Família desabrigada em Manaus transforma unidade básica de saúde em casa própria

Transcrito da CRÍTICA.COM, por Joelma Muniz:

Criada pelo poder público municipal para atendimento básico de saúde, “Casinha da Família” abandonada foi ocupada por uma família

'Casinha da Família' nº 116 sendo inaugurada. Veja na foto abaixo, a atual situação da 'Casinha'. ‘Casinha da Família’ nº 116 sendo inaugurada. Veja na foto abaixo, a atual situação da ‘Casinha’. (Divulgação)

Uma Unidade Básica de Saúde da Família, popularmente conhecida como “Casinha da Família”, localizada na Zona Sul de Manaus, foi abandonada pelo poder público e se transformou em moradia para uma família sem-teto.

A ‘Casinha do Médico da Família’ nº 116, situada entre as ruas Paranavari e São Pedro no bairro Crespo, há três anos vem servindo como residência para Tânia Maria de Oliveira da Silva, 33, o marido e quatro crianças de 10, 6, 4 e 3 anos de idade.

Em conversa com a reportagem do acritica.com, a dona de casa contou que ocupou o lugar por “extrema necessidade”, após ser despejada do outro local onde morava com a família.

“Não somos simples invasores. Ocupamos a casinha porque fomos expulsos da casa onde morávamos. Sem ter para onde ir com as crianças, decidimos ficar aqui”, afirmou Tânia.

Assaltos e vandalismos

Questionada sobre como se deu a ocupação da “Casinha da Família”, construída pelo poder público municipal para a realização do atendimento básico de saúde, Tânia falou que ela e o marido encontraram o lugar abandonado, “sem janelas e portas”.

Segundo a ocupante, o atendimento médico no local foi transferido pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) para o prédio do Posto de Saúde Frank Calderon, que fica localizado na Rua São Pedro, porque a antiga “Casinha” era alvo de constantes assaltos e vandalismos.

“O que ficamos sabendo foi que eles saíram daqui por estes motivos. Os ladrões não respeitavam o lugar, entravam pelo forro, arrancavam os cadeados e roubavam todos os medicamentos”.

Tânia afirmou que há tempos os profissionais do serviço social da prefeitura estiveram no local pedindo que desocupassem o imóvel. “Eles me mandaram sair, mas também não nos deram alternativa de moradia. Eu e meu marido vivemos de bicos, não temos condições de pagar aluguel”.

Programas de TV

Vivendo em imóvel prestes a ser demolido, já que a área onde está a “Casinha da Família” integra o Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (Prosamim), capitaneado pelo governo do Estado para revitalizar as áreas periféricas de Manaus, Tânia ressaltou que não sabe mais a quem recorrer.

De acordo com ela, a família já recebeu a promessa de vários políticos ligados a programas de televisão, mas que, até o momento, nenhum deles cumpriu com a palavra.

“Fui até eles para mostrar minha situação, eles disseram que iam interceder por minha família e até agora nada”, frisou.

Prosamim

A dona de casa disse ter sido informada por pessoas ligadas à Superintendência de Habitação do Amazonas (Suhab), responsável pela inscrição dos contemplados pelo Prosamim, que sua família não pode ser considerada “apta” para receber uma das casas do projeto por estar ocupando um prédio público, que já deveria ter sido demolido pela Prefeitura de Manaus.