Ilustre Ministra:
A Presidenta Dilma recentemente falou que as agências reguladoras devem trabalhar dentro de critérios tecnicos.
Na contramão da história, uma briga de foice no escuro entre Glauber Piva (PT) e Manoel Rangel (PCdoB) pelo poder na ANCINE, encontrou uma solução salomônica: dividir a Ancine em duas. A reguladora, o setor Doi-Codi, a máquina de moer cineastas e estraçalhat suas obras, ficaria sob controle de Piva; a fomentadora, a prima rica qua administra um patrimônio de um bilhão de reais, sob controle de Manoel Rangel que sentaria em cima desta fortuna, um bilhão de reais, tornando-se o mais rico produtor de cinema do Brasil de todos os tempos. Trata-se do melhor negócio já feito no mundo capitalista, gerir um bilhão de reais sem ter que investir um centavo proprio. Imaginem os dividendos políticos que podem gerar o controle da produção cinematogáfica brasileira. Seríamos todos reféns da vontade do chefe.
Na atual gestão somos vigiados e colocados permanentemente sob supeitas por essa “Stasi” tupiniquim e os nossos pedidos de apoio a produção pelo FSA são analisados dentro de critérios mercadológicos que só eles entendem, porque de mercado não entendem nada, já que antes da Ancine nunca trabalharam… no mercado.
Acabam de me cassar um patrocínio de quinhentos mil reais sob o estapafúrdio pretexto que o projeto expirou em dezembro de 2011. Esqueceram de considerar que o pedido de transferêncai de recursos de um projeto para outro está sob análise na Ancine desde maio de 2011!!!! E sequer consideram que em dezembro de 2011 fiquei tetraplégico, recuperando aos poucos minha saúde. Para me defender neste caso, que farei com a tenacidade de sempre, o sr. Manoel Rangel que me aguarde, não sei se contrato um advogado ou um psiquiatra, tal os requintes de sadismo com que venho sendo tratado pela atual direção da Ancine. E ainda pedem a recondução deste indivíduo. E se o cargo pertence ao PC do B, que o partido indique alguém mais competente. E quadros competentes é que não faltam ao PC do B. De cabeça me lembro de três ou quatro.
E o cinema independente, os jovens cineastas, nós que produzimos cultura para onde vamos? Não cabemos nesse desenho satânico que corrói o bom cinema brasileiro, não contempla o público que assiste nossos filmes nas lajes da periferia, nos cineclubes, nas escolas, fora das salas de cinema que em sua imensa maioria se concentram nos shoppings das grandes cidades. O projeto de cinemas nas periferias dissolveu-se na poeira dos projetos megalomaníacos. Não saiu do papel.
A atual administração da Ancine pretende criar uma plutocracia cinermatográfica contrariando todas as políticas governamentais de democratizar a sociedade expandindo a riqueza aos setores populares. Meia duzia de apaniguados seriam os beneficiários dessa política.
Ministra, o manifesto assinado chama menos atenção pelas firmas que contém — imagino o cosntrangimento de certos cineastas que tiveram que firmar — do que pelos nomes ausentes. O mêdo de represálias vai nos tornando numa maioria silenciosa que agirá no momento certto, esteja segura.
Na atual Ancine não existe nenhum programa , nenhum projeto que beneficie os cineastas de periferia. Temos que lutar para renovar a Ancine e não manter as velhas e carcomidas estruturas que nos colocam, artistas e criadores, sob permanente suspeita. Como já foi proposto mais de uma vez, aprovados os projetos e os orçamentos, a prestação de contas deve ser a entrega do filme pronto.
Os funcionários contratados não devem ser nossos adversários ou algozes,mas parceiros com missões como estimular a produção e a difusão, formar público, buscar novos negócios, novos espaços para nossos filmes, contabilizar todos os nossos espectadores. Existe muito mais a ser feito pelo cinema nacional, bem mais útil que esta mentalidade policialesca que se instalou contra nós.
Ministra, me despeço contando com seu bom senso no destino que dará a renovação da diretoria da Ancine e de suas políticas.
Silvio Tendler