Projeto Citros Amazonas – Parte II

Projeto Citros Amazonas – Parte II

Osíris M. Araújo da Silva

 

A citricultura de cultivo pioneira, pré-moderna, teve início, no Amazonas, em 1976. Até então predominavam plantios de subsistência, caracterizados por métodos tradicionais de cultivo, utilizados por famílias da Colônia Japonesa, instalada na BR-174, ou por comunidades rurais. A modalidade é de baixo nível de produção e produtividade comparativamente a plantios mecanizados, cuja tecnologia de cultivo se caracteriza pelo uso intensivo de análises de solos e folhas, mudas de qualidade, podas de formação, tratos culturais especializados, espaçamentos, variedades ajustadas à nossas condições de clima e solo. Este estágio, no Amazonas, tem como referencial a iniciativa particular dos extensionistas Jaime Resende e Imar César de Araújo, engenheiros agrônomos da ACAR-AM, visando a importação de mudas cítricas oriundas de Viçosa, MG. Oferecidas a alguns iniciantes, este colunista incluído, o novo sistema logo se estabeleceu pela BR-174, em Manaus, AM-010 e em Rio reto da Eva.

 

A tecnificação da atividade tem como ponto de partida a assessoria do engenheiro-agrônomo Aparecido Caetano, então pesquisador do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), que passou a vir a Manaus orientar, particularmente, o início do meu plantio. Logo, Caetano, sem qualquer custo adicional, também passou a apresentar palestras aos técnicos extensionistas da ACAR-AM, e a contribuir com a organização de “dias de campo”, tendo em vista a transferência de tecnologias de S. Paulo para o Amazonas. A partir de 2004, quando da fundação da AMAZONCITRUS – Associação Amazonense de Citricultores, por demanda da Associação e recomendação do pesquisador Edson Barcelos, da Embrapa Amazônia Ocidental, a Sepror entrou em contato com a Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA) solicitando a vinda de especialistas para apoiar a sistematização do cultivo de citros no Amazonas, àquela altura já promissor. Os nomes indicados foram os dos pesquisadores Ygor Coelho, Hermes Santos Filho, Luciano Souza e José Eduardo Carvalho, coordenador do projeto. Os três primeiros já aposentados, o trabalho prossegue – sem qualquer custo para o governo do Amazonas – apoiado por pesquisadores baianos em estreita colaboração com colegas da Embrapa Cpaa e FCA/UFAM.

 

O CITROS AMAZONAS obedece a três fases distintas. A Fase 1, abrangendo o período 2011-2013 (Desenvolvimento da Citricultura e Implantação do Modelo de Produção Integrada no Estado do Amazonas – PI Citros AM) tem como objetivo geral, dentre outros, viabilizar para o agronegócio dos citros para o Amazonas o aperfeiçoamento do processo produtivo, privilegiando a otimização e preservação dos recursos naturais, com redução do uso de insumos contaminantes, possibilitando a produção de frutos de melhor qualidade, sem riscos à saúde do consumidor, permitindo sua rastreabilidade e, consequentemente, atendendo às exigências do mercado nacional e internacional.

 

A Fase 2 (2014-2016) – Pesquisa e Transferência de Tecnologias para o Desenvolvimento da Citricultura no Estado do Amazonas propôs, como objetivo geral, estudar alternativas de manejo conservacionista e sustentável dos pomares cítricos no estado do Amazonas pela geração, adaptação e adoção de tecnologias poupadoras de insumos além da capacitação dos produtores em boas práticas agrícolas.

 

A Fase 3 (em curso) – Adaptação e transferência de tecnologias para a citricultura amazonense visando a construção de um novo Sistema de Produção. Objetiva ainda avaliar produção, precocidade e qualidade de frutos dos novos materiais implantados nos projetos anteriores, e indicar quais são aqueles recomendados para o plantio local; implementar o manejo das entrelinhas dos pomares cítricos, dando preferência a métodos que otimizem o uso de insumos naturais.

 

O projeto visa, em síntese, conferir suporte tecnológico à consolidação da citricultura do Amazonas, hoje praticamente autossuficiente no que concerne ao abastecimento do mercado consumidor de Manaus. Muito embora haja muito chão ainda a ser percorrido, o setor espera que o governo do Estado, via Sepror e Idam, intensifique os apoios financeiro e técnico que o empreendimento requer.

