Glória e decadência

Poucas vezes na história um presidente despertou tantos sonhos de transformação da sociedade quanto Barack Obama em sua eleição, com seu lema “yes, we can”. Mas foram essas expectativas de um super-homem que o levaram agora à derrota nas chamadas eleições de meio de mandato.

Obama fez grandes realizações na política internacional, está cumprindo sua promessa de retirada do Iraque e teve a grande iniciativa de avançar no desarmamento nuclear.

Confirmou sua capacidade de grande orador e abridor de caminhos. Mas mostrou-se incapaz de gerenciar a grande armadilha que Bush lhe deixou: a crise econômica que veio na rasteira da crise financeira. Foram o desemprego, o crescimento medíocre e a perda da capacidade de consumo do americano médio que deram força ao eleitorado republicano e afastaram das urnas os jovens que lhe tinham dado a grande e histórica vitória como primeiro presidente negro dos Estados Unidos.

O movimento pendular da população americana tornou uma rotina a derrota do presidente nas primeiras eleições do seu mandato, e depois uma reconquista de posição na disputa da reeleição. A novidade desta vez foi a natureza dessa vitória, não sua dimensão. Na Câmara, a diferença é até agora de 54 cadeiras. No Senado, Obama conserva a maioria, que se estreitou para seis cadeiras. Mas o que chama a atenção é que os republicanos e democratas moderados foram os maiores perdedores, radicalizando as posições e as diferenças entre os partidos.

Do lado republicano, foram os membros do movimento Tea Party -que se autoproclamam continuadores dos que, disfarçados de índios, lançaram ao mar cargas de chá no porto de Boston, em protesto pelas taxações inglesas- que conquistaram a mais expressiva representação. O símbolo dos ultraconservadores representa a corrente radical que nas eleições presidenciais tinha como porta-voz Sarah Palin, uma medíocre líder do Alasca.

Obama fez seu mea culpa, dizendo que “provavelmente houve um orgulho perverso em meu governo de que iríamos fazer o que deveria ser feito mesmo que fosse impopular a curto prazo”. Os republicanos negaram a Obama, conscientemente, o apoio a suas políticas, criando todos os obstáculos à maior delas -sendo a melhor-, a de acabar com a injustiça do sistema de saúde americano, pior que os africanos, que não existem.

Grandes avanços políticos de Obama estão na mira dos novos donos da Câmara: a política social, a regulamentação financeira, os impostos. Obama vai ter que adiar seus planos de uma sociedade mais igualitária e administrar sua grande derrota: que ela não seja decadência, mas um momento de frustração.

One thought on “Glória e decadência

  1. Ótimo e bem oportuno o comentário do presidente Sarney, sobre o governo Obama. Mr. Obama é um homem sério e com bons propósitos de mudanças no seio da política interna e externa americana.Porém, é bom deixar claro que os conervadores americanos, oportunamente denominados de “a direira”, não querem diminuir seus polpudos privilégios em favor dos menos favorecidos. São tão arrogantes, a ponto de inventarem atentados dentro de seu pasís, para justificar a invasão de outros países pobres e indefesos, e viabilizar sua indústria bélica, paga às expensas dos impostos do consumidor de lá. Esssa história de reduzir impostos para cortar gastos, deveria ser feita era com redução das suas forças armadas, do seu poderio bélico, ese sim, consimidor dos imensos gastos públicos americanos. Torço para que o Mr. Obama consiga ter sucesso e enterrar esa onda direitista e belicosa, que pensa que eles podem ser eficientes economicamente invadindo e matando pessoas de outros países. E, olhem bem! Na rabeira deles e pedindo passagem para ser o primeiro do ranking, estão os chineses, calmos, eficientes e tranquilos, como eles só!…

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