Lições da dor

O Brasil está fora da Copa. Dói. Dói muito. Podia ter sido melhor. Resta-nos tentar, ao menos, tirar lições da dor.

Dunga está fora da Seleção. Entre tantos críticos, não serei eu a espezinhá-lo.

O técnico brasileiro, porém, formou um time à imagem e semelhança dele, com cara de volante, defensivo. Parecido com Maradona, que fez uma equipe ofensiva, como ele próprio foi, mas exagerou na auto-confiança e desmoronou diante dos alemães.

Não levar Ronaldinho Gaúcho foi um erro. Jogaria melhor que muitos selecionados. Lamento por Ganso. Deixar Neimar foi um golpe no artista da bola que existe em cada brasileiro. Se era para não levá-lo e levar Grafite para não usar, por que não levar Adriano? Recluso, sob vigilância, com 60% ou 70% da forma, ele seria o jogador de choque que o time precisou.

O que a gente tem que ensinar aos nossos, desolados, como minha filha mais nova? No mínimo, que precisamos aprender a perder, nós que, filhos do único País pentacampeão mundial de futebol, já sabemos ganhar.

A rigor, no fundo do coração, quem esperava que o Brasil fosse campeão com esse time? Talvez como em 1994, nos pênaltis. Quem sabe os deuses do futebol não quiseram nos poupar de mais uma mancha na galeria de títulos obtidos com tanto brilho por Pelé e companhia?

A Copa da África foi uma experiência dura para Dunga e para todo mundo. Temos agora que ver a Copa de 2014. Precisamos montar uma estrutura tão boa quanto a da NBA, nos Estados Unidos. Afinal, os norte-americanos jogam tão bem basquete quanto nós jogamos futebol. Só que nós perdemos e eles nunca perdem.

O que está faltando? Organização. Seriedade da CBF. Respeito com o dinheiro do torcedor. Precisamos ver tudo isso em profundidade.

A Copa de 2014, que tem Manaus como uma das sedes, oferece oportunidade de o Brasil conquistar vários títulos. Começa com a vantagem de a Seleção Brasileira sequer precisar disputar as eliminatórias. Segue na possibilidade de empurrar a infraestrutura nacional para alguns anos à frente – comunicação, hotelaria, portos, aeroportos, mobilidade urbana – ou pelo menos tirá-la de tantos anos atrás, e criar um ciclo virtuoso que nos impulsione ao desenvolvimento.

Ganhar a Copa de 2014 é importante. Neimar e Ganso se juntarão a Robinho, num time que lembrará mais o Santos de Pelé e menos a nossa Seleção de 2010. Vamos receber o mundo da bola com o melhor do futebol arte.

Otimismo. Quem é penta, nunca baixa a cabeça.

PS: Embora a legislação não impeça, em face da disputa eleitoral decidi me afastar momentaneamente deste espaço. Sentirei saudades. Luto pela prorrogação da Zona Franca até 2033, com PEC de minha autoria, e agradeço aos líderes do Senado pelo consenso a que chegamos, há semanas, agora referendado oficialmente pelo Governo. Agradeço à direção deste jornal, nas pessoas de Cassiano Anunciação e seus sucessores, Cirilo e Ciro. Jamais discuti com essa direção sobre o teor do que escreveria, como é de meu feitio e descobri que do feitio deles também, e jamais recebi qualquer observação negativa a respeito de artigos que produzi, alguns até muito polêmicos. Isso é raro e valoroso. Sou muito grato. Obrigado ao leitor. Até breve.

* O autor é líder do PSDB no Senado.

One thought on “Lições da dor

  1. Deve-se pensar em um novo modelo de execução da seleção brasileira: Explico. Se a copa do mundo de futebol é tão importante para o Brasil, a ponto de pará-lo, de mexer na economia, de mexer com a estrutura social do país, então está na hora de o Governo Federal intervir no Planejamento estratégico da seleção para a copa, istoé, a convocação, a preparação, todos nós assistimos jogadores brasileiros descontrolados em campo, se necessário até um plebiscito, não nos moldes como ocorrem no âmbito constitucional, mas em eleições com urnas espalhadas em todo Brasil nos lugares de maior movimentação, o técnico escolhido não poderá decidir sozinho a escolha dos jogadores, repito, tamanho a importância que o futebol tem para o país. Isso não é exagero levando em consideração no estrago ou no benefício que traz para o Brasil.

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