Apagão moral

Manaus tem vivido nos últimos dias o reflexo do total descompromisso dos gestores federais com o sistema de abastecimento energético de nossa capital. Foram dois apagões que deixaram toda a cidade às escuras. Esse tema já foi alvo de grandes debates no Congresso Nacional. Lembro-me de um cidadão que ocupava um dos mais altos postos no setor energético brasileiro que disse que se mudaria para Manaus e permaneceria aqui até que o problema fosse resolvido. Não veio! O outro disse que rasgaria seu diploma caso ocorressem novos apagões. Sumiu e ninguém viu.

Esse debate é antigo. Hoje a gestão da Amazonas Energia está fora de Manaus, mas antes toda a gestão estava aqui. Os cargos eram loteados, as indicações eram de políticos, mas a gestão era ineficiente, para dizer o mínimo. Não resolviam nossos problemas. Chegou-se ao ponto do governo federal não liberar recursos para investimentos por não confiar nos que administravam o setor. Diante deste quadro, a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, com o aval do presidente Lula, decidiu tirar a gestão das mãos dos indicados por políticos do  Amazonas. E falaram claramente que faziam isso por conta da ineficiência e dos malfeitos que havia no sistema. Naquele momento, o senador Jeferson Péres e eu dissemos que não éramos contra a ação, pois queríamos a solução do problema e não compactuávamos com os erros da gestão de então.Mudaram! E não resolveram!

A gestão agora está fora, aqui ficam prepostos, mas continuam os problemas com o Amazonas pagando o preço da irresponsabilidade do governo federal nesta questão. A bancada federal que deveria nos defender cala-se, pois, para a maioria, o caos representaria uma nova chance de trazer a gestão para Manaus e com isso ganhar novamente o poder das nomeações do passado.

Todos falam em prorrogação da Zona Franca de Manaus, mas esquecem que o setor produtivo e de serviços nao vive sem energia. Não adiantam os incentivos fiscais se não dermos a infraestrutura básica necessária para as indústrias, qual seja, basicamente, energia de qualidade, internet, portos, aeroporto e vias de escoamento. Sem isso, estaremos condenados ao fracasso.

Acorda Manaus!