administrativos e de professores, ainda que por determinação do MPE ou do TCE, não pode dar antes que seja realizado concurso público para substituição do quadro.

O Ministério Público age para punir as vítimas do descumprimento de suas determinações, já que, exige medidas que punem professores e técnicos com demissão e alunos com falta de quadro administrativo e docente, quando deveria punir duramente os gestores responsáveis pelo descumprimento. Com tal medida, punem as vítimas (alunos, professores e técnicos administrativos) e deixam impunes os maus gestores.

Uma atitude de bom senso e pautada em princípios constitucionais não deixa dúvidas de que não poderia existir ilegalidade maior que a descontinuidade total ou parcial do funcionamento da Universidade do Estado do Amazonas.

Ao reitor cabe realizar os concursos e fazer os ajustes administrativos necessários tendo como premissa que não haja descontinuidade em nenhuma das atividades desenvolvidas na Universidade.

Ao Governo do Estado cabe explicar a sociedade, responsável pelos recursos que sustentam a universidade e beneficiária do seu valor estratégico, os porquês dessa crise e as medidas planejadas para a sua superação.

À sociedade cabe criar um movimento de defesa da UEA que sensibilize a todos da importância estratégica dessa instituição para o desenvolvimento e para o futuro do nosso Estado.

Como disse o reitor: “a UEA simboliza o sonho do povo amazonense”. Esse sonho precisa ser defendido pela sociedade, pela comunidade acadêmica e pelo Poder Público.

Marcelo Ramos é advogado, vereador da cidade de Manaus pelo PSB e deputado estadual eleito do Amazonas (2011-2014)