O MINISTRO QUE CHEFIA A ZONA FRANCA CRITICA A ZONA FRANCA. VÁ ENTENDER.

A desinformação é a pior coisa do mundo. As declarações do Ministro Miguel Jorge, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio vinte dias antes de deixar o cargo, ao jornal VALOR ECONOMICO revelam que o Ministro não conhece absolutamente nada sobre como funciona o modelo Zona Franca de Manaus, o que é assustador porque é exatamente ao Ministério que ele comanda que a SUFRAMA está subordinada. E foi ele precisamente quem assinou todos os Processos Produtivos Básicos nos últimos quatro anos que resultaram no aumento das importações de que ele se queixa. Ou seja, ele não sabia o que estava fazendo. Será que foi isso, Ministro?

Abaixo a íntegra da matéria:

Miguel Jorge, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Foto: O Globo)

O aumento na importação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos e eletrônicos já preocupa o governo e ameaça transformar alguns setores em “maquiladoras”, simples montadoras de equipamentos com partes e peças estrangeiras, disse ao Valor o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge.

Esse é mais um reflexo do avanço do comércio da China, país, que, segundo estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), tomou o lugar dos Estados Unidos como fornecedor de produtos de alta tecnologia: de cada US$ 100 importados desses produtos, US$ 24,50 são mercadorias chinesas.

A importação, pelo Brasil, de componentes eletrônicos, detalhados no capítulo 85 da lista da tarifa externa comum do Mercosul, superou em quase US$ 16 bilhões as exportações brasileiras desses produtos entre janeiro e novembro deste ano. É um aumento de 67% em relação aos quase US$ 9,5 bilhões de déficit na balança comercial de componentes eletroeletrônicos registrados em 2009. “É capa e teclado de celular, tela de televisão, estão trazendo tudo de fora e montando aqui, especialmente em Manaus”, comentou o ministro, que vê nesse aumento da importação de produtos eletrônicos um problema a ser enfrentado pelo próximo governo.

Nos últimos seis meses, o ministério rejeitou três pedidos para instalação de fábricas na Zona Franca de Manaus (um para painéis para automóveis, outro para tênis esportivos e outro para plugs e tomadas) por avaliar que elas seriam apenas instalações para montagem de componentes importados, criando riscos para a produção em outras regiões. “Não podemos transformar todo o país em uma zona franca, pois teríamos bens mais baratos, mas faltariam empregos e renda para termos consumidores”, diz Miguel Jorge.

Ele pretende sugerir ao seu sucessor no ministério a contratação de uma “avaliação cuidadosa” sobre o funcionamento da Zona Franca de Manaus e dos benefícios concedidos. “Como nas autopeças, as pequenas e médias empresas não têm como concorrer com os chineses”, disse. Ele defende que se aplique, para o setor eletroeletrônico, medidas de incentivo à produção nacional e barreiras aos componentes importados. “No setor automotivo, por exemplo, aumentamos o imposto de importação para partes e peças, e as empresas brasileiras estão produzindo automóveis competitivos.”

As medidas, segundo explicou Miguel Jorge, se tornaram necessárias especialmente com o aumento do consumo interno e a crescente diferença entre a cotação do dólar no mercado brasileiro e nos países onde estão instalados os concorrentes, como os asiáticos.

Jorge confidenciou que, para reduzir as pressões políticas, o ministério foi obrigado a mudar o sistema de análise dos chamados processos produtivos básicos (PPB), o compromisso assumido pelas empresas de aproveitamento de conteúdo local nas fábricas candidatas a produzir com incentivos na Zona Franca de Manaus. Antes, ao receber a proposta de PPB das empresas, o governo realizava audiências públicas e desencadeava forte pressão de políticos da região, lembrou Jorge. Hoje, antes das audiências, há uma avaliação técnica para constatar se o projeto não provocará apenas a transferência a Manaus de fábricas já instaladas em outras regiões.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, o principal item responsável pelo aumento nas importações de componentes eletroeletrônicos foi o de “outras partes para aparelhos receptores, de televisão etc”. As compras desses produtos aumentou US$ 1,7 bilhão, entre janeiro e novembro, três vezes mais que o total importado no mesmo período do ano passado. Em termos percentuais, o maior aumento foi o de “outros grupos eletrogeradores para motores de explosão”, usados em automóveis, que cresceu 1.850%, de US$ 7 milhões para US$ 142 milhões. Circuitos integrados e microprocessadores também estão entre os principais causadores do aumento da importação, com aumentos superiores a 30%.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), o déficit do setor este ano deverá ser de US$ 27,5 bilhões. Em 2009, o déficit somava US$ 17,5 bilhões. Neste ano, as vendas de produtos do setor para o exterior deverão somar US$ 7,7 bilhões, o que representa um avanço de 4% em relação a 2009. Esse valor, quando convertido para o real, revela uma queda de 9%. As importações devem crescer 41% neste ano, para US$ 35 bilhões, o que em reais corresponde a uma alta de 25%. (Colaborou Vanessa Dezem, de São Paulo)

