Chega ao fim o mandato da presidente Dilma e a promessa de reabrir a BR 319 não foi cumprida. Isso ficou para trás. Vamos olhar para frente.
Desde que em 2004, o então Prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento, foi nomeado Ministro dos Transportes e colocou em pauta a recuperação da BR-319 já se passaram 10 anos e três governos – dois do Lula e um da Dilma – e vamos agora para o quarto.
E por que a estrada não sai?
Do que sei e dos dados que levantei, constatei uma realidade que quero compartilhar com os que me dão o prazer da leitura dos meus textos.
Dou destaque a duas constatações: 1 – CUSTO ALTO E A FALTA DE RECURSOS NO GOVERNO FEDERAL e 2 – USO DE ARGUMENTOS EQUIVOCADOS.
1 – CUSTO ALTO, FALTAM RECURSOS E LICENCIAMENTO AMBIENTAL
O custo da recuperação dos 400 km do “meio” – trecho fechado há quase trinta anos – é alto, + ou – UM BILHÃO DE REAIS. O Governo Federal não tem esses recursos e faz o jogo entre os Ministérios. O dos Transportes quer a obra. Planejamento e Fazenda não têm os recursos e dão o sinal para que o Meio Ambiente trabalhe devagar, quase parando, na questão do licenciamento ambiental. Em vários pontos os ambientalistas tem razão, como no caso das chamadas “espinha de peixe”. Veja a foto abaixo:
Sem superar esses dois obstáculos, o financeiro e o ambiental, não avançaremos.
2 – ARGUMENTOS EQUIVOCADOS
Temos usado dois argumentos:
- 1) – A BR 319 escoará a produção do Distrito Industrial barateando o custo do transporte;
- 2) – O frete de Manaus para o restante do Brasil é caro.
Tais argumentos não se sustentam, pois:
- 1) – Hoje o escoamento da produção é feito por um sistema que de cada vez usa dois homens, um empurrador, duas balsas e leva 70 carretas de Manaus até Porto Velho. Saem + ou – 15 por dia. Pela BR 319, para levar as mesmas 70 carretas seriam necessários pelo menos 70 motoristas, usando 70 cavalos mecânicos. Portanto, pela BR-319 o custo de transporte da produção do Distrito Industrial será mais alto e ambientalmente incorreto.
- 2) – O frete Manaus – São Paulo não é caro, pois uma carreta com 1.500 televisores custa R$ 12.000,00 de frete, ou seja R$ 8,00 por cada televisor. Menos do que uma corrida de taxi em Manaus.
Diante dessas constatações – CUSTO ALTO/ FALTA DE RECURSOS, FALTA DE LICENCIAMENTO E USO DE ARGUMENTOS EQUIVOCADOS – entendo que precisamos mudar os nossos argumentos para viabilizar a reabertura da estrada BR 319.
Em minha opinião, os nossos argumentos devem ser:
- PRECISAMOS ROMPER O ISOLAMENTO;
- INTEGRAÇÃO DO NORTE BRASILEIRO, DA VENEZUELA, CARIBE e ESTADOS UNIDOS AO RESTANTE DO BRASIL E AO CONE SUL;
- TURISMO ECOLÓGICO, principalmente nos 400 km do “meio”;
E para atingir o objetivo sugiro um agenda direta e positiva:
- 1 – POLÍTICA: UNIÃO DAS FORÇAS POLÍTICAS DO AMAZONAS, RONDÔNIA E RORAIMA PARA DISCUTIRMOS CAMINHOS E SOLUÇÕES. A REABERTURA INTERESSA AOS TRÊS ESTADOS.
- 2 – LICENCIAMENTO: CONCORDAR COM ESTRADA PARQUE; PROTEGER OS 400 KM DO “MEIO”; BATALHÃO AMBIENTAL NO CASTANHO E HUMAITÁ.
- 3 – LICENCIAMENTO: PLEITEAR DELEGAÇÃO DO IBAMA AO IPAAM PARA LICENCIAR COM MAIS RAPIDEZ A OBRA, SEM PERDA DE QUALIDADE.
- 4 – MODELO: O MESMO QUE RESOLVEU O IMPASSE DA BR 174; CONVENIO DO GOVERNO FEDERAL COM O AMAZONAS PARA QUE O ESTADO ASSUMA A RESPONSABILIDADE, INCLUSIVE FINANCEIRA, PARA FAZER A ESTRADA; ISSO SUPERA A FALTA DE RECURSOS E DESTRAVA A OBRA; OS RECURSOS VIRIAM DO FUNDO DE DESENVOLVIMENTO DO INTERIOR QUE EM 2015 TERÁ RECURSOS DE UM BILHÃO DE REAIS. E A OBRA DEMORA TRÊS ANOS.
Esse são os caminhos que vislumbro e coloco como contribuição à solução do impasse.