O Brasil que trabalha e o Brasil que reclama; o Brasil que faz e o Brasil que atrapalha.

No centro do debate sobre economia hoje no Brasil está o baixo crescimento do PIB em 2012 e as previsões para 2013. Varias foram as causas do que aconteceu este ano como, por exemplo:

– a crise mundial que arrasa a Europa;

– a diminuição do ritmo de crescimento da China;

– o Custo Brasil;

– o cambio defasado;

– a carga tributária;

– a corrupção.

No entanto, quero abordar o assunto acrescentando outras questões que quase já se transformam em culturais e que, em verdade, são desvios gestados por um estado de espírito que contamina o setor público e o privado e precisa ser revertido, sob pena de aprofundar as nossas dificuldades nos próximos anos.

Posso resumir, em relação ao setor privado, dois tipos bem distintos de empresários: o que trabalha e enfrenta as dificuldades com iniciativa e criatividade e o que só reclama. Este último quer só um pretexto para reclamar do Estado e pedir sempre mais uma benesse para o seu setor. As coisas nunca estão bem para ele que quer sempre um algo mais. Zero de iniciativa e criatividade. Nesse caso, há muito pouco a fazer. A mão invisível do mercado de que nos falava Adam Smith vai resolver. E pode-se antever o que vai acontecer com essas empresas: vão ser atropeladas pelas outras.

Já no setor público temos um conflito surdo e mudo entre o Estado que faz e o que atrapalha, sendo que este, também, afeta o setor privado e por tabela a economia do país como um todo. É necessário ter consciência da gravidade desse comportamento que emperra a máquina e compromete a economia como um todo. A partir daí é preciso ação de todos no sentido de privilegiar o Estado que faz, impondo-se racionalidade ao outro braço estatal que hoje muito mais atrapalha do que ajuda.

O braço do Estado que atrapalha, como regra, está nos órgãos de fiscalização e controle e tem como lema: “ se puder atrapalhar, atrapalhe. Não deixe que as coisas aconteçam”. Registre-se que não estou defendendo que não haja controle, muito menos fiscalização. Mas que sejam racionais.

Posso dar muitos exemplos, mas vou ficar apenas em três casos do dia a dia das pessoas e do setor público que refletem na economia, apesar disso não estar muito claro para as pessoas em geral.

ABRIR UMA EMPRESA – É uma via crucis. E aqui apenas um pequeno exemplo. Existem no mundo, segundo a ONU, 191 países. Só três exigem licença do Corpo de Bombeiros para abrir uma empresa: Portugal, Brasil e Angola. Provavelmente nós estejamos certos e os outros 188 errados. Será?

COMPRAR/VENDER UM IMÓVEL – Para comprar/vender um imóvel você precisa ir num Tabelião de Notas lavrar uma escritura. Antes, porém, tem que pagar o ITBI ao município e depois registrar a operação no Registro de Imóveis. O município estabeleceu de cinco a dez dias o prazo para liberar a guia a fim de que você  possa pagar o imposto. Isso é racional? Não seria mais lógico, no mundo digital em que vivemos, fazer isso imediatamente via on line, resolver tudo no mesmo dia e com isso a economia girar mais rapidamente?

EXECUTAR O ORÇAMENTO – O Brasil tem uma lei de licitações absolutamente irracional. Por exemplo, numa licitação pelo menor preço é obrigatório que os concorrentes apresentem dois envelopes lacrados. Um com a documentação, outro com a proposta de preço. O racional seria abrir primeiro os envelopes das propostas de preço. Quem ganhasse teria aberto o envelope correspondente à documentação. Se os documentos estivessem em ordem, assunto encerrado. Mas não é assim. É exatamente ao contrário. Primeiro são abertos todos os envelopes da documentação e aí uma “guerra” de impugnações entre as partes, ensejando no segundo momento recursos à Justiça. Resultado: a coisa não anda e vence o Brasil que atrapalha.

Para o Brasil crescer em 2013 é preciso que muitas aconteçam pelo mundo afora, mas é fundamental que façamos o “dever de casa” que, a meu ver, começa por essas “pequenas” coisas que quando somadas resultam em deixar a economia emPACada, para usar o termo da moda.

Ao desejar um feliz natal a todos, ergo minhas preces ao Criador, para que ilumine a todos nós na direção da vitória sobre essas dificuldades e que pelo caminho do trabalho, do amor, do respeito ao outro, possamos ter um ano de 2013 de paz, saúde, sucesso, crescimento e muitas felicidades.

São os meus votos.