Amanhã comentarei a entrevista do Ministro.

4 thoughts on “O MINISTRO QUE CHEFIA A ZONA FRANCA CRITICA A ZONA FRANCA. VÁ ENTENDER.

  1. É UMA REALIDADE O QUE ESTÁ ACONTECENDO NA ZFM, MUITAS INDÚSTRIAS ESTÃO PRATICANDO A ANOS A FAMOSA “MAQUIAGEM” COM ISTO GERANDO MAIS DESEMPREGO EM NOSSAS INDÚSTRIAS. OUTRA SITUAÇÃO MUITO SÉRIA É A “TERCERIZAÇÃO DE MÃO DE OBRA” POR PARTE DAS INDÚSTRIAS, ONDE MUITOS FUNCIONARIOS RECEBEM SALARIO ABAIXO DO MERCADO E SEM TER DIREITO AS BENEFICIOS QUE A LEGISLAÇÃO EXIGE. ESTÁ NA HORA DO MINISTERIO PUBLICO DO TRABALHO E RECEITA FEDERAL FAZEREM UM PENTE FINO EM TODAS AS INDÚSTRIAS DA ZFM.
    A SUFRAMA TEM QUE EXIGIR QUE AS INDÚSTRIAS INSTALADAS NA ZFM TENHAM SUA MATRIZ EM MANAUS, FAZENDO COM ISTO QUE MUITOS EMPREGOS QUE PERDEMOS PARA OUTROS ESTADOS RETORNAM A MANAUS, QUASE TODAS AS INDÚSTRIAS TEM OS ALTOS CARGOS E SALARIOS EM OUTROS ESTADOS POR CAUSA DESTA SITUAÇÃO, E O PIOR É QUE COM A ESTA SITUAÇÃO DE TRANSFERIR A MATRIZ PARA OUTROS ESTADOS ELES ACABAM SE BENEFICIANDO DE CREDITOS DE IMPOSTOS FEDERAIS.

  2. Boa Tarde, Serafim.
    Concordo com o Sr. Wallace, pois o que temos em Manaus é somente uma base industrial, enquanto que quase todo o PIB do Amazonas é transferido para São Paulo. Hoje os empregos que nossas indústrias oferecem estão com os salários muitos abaixo da média nacional, nossos metalúrgicos tem o pior salario nacional.
    Estamos batendo todos os recordes de faturamento, mais nenhuma empresa investe nas atividades com comprometimento social em nossa cidade.
    Vale lembrar que 100% dos cargos os níveis de gerencia e diretoria são centralizados em S.Paulo.
    Além das indústrias sofrerem com a perda destes empregos, temos também os bancários, cambio, cobrança, contabilidade, financeiro, administrativo, engenharia, logística, comercio exterior, advocacia como outras atividades que perdem empregos para São Paulo devido as empresas não deixar em Manaus estas atividades.
    É normal termos hoje nas indústrias os departamentos de logística e comercio exterior sendo terceirizado por agentes de cargas e despachantes e ninguém faz nada.
    Temos que lutar para fazer com que Manaus receba de volta estes empregos.
    Esta na Suframa administrar esta evasão de empregos por parte das indústrias.
    Outra situação muito triste é que o Selo que a Suframa criou recentemente não é valido para todas as indústrias da ZFM, e é tão pobre o projeto que as atividades com comprometimentos sociais e áreas de recursos humanos não são abrangidos conforme menciono acima.
    Mais uma vez os executivos da Suframa tem um único objetivo que é ter compromisso com os interesses dos empresários, e a população de Manaus fica mais uma vez a ver navios.

    Um Feliz Natal a Todos!!!

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