O monotrilho e o mito da caverna

Por Marcelo Ramos

Diante da polêmica em relação as obras de mobilidade urbana (Monotrilho e BRT), onde o Governo do Estado e a Prefeitura de Manaus tentam passar a idéia de que está tudo bem e o MPF, a CGU e o TCU reafirmam que os recursos para as obras não serão liberados por força de inconsistências no projeto básico da obra, indícios de superfaturamento e inviabilidade econômica do monotrilho, pus-me a refletir sobre a forma de diálogo que o Poder Público deve ter com seu povo.

Deve o governo expor suas dificuldades e fraquezas para, no diálogo com a sociedade e com as outras instituições (Parlamento, associações civis, órgãos de controle), buscar soluções que talvez não estejam dentro do próprio governo? Ou o caminho correto é, em nome da governabilidade e da não demonstração de fraqueza, negar problemas óbvios e tentar resolvê-los com conchavos?

A reflexão me levou a Filosofia. Platão em “A República”, ao teorizar o “Mito da Caverna” nos explica de forma ilustrativa como podemos nos libertar da escuridão através da luz da verdade.

Sob a lógica dos governos atuais, a melhor forma de manter o poder é, trancar seu povo na “caverna” da desinformação e manipular as sobras, vozes e sentimentos, como em Platão. Assim, também como no mito, aquele que ouse enfrentar as dificuldades para sair da “caverna” e retorne anunciando que as informações, sombras, vozes e sentimentos, na verdade, são manipuladas por outros homens, será hostilizando pelos manipuladores e até pelos manipulados como um inventor de mentiras.

E assim, os atuais governos vão isolando seus opositores e mantendo boa parte população na escuridão da mentira e da manipulação, não permitindo que o feixe de luz da verdade chegue a consciência do povo.

Se o feixe de luz se abrir na caverna, todos saberão que a situação dos projetos de mobilidade urbana (Monotrilho e BRT) para a Copa 2014 estão gravemente comprometidos.

Obrigado Eliana Takano pela sugestão de texto.