Por Marcelo Ramos:
Completamos 342 em 2011 sem muitos motivos para comemorar. A cidade vivia um momento de desmando administrativo e de absoluta precariedade dos serviços públicos. Nosso Centro Histórico e espaços públicos estavam entregues ao leu.
Nos 343 anos em 2012 o quadro ainda era sombrio, mas pairava a esperança no coração do povo com a realização do segundo turno para escolha do novo prefeito da cidade.
Chegamos aos 344 anos e vamos voltando a ter motivos pra sorrir. A esperança de uma cidade com serviços públicos de qualidade, com a sua história resgatada, com ordem administrativa, com respeito às regras urbanísticas volta a tomar o coração dos manauaras, como eu.
Ontem (21.10) tirei a tarde para visitar a obra de Restauro do Mercado Municipal Adolpho Lisboa. Sai encantado com o que vi. Do cuidado com a estação de tratamento de esgoto, que devolverá a água para o rio com 95% de pureza, ao resgate do Sino da Creolina – na época não tinha como conservar o peixe e para não correr o risco de algum feirante vender peixe estragado, num certo horário a vigilância sanitária passava para inutilizar o peixe jogando creolina, o sino tocava alguns minutos antes e os feirantes baixavam o preço – passando pela manutenção dos furos de tiros na fachada que fica de frente para o Rio Negro, a demonstrar a história de luta e resistência do nosso povo.
Na cidade de antes só ouvíamos os desesperantes tiros do canhão que devastavam a nossa cidade. Hoje, Prefeito Artur, já ouvimos com alegria o tilintar do Sino da Creolina, resgatando uma passagem de criatividade e alegria do manauara.
A entrega do Mercado restaurado não nos devolve a cidade. Não nos devolve as calçadas tomadas por camelôs. Não nos devolve as fachadas dos prédios históricos tomadas por placas de publicidade. Mas é certamente um marco no reordenamento do Centro de Manaus. Parabéns ao ex-prefeito Serafim que aprovou o projeto e captou os recursos. Parabéns ao prefeito Artur Neto que teve a agilidade e habilidade para concluir e entregar a obra. A cidade agradece.
O poeta Aldísio Filgueiras no seu poema “Ai de Ti, Manaus” fez um diagnóstico poético de anos de descuido com a nossa cidade.
Decidi
ser didático contigo:
Muitas
cidades já foram devoradas
pelo fogo
e pela água
e pelo vento
e pela terra
e pela… bala…
e pela peste
Muitas.
Tu não:
(…)
Todo descuido
em ti será
fatal, Manaus.
Espremeste
todas as seringueiras
e oprimiste
todos os seringueiros
que o Nordeste
não teve tempo
quente o bastante
para queimar.
(…)
Massacraste
os teus poetas e
pintores
e músicos e malucos
de todos os matizes
– os que mais te amaram –
com discursos
e crimes pós-barba
e piadas obscenas
e quadros e romances
que só tu
superas em ficção
e maldade
(…)
Ouve a pobreza
dos teus
bairros, Manaus.
Eles comem
lixo e tu vestes luxo.
Eles querem viver
e ensinas
lições suicidas
desde a Baixa
Cachoeirinha
– onde quintais
viram danceterias
e os igarapés
estão bêbados de
néon e mercúrio.
Sim: eles querem viver.
Digo eu. Calma Aldisio! Há esperanças. E tenho que reconhecer que o prefeito Artur Neto vem resgatando essa esperança. Ainda há muito por fazer. Mas é impossível não reconhecer que resgatamos valores fundamentais para que as coisas aconteçam.
Vivemos 4 anos de uma grave crise de autoridade. Com prefeito ausente e Secretários descompromissados. Hoje o Prefeito de Manaus resgata a autoridade do Alcaide, enfrentando de peito aberto os problemas da cidade (as vezes até discordo da forma de enfrentá-los, mas reconheço que a omissão não é a marca da atual administração), definido rumos claros de gestão e procurando superar problemas crônicos da cidade, como, qualidade do sistema viário, abastecimento de água, ordenamento das várias modalidades de transporte coletivo, reorganização do Centro Histórico.
Sinto que nesse aniversário de 344 anos temos sim motivo para comemorar! Motivos para reacender a chama da esperança.
Como manauara quero reconhecer o empenho do prefeito Artur Neto. Como deputado, quero colocar os esforços do meu mandato a serviço dessa luta pelo resgate da cidade de Manaus.
Parabéns, Manaus! Parabéns aos manauaras que, como eu, comemoram 344 anos com o coração cheio de esperanças.