 

 

Manaus, 29 de março de 2021

 

Com relação a redução dos custos do controle do mato com redução da contaminação ambiental foi realizada uma análise para as condições de um citricultor amazonense e no primeiro ano de avaliação da implantação da cobertura vegetal em sua propriedade considerando-se o custo da compra das sementes e o plantio houve uma redução de 14,5% em relação ao controle do mato adotado por esse citricultor. Com base nesse dado foi feita uma projeção para cinco anos onde foi observado a redução de custo foi da ordem de 29%. Considera-se extremamente vantajoso em relação ao sistema usado pelo citricultor além de outros ganhos ambientais que essa tecnologia proporciona para a sustentabilidade dessa citricultura como o aumento da qualidade do solo.

Outro gargalo dessa citricultura é o plantio de, praticamente, uma só variedade de laranja. Os resultados do projeto CIROSAMAZONAS vem mitigando essa situação pela oferta de outras variedades de laranja como a ‘Rubi’ (precoce a meia-estação), ‘Pineapple’ (precoce a meia-estação) e ‘Valência Tuxpan’ (tardia) são alternativas, em adição ao uso da laranjeira ‘Pera’ (meia-estação), para a diversificação do pomar, na busca de maior sustentabilidade comercial pela oferta de frutas ao longo de todo o ano agrícola, evitando a importação de frutos de outros estados. O projeto também vem gerando resultados que permitem ao citricultor o uso de novos porta-enxertos em substituição ao limoeiro ‘Cravo’ evitando o risco de insucesso do negócio pelo ataque de uma praga ou doença que venha dizimar o pomar como já ocorreu na citricultura paulista quando se adotava apenas a laranjeira azeda como porta-enxerto ou até mesmo uma situação drástica de mudança climática. Os resultados indicam o alto potencial de uso comercial dos porta-enxertos ‘Indio’, ‘Riverside’ e BRS ‘Bravo’, que se apresentam como excelentes alternativas de ampliação da base genética dos pomares de citros amazonenses, reduzindo, consequentemente, a vulnerabilidade da cultura.

A possibilidade do adensamento do pomar saindo de 208 plantas por hectare no início de implantação da citricultura no Amazonas para 665 é outro resultado positivo do projeto. Isso significa que o citricultor pode produzir mais na mesma área evitando aberturas de novas áreas pela derrubada da floresta ou seja, desmatar para cultivar citros.

Outro aspecto muito interessante é a qualificação de recursos humanos por meio de capacitações com treinamentos e cursos oferecidos pelo projeto além da geração de várias publicações técnicas para difundir o conhecimento gerado aos citricultores e agentes multiplicadores,  na busca de um sistema produtivo eficaz.

Dessa forma, as tecnologias geradas no projeto CITROSAMAZONAS têm contribuído para a mitigação das emissões de gases efeito estufa com a adoção do manejo de coberturas vegetais uma vez que a capacidade de armazenamento de carbono pelo solo com o aumento da matéria orgânica é 3,3 mais que a atmosfera; 4,4 vez mais que o comportamento biótico (plantas e animais) e a matéria orgânica “in natura” do solo como reservatório de C detém 30 – 50 % do total armazenado.

 

Sequestro do Carbono

ü  A adição de carbono ao solo via biomassa verde ou seca, provoca reações orgânica e inorgânicas fazendo com que o solo sequestre em torno de 10 a 20% do C total (Lehmann et al. 2006).

Ø  É necessário diminuir a emissão de C para a atmosfera e redirecioná-lo ao solo que possui capacidade para realizar esse sequestro (Brassardi et al., 2016).

Ø  O solo é o único meio capaz de armazenar o C na demanda que exige as mudanças climáticas para atenuar o efeito estufa (Vaccari et al., 2011).

 

Afirmativas do Prof. Rattan Lal – Prêmio mundial de alimentos em 2020. Considerado a maior autoridade mundial de ciência do solo. Universidade de Ohio.

Ø  Consequência para degradação dos solos: perda da biodiversidade da fauna do solo.

Ø  Solos agrícolas da América Latina perderam até 75% de suas reservas naturais de carbono e de sua biodiversidade, principalmente por causa de práticas de manejo não sustentáveis.

Ø  Manter a saúde dos solos cultivados, com adequada cobertura vegetal e boas práticas agrícolas, constitui o objetivo mais importante da agricultura no nosso planeta.

 

Soluções alternativas para a mitigação das mudanças climáticas:

Ø  Sequestro de Carbono (vegetação, biomassa e solos)

Ø  Reduzir emissões de gases efeito estufa (GEE)

Ø  Adoção de Sistemas Conservacionistas

 

Entende-se, também, que os resultados alcançados pelo projeto CITROSAMAZONAS tem contribuído para o alcance do objetivo de desenvolvimento sustentável número 2 (ODS) estabelecido pela ONU onde sua meta 2.4 tem como premissa implementar práticas agrícolas resilientes, que aumentem a produtividade e a produção, que ajudem a manter os ecossistemas e que melhorem progressivamente a qualidade da terra e do solo. Esse mesmo ODS prega que “proteger os solos é trabalhar na mitigação das mudanças climáticas e na adaptação a elas, também em benefício dos ganhos dos produtores agropecuários”.

