CALDERARO: 16 ANOS DE SAUDADE.

No dia de hoje, há 16 anos atrás, o Amazonas perdia um símbolo do seu jornalismo com a passagem para a vida eterna do jornalisma Umberto Calderaro Filho, fundador de A CRÍTICA, que deu origem à Rede Calderaro de Comunicação. São 16 anos de saudade. Nesta data o meu abraço à D. Rita, à Cristina, Tatiana, Dissiquinha e Beto.

Em sua homenagem reproduzo abaixo texto de minha autoria integrante do livro ‘A CRÍTICA DE UMBERTO CALDERARO FILHO” de autoria do Dr. Júlio Antonio Lopes.

HOMENAGEM AO GRANDE CALDERA

Conheci Umberto Calderaro Filho nos anos 70, apresentado pelo seu primo e meu amigo José Maria Pinto. Durante muito tempo colaborei com A CRÍTICA na redação da coluna SIM & NÃO e através de artigos semanais.

Nessa época, criei o hábito de todos os dias no final da tarde, ao sair do no meu trabalho na Receita Federal, passar no seu gabinete na Rua Lobo D Almada. Lá era um ponto de reunião de políticos, empresários e jornalistas.

Durante quase vinte anos convivemos e tive a oportunidade de conhecer as várias faces do Seo Umberto, como eu o chamava.

Como empresário, era um homem a frente do seu tempo. Todos os anos ele viajava para conhecer as novidades no setor dos jornais. E sempre que voltava procurava atualizar e avançar. Foi por essa razão que A CRÍTICA avançou tanto. Compreendeu logo a necessidade da integração das mídias. Daí ter buscado, ao lado do jornal, a emissora de televisão e as emissoras de rádio.

Como jornalista, era ousado. Farejava a notícia. Cobrava resultados, vivia o clima da redação. Lia o seu jornal antes e depois. Via os erros. Mandava corrigir. Tinha uma coisa que poucos têm: auto crítica. E quando o erro era de A CRÍTICA, ele brigava pra dentro.

Como amigo, era solidário. Presente nos momentos de dificuldades. Não abandonava ninguém na hora das adversidades. Aliás, até mesmo com quem não tinha relações de amizade, ele agia como se fosse amigo, abrindo espaço para que cada um contasse a sua versão.

Era uma espécie de “paizão” em relação aos filhos e filhas de seus amigos por quem tinha um carinho extremado. Dos que já tinham partido e dos que ainda estavam no seu convívio. Que o digam a Baby e o Belmirinho.

Como pessoa, era uma figura humana excepcional. Era, também, um glutão. A Dona Rita, sua esposa, que tem lugar assegurado no céu por tudo de bom que fez a tanta gente ao longo de sua vida, tinha a preocupação de tentar controlar a ânsia do seo Umberto pela comida. Sabia, inclusive, dos prejuízos que isso trazia à saúde do seu marido. Lembro-me de uma vez que cheguei ao seu gabinete e ele estava com a Dona Rita e outras pessoas. Ele levantou-se e disse: “Meus amigos, me dêem licença que eu vou sair com o Serafim para ver a minha declaração de Imposto de Renda. Depois ele me traz”. Eu, sem entender nada, desci as escadas com ele e perguntei o que houve. Ele respondeu: “Ainda bem que tu chegaste. Hoje é terça feira, dia da feira da Aparecida, eu quero comer pastel e tapioca com caldo de cana e a Rita me marcando de perto.”

A última vez que o vi, e é essa a imagem que guardo dele até hoje, foi uma semana antes de sua partida no Restaurante Calçada Alta. Ele estava alegre e feliz com amigos em uma mesa comendo pataniscas (lasca de bacalhau, coberta com farinha de trigo, e frita). Ao sair, levava uma quentinha com mais pataniscas. Nos abraçamos e eu questionei se ele já não havia comido além da conta para ainda estar levando mais pataniscas na quentinha. Abrindo o sorriso, ele respondeu: “É pra Rita”.

4 thoughts on “CALDERARO: 16 ANOS DE SAUDADE.

  1. Não o conheci pessoalmente,mas tenho certeza q teria me identificado com essa pessoa de tão bom coração q ele era.Só escuto histórias incríveis sobre ele. Abraços em D. Rita, Cristina, Tati, Dissiquinha, Tatiana e Beto.

  2. TENS RAZÃO, SERAFIM. O CALDERARO FAZ MUITA FALTA MESMO.ERA DESTEMIDO E OUSADO E IMPRIMIU ESSA MARCA NO JORNAL ” A CRÍTICA “.
    TENHO SAUDADE DELE E DA MANAUS ANTIGA.
    HOJE VEJO, COM TRISTEZA, TRIPULAÇÃO DE CERTO HELICÓPTERO ” ESTACIONAR ” EM FRENTE ÀS JANELAS DAS RESIDÊNCIAS DE CIDADÃOS MENOS AFORTUNADOS E FILMAR O SEU INTERIOR, BEM ASSIM DE ESCRITÓRIOS PROFISSIONAIS, TUDO A PRETEXTO DE COLHER PROVAS, DESVENDAR CRIMES, ETC.
    MANAUARA SAUDOSO

  3. Muito bom o texto Serafim, aliás, em relação ao pastel com caldo de cana, sei que não faz bem pela fritura e açucar, mas que é gostoso não tenho dúvida. Quanto ao Sr. Umberto, era realmente uma pessoa muito boa, aliás tá no dna, pois toda a família Calderado é sangue bom.

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