Eduardo Campos é condecorado em Roraima e pede revisão do Pacto Federativo

Um elogio da política e um duro libelo em defesa da Federação, segundo ele ferida pela concentração de receitas na União, marcaram o pronunciamento do governador Eduardo Campos ao agradecer a homenagem prestada a ele pela Assembleia Legislativa de Roraima. A solenidade aconteceu nesta quinta-feira (20/12), na capital do estado, a cidade de Boa Vista.

Ressaltando os avanços conquistados pelo país graças ao trabalho e à militância de pessoas que abraçaram a política, Eduardo historiou a construção da ordem democrática, a estabilização da economia e a colocação da questão social no primeiro plano, no governo do presidente Lula.

“Construímos uma ordem democrática superando anos de autoritarismo. Construímos uma transição que foi além da política e fizemos a estabilidade econômica. Em seguida, conseguimos, sob a liderança do presidente Lula, colocar a questão da desigualdade no centro do debate nacional. Agora é chegada a hora de colocar na ordem do dia uma nova pauta para o Brasil”, disse Eduardo.

Para ele, o ponto principal desta nova etapa passa pela reconstrução da Federação Brasileira seguindo o espírito da Constituição de 1988. “O constituinte de 1988 pensou um relação equilibrada entre as diferentes unidades de federação. Não foi por acaso que ele elevou o município à condição de ente federativo, e nisso somos o único do país do mundo a fazer esta escolha. Acontece que depois vieram duas décadas perdidas e fomos reconcentrando poder e receitas na União. Agora, mais do que nunca, precisamos mudar esta realidade”, afirmou o governador.

Eduardo lembrou ainda que “o momento desafiador vivido pelo país, com dois anos de baixo crescimento, apesar de todos os esforços quem têm sido feitos pela Presidenta Dilma”. E adiantou ser consenso que, para ganhar 2013, é preciso acelerar os investimentos públicos e privados.

“A maior parte dos investimentos no país é feita por estados e municípios. Eles tocam projetos que não se enquadram necessariamente nos grandes projetos nacionais, mas nem por isso deixam de ser importantes. E esses investimentos não podem acontecer numa realidade em que 70% das receitas ficam para a União e aos prefeitos resta a tarefa de correr corredores e sendo atendidos por uma burocracia por vezes insensível”, afirmou.

Ao fazer o elogio da política, Eduardo reconheceu que as disputas e, mesmo, o mau comportamento de alguns faz com que se tente desacreditar o processo político. “Mas é preciso não esquecer que quem fez a constituinte, que deu autonomia ao Judiciário e ao Ministério Público foram os políticos. Quem nomeou os juízes que julgam políticos foram os políticos”, ressaltou.

MEDALHAS – Além da honraria concedida pela Assembleia Legislativa, o governador foi homenageado pelo governador José de Anchieta com a Medalha do Mérito do Forte São Joaquim, a mais alta comenda conceda pelo estado.

Ao justificar sua indicação, o deputado Ionilson Sampaio (PSB-RR) fez rememoração da carreira politica do homenageado desde a adolescência – quando se fez auxiliar do avô, o ex-governador Miguel Arraes -, até a maturidade, citando os três mandatos de deputado federal, a passagem pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e os dois mandatos de governador, sempre como campeão de aprovação popular.

“Política é destino, e o governador Eduardo Campos, por tudo o que tem feito por seu estado e pelo Brasil, está destinado a viver papéis de muito destaque na vida brasileira”, disse.