PT reclama de Dilma e teme fogo amigo do PSB em 2014

Entre cristais. Rui Falcão (segundo à direita) participou de festa do PT na Câmara dos Deputados, mas também ouviu reclamações dos senadores do partido O Globo / André Coelho

BRASÍLIA – O presidente nacional do PT, Rui Falcão, se reuniu nesta terça-feira com os senadores do partido, e um dos assuntos dominantes foi a preocupação com a movimentação do PSB nas eleições municipais e a avaliação de que o maior adversário da presidente Dilma Rousseff, em 2014, sairá da própria base aliada, provavelmente o governador socialista Eduardo Campos (PE). Diante desse cenário, passaram a avaliar a atuação da presidente Dilma, com uma conclusão negativa sobre sua participação na campanha e reclamaram de sua pouca disposição.

No encontro com Falcão — que também participou nesta terça-feira da comemoração da 5.000ª edição do jornal da liderança do PT na Câmara —, os petistas disseram que Dilma não faz política e que, até por conta disso, a população não a identifica com o PT. Os senadores mostraram insatisfação com o fato de ela ter uma tímida agenda presidencial de visitas aos estados.— Na campanha, a gente até compreende, mas queríamos que ela pudesse ter uma agenda de visitas aos estados. Todos os estados têm coisas para inaugurar: projetos habitacionais, de energia, expansão de universidades — afirmou um participante da reunião.

Falcão ouviu as queixas, mas não pode prometer nada em nome da presidente. Mas deu algumas sinalizações sobre decisões futuras. Segundo os senadores, disse que a ministra Gleisi Hoffman (Casa Civil), disposta a disputar o governo do Paraná, deve deixar a pasta na minirreforma ministerial, talvez já na virada do ano:

— Se ela é candidata em 2014, vai esperar 2014 para trocar a Casa Civil? — disse Falcão, segundo petistas.

Gleisi está cotada para assumir a liderança do governo no Senado. Dilma deve trocar os ocupantes das três lideranças: o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM); o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP); e o líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE). A saída política para essas trocas será a lembrança de que, ao nomeá-los, a presidente deixara claro que haveria um rodízio nos cargos.

No caso de Chinaglia, ele próprio manifestou o desejo de sair. Em conversas com deputados, o petista diz que uma coisa é ser líder do governo Lula, e só dizer sim para os pedidos; outra bem diferente seria ser líder do governo Dilma, tendo que se indispor com os colegas o tempo todo. Um dos nomes cotados para substitui-lo é o do deputado Paulo Teixeira (PT-SP).

Quanto a Pimentel, a avaliação no Palácio do Planalto é que ele foi mal nas negociações para a votação do Orçamento da União, no final do ano passado, e da Lei de Diretrizes Orçamentárias, neste ano. Já Braga é considerado truculento nas negociações com o Senado.

Os petistas perderam as prefeituras de Recife e Fortaleza para o PSB e viram seu aliado nacional se aproximar do senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato à Presidência da República. O partido acompanha com preocupação os movimentos do presidente do PSB, Eduardo Campos, que também tem pretensão de disputar a Presidência da República.

— Temos que descer do palanque e nos reaproximar dos aliados —disse o senador Jorge Viana (PT-AC).

Nota de apoio a mensaleiros

Na esteira da vitória em São Paulo, os petistas avaliaram que o julgamento do mensalão não influenciou tanto o eleitorado. Eles pretendem divulgar uma nota, no final do julgamento, defendendo os integrantes do partido que foram condenados.

O PT tem reunião marcada para 9 de dezembro, quando pretende traçar um calendário para o próximo ano. A ideia é definir, já em 2013, os locais onde o partido terá candidaturas próprias em 2014 e onde apoiará nomes de aliados.