Ao lado de Cabral, Dilma inicia segundo turno com carreata pela Baixada Fluminense

De O GLOBO on line:

Rafael Galdo, Fábio Vasconcellos e Marcelo Carnaval

RIO – A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, iniciou a campanha no segundo turno nesta quarta-feira com uma carreata que percorreria os municípios de Duque de Caxias, São João de Meriti, Mesquita e Nova Iguaçu, todos na Baixada Fluminense. No entanto, o evento foi interrompido antes do esperado. Depois de passar pelo centro de Duque de Caxias, Dilma e os aliados que a acompanhavam, entre eles o governador Sérgio Cabral e os senadores eleitos Marcelo Crivella (PRB) e Lindberg Farias (PT), entraram numa van e saíram da carreata antes de cumprir todo o percurso.

Eles seguiram até o Jardim Gramacho, onde estava o helicóptero da comitiva e com o governador reclamando de fortes dores do joelho.

– Estou sentindo uma dor fortíssima. Estou fazendo por ela o que não fiz por mim – disse Cabral.

Apesar disso, a assessoria da petista não confirmou se a carreata foi interrompida por conta de dores ou problemas de saúde da candidata ou de seus aliados. Dilma embarcou no helicóptero aparentando estar bem disposta.

No centro de São João de Meriti, cabos eleitorais do prefeito da cidade, Sandro Matos, que aguardavam a presidenciável, já começaram a desmobilizar as pessoas. Um carro de som justifica o cancelamento da carreata por “problemas de saúde”, sem especificar de quem.

No Twitter, Dilma postou uma mensagem falando sobre a interrupção da carreata.

“A carreata em Caxias foi tão boa que levou quase duas horas. Nem deu para ir a S.J.de Meriti. Fica para a próxima”, escreveu ela no microblog.

A petista chegou a Duque de Caxias, onde teve início a carreata, por volta das 14h30m. Durante uma tumultuada entrevista, ela prometeu investimentos em saneamento na região e também a instalação de Unidades de Polícias Pacificadoras (UPP). Dilma explicou que começou essa segunda etapa de campanha no Rio em função da parceria estabelecida entre os governos federal, estadual e os municípios:

– Eu começo pelo Rio porque nós temos aqui um exemplo de parceria muito bem sucedida (…). Nós colocamos como prioridade uma coisa muito importante, que é a vida concreta das pessoas da Baixada. Então, eu quero começar por aqui porque quero priorizar duas questões importantes: o tratamento de água e o esgotamento sanitário. Aqui na Baixada, nós tivemos um esforço muito grande porque durante muitos anos a Baixada ficou sem os investimentos que beneficiavam concreta das pessoas.

Dilma completou dizendo que assume com a Baixada o mesmo compromisso assumido com o Rio:

– Nós iremos levar para a Baixadas as UPPs, que estão dando tão certo no Rio. Trazer para cá significa não só melhoria nas condições de vida das pessoas. O que interessa é a vida das pessoas.

O trânsito em Duque de Caxias ficou extremamente confuso em função da carreata.

Questão do aborto foi tema de conversa entre políticos na carreata

Antes da chegada de Dