
Manaus – Para Manaus ficar livre dos buracos em todas as 14 mil vias, é necessário remover o asfaltamento atual e implantar um novo, o que exigiria um prazo de 12 anos e investimentos de R$ 1,5 bilhão. A avaliação é do subsecretário Municipal de Infraestrutura (Seminf), Sérvio Túlio, ao admitir que, por este motivo, será dada continuidade ao serviço de manutenção, ou tapa-buracos.
De acordo com Sérvio Túlio, a atual gestão municipal preferiu fazer a manutenção das ruas recuperando trechos pontuais. O serviço paliativo deixa as vias com superfície irregular e reduz a vida útil dos veículos.
“Eu sou técnico e sei o que é preciso ser feito e sei que estou fazendo um trabalho que não resolve de fato a situação. Mas foi uma decisão do próprio prefeito. Ele atende a toda cidade ou particulariza e privilegia uma determinada parte da sociedade? Ele optou por atender todo mundo”, explicou o subsecretário Sérvio sobre o motivo de a Prefeitura ter optado pela manutenção do que a recuperação das vias da cidade.
A necessidade de recapeamento total das ruas fica ainda mais evidente nessa época de fortes chuvas porque o sistema de drenagem da cidade nas poucas ruas onde existe é deficiente. “O maior inimigo do pavimento é a água. Manaus padece de drenagem profunda. Toda água escorre em cima do pavimento, infiltra e o asfalto se fragiliza. O que acontece todos os dias é que consertamos um ponto aqui e aparece outro na frente”, disse. Ele destacou que o sistema de drenagem não é integrado para canalizar toda a água das chuvas e desaguar em um ponto estratégico para que não cause alagamentos. De acordo com Sérvio, o que existe hoje são tubos entupidos e de dimensões pequenas, insuficientes.
Para o subsecretário, mesmo com o problema, todas as ruas de Manaus hoje estão trafegáveis. A Seminf informou que, em 2011, gastou R$ 4 milhões por mês em obras de infraestrutura nas vias da cidade. Os recursos foram destinados à execução de serviços de drenagem superficial (meio-fio e sarjeta), drenagem profunda (colocação de tubos de concreto para escoamento de águas pluviais) e à manutenção de vias com utilização de asfalto.
Pelo cálculo de R$ 4 milhões ao mês, nos quatro anos, a atual gestão vai gastar R$ 192 milhões. Com o montante seria possível pagar por 12,8% das obras de recapeamento de todas as ruas da cidade. O subsecretário explicou que a Seminf não poderia deixar de atender outras áreas para cuidar apenas do recapeamento. “Hoje toda cidade está trafegável”, diz ele.
O serviço diário de tapa-buracos atende 200 ruas. A Seminf destacou que nessa época de chuvas, o atendimento às ruas da cidade diminui 20%. As chuvas atrasam a manutenção de 40 ruas por dia. “O nosso atendimento permite que a cada três meses toda cidade seja atendida. Hoje temos a manutenção das 14 mil ruas mais de uma vez por ano. Não tem nenhuma rua intrafegável, mas transformá-las em ruas que não tenham um problema por um tempo só mexendo na pavimentação”, frisou.
Reclamações
Mensalmente, 300 reclamações de moradores que solicitam a manutenção de ruas chegam à Seminf via telefone. Há também quem solicite o serviço por e-mail ou ofício. A secretaria informou ainda que também atende problemas detectados por fiscais da própria Seminf. A população pode fazer reclamações pelo telefone 3642-3511. Nesse call center as solicitações são recebidas e enviadas para os distritos de acordo com as áreas geográficas da cidade.
Até o fim do ano, a Prefeitura espera começar a recapear as ruas da cidade. Os corredores de ônibus serão privilegiados. “Há um estudo para os corredores principais serem atingidos. Torquato, Max Teixeira, André Araújo, as ruas por onde naturalmente o trânsito todo flui serão as priorizadas”, avalia Sérvio Túlio.
Comentário meu: Agora estão reconhecendo o tamanho do problema que durante quatro anos negaram existir. Pimenta nos olhos dos outros é colírio.