 

 

A citricultura do Amazonas tem vários gargalos pela falta de oferta de tecnologia gerada localmente que impedem seu desenvolvimento sustentável. Dentre os gargalos destaca-se a falta de variabilidade genética de copas e porta-enxertos. Praticamente toda citricultura amazonense está estabelecida na combinação laranjeira ‘Pera’ x limoeiro ‘Cravo’. Isso leva a vulnerabilidade biótica como suscetibilidade a uma praga ou doença que inviabilize a produção como também a fatores abióticos provocado pelas mudanças climáticas. Outro gargalo é o uso indiscriminado de herbicida para controle do mato provocando contaminação ambiental e elevação do custo de produção. O citricultor não tem conhecimento, por falta de pesquisa e transferência, de quando, efetivamente, as plantas daninhas causariam danos com redução de produção da planta cítrica. Assim, com a transferência de resultados gerados em loco já foi possível a redução de 50% do número de aplicações e dos custos com o uso de herbicidas entre 30 a 40% ao longo do ano. Alerta-se ainda para o uso inadequado do manejo do solo com uso exagerado de gradagens e trânsito de máquinas dentro do pomar, pela falta conhecimento sobre o manejo de coberturas vegetais. O projeto CITROSAMAZONAS vem solucionando esses gargalos gerando tecnologias no próprio polo citrícola e as transferindo, na busca que elas cheguem ao “campo”, garantindo a sustentabilidade econômica e ambiental desse negócio agrícola no Estado e que também impactem políticas públicas positivamente.

Dessa forma, o projeto CITROSAMAZONAS tem permitido avanços em tecnologias ambientalmente corretas em diferentes vertentes que possibilitem a intensificação ecológica do pomar com preservação da biodiversidade, contribuindo para geração de negócio e renda. Ao serem incorporadas ao sistema produtivo, essas tecnologias geradas promovem inovações na citricultura local.

São inúmeros os ganhos ambientais com a adoção de um manejo do solo adequado usando coberturas vegetais também chamadas de adubos verdes como a melhoria da qualidade e saúde do solo por mantê-lo melhor estruturado pela preservação dos seus agregados como consequência da melhoria dos atributos físicos, químicos e microbiológicos; preservação e otimização dos serviços ecossistêmicos e isso é fundamental numa linha mais agroecológica ou de intensificação ecológica do pomar, permitindo a redução de insumos como fertilizantes químicos pela ciclagem de nutrientes como o nitrogênio pela fixação biológica das leguminosas e é o nutriente mais demandado pela planta cítrica seguido pelo cálcio e o potássio que é incorporado ao solo em boas quantidades pelas gramíneas como as braquiárias. Seguindo nessa mesma linha de substituição de insumos como os agrotóxico, destaca-se o papel dessas coberturas como abrigo e fonte de alimento dos inimigos naturais em citros como os dos ácaros da falsa ferrugem e da leprose pelos ácaros predadores (fitoseídeos) no conceito do controle biológico conservativo por ser a cobertura fonte de alimento e abrigo de inimigos naturais e predadores de insetos vetores de doenças como o HLB e CVC. O uso dessas coberturas vegetais permite um melhor manejo de recursos naturais como solo e água mantendo o solo fértil com melhor aproveitamento da água por maior infiltração acumulada e distribuição nos horizontes em plantios de sequeiro e nos plantios irrigados pela redução de água aplicada em função da ampliação do turno de regas em comparação a um solo compactado (mal estruturado), garantindo mais preservação do recurso natural água. Com o aumento da matéria orgânica no solo ao longo dos anos de adoção do manejo de coberturas vegetais pelo citricultor, ocorrerá maior sequestro do carbono no compartimento solo, reduzindo as emissões de CO2 para a atmosfera e consequentemente sua contribuição para a redução do aquecimento global e, consequentemente, para as mudanças climáticas. Com relação a redução dos custos do controle do mato com redução da contaminação ambiental foi realizada uma análise para as condições de um citricultor amazonense e no primeiro ano de avaliação da implantação da cobertura vegetal em sua propriedade considerando-se o custo da compra das sementes e o plantio houve uma redução de 14,5% em relação ao controle do mato adotado por esse citricultor. Com base nesse dado foi feita uma projeção para cinco anos onde foi observado a redução de custo foi da ordem de 29%. Considera-se extremamente vantajoso em relação ao sistema usado pelo citricultor além de outros ganhos ambientais que essa tecnologia proporciona para a sustentabilidade dessa citricultura como o aumento da qualidade do solo.

Outro gargalo dessa citricultura é o plantio de, praticamente, uma só variedade de laranja. Os resultados do projeto CIROSAMAZONAS vem mitigando essa situação pela oferta de outras variedades de laranja como a ‘Rubi’ (precoce a meia-estação), ‘Pineapple’ (precoce a meia-estação) e ‘Valência Tuxpan’ (tardia) são alternativas, em adição ao uso da laranjeira ‘Pera’ (meia-estação), para a diversificação do pomar, na busca de maior sustentabilidade comercial pela oferta de frutas ao longo de todo o ano agrícola, evitando a importação de frutos de outros estados. O projeto também vem gerando resultados que permitem ao citricultor o uso de novos porta-enxertos em substituição ao limoeiro ‘Cravo’ evitando o risco de insucesso do negócio pelo ataque de uma praga ou doença que venha dizimar o pomar como já ocorreu na citricultura paulista quando se adotava apenas a laranjeira azeda como porta-enxerto ou até mesmo uma situação drástica de mudança climática. Os resultados indicam o alto potencial de uso comercial dos porta-enxertos ‘Indio’, ‘Riverside’ e BRS ‘Bravo’, que se apresentam como excelentes alternativas de ampliação da base genética dos pomares de citros amazonenses, reduzindo, consequentemente, a vulnerabilidade da cultura.

A possibilidade do adensamento do pomar saindo de 208 plantas por hectare no início de implantação da citricultura no Amazonas para 665 é outro resultado positivo do projeto. Isso significa que o citricultor pode produzir mais na mesma área evitando aberturas de novas áreas pela derrubada da floresta ou seja, desmatar para cultivar citros.

Outro aspecto muito interessante é a qualificação de recursos humanos por meio de capacitações com treinamentos e cursos oferecidos pelo projeto além da geração de várias publicações técnicas para difundir o conhecimento gerado aos citricultores e agentes multiplicadores,  na busca de um sistema produtivo eficaz.

Dessa forma, as tecnologias geradas no projeto CITROSAMAZONAS têm contribuído para a mitigação das emissões de gases efeito estufa com a adoção do manejo de coberturas vegetais uma vez que a capacidade de armazenamento de carbono pelo solo com o aumento da matéria orgânica é 3,3 mais que a atmosfera; 4,4 vez mais que o comportamento biótico (plantas e animais) e a matéria orgânica “in natura” do solo como reservatório de C detém 30 – 50 % do total armazenado.

 

Sequestro do Carbono

ü  A adição de carbono ao solo via biomassa verde ou seca, provoca reações orgânica e inorgânicas fazendo com que o solo sequestre em torno de 10 a 20% do C total (Lehmann et al. 2006).

Ø  É necessário diminuir a emissão de C para a atmosfera e redirecioná-lo ao solo que possui capacidade para realizar esse sequestro (Brassardi et al., 2016).

Ø  O solo é o único meio capaz de armazenar o C na demanda que exige as mudanças climáticas para atenuar o efeito estufa (Vaccari et al., 2011).

 

Afirmativas do Prof. Rattan Lal – Prêmio mundial de alimentos em 2020. Considerado a maior autoridade mundial de ciência do solo. Universidade de Ohio.

Ø  Consequência para degradação dos solos: perda da biodiversidade da fauna do solo.

Ø  Solos agrícolas da América Latina perderam até 75% de suas reservas naturais de carbono e de sua biodiversidade, principalmente por causa de práticas de manejo não sustentáveis.

Ø  Manter a saúde dos solos cultivados, com adequada cobertura vegetal e boas práticas agrícolas, constitui o objetivo mais importante da agricultura no nosso planeta.

 

Soluções alternativas para a mitigação das mudanças climáticas:

Ø  Sequestro de Carbono (vegetação, biomassa e solos)

Ø  Reduzir emissões de gases efeito estufa (GEE)

Ø  Adoção de Sistemas Conservacionistas

 

Entende-se, também, que os resultados alcançados pelo projeto CITROSAMAZONAS tem contribuído para o alcance do objetivo de desenvolvimento sustentável número 2 (ODS) estabelecido pela ONU onde sua meta 2.4 tem como premissa implementar práticas agrícolas resilientes, que aumentem a produtividade e a produção, que ajudem a manter os ecossistemas e que melhorem progressivamente a qualidade da terra e do solo. Esse mesmo ODS prega que “proteger os solos é trabalhar na mitigação das mudanças climáticas e na adaptação a elas, também em benefício dos ganhos dos produtores agropecuários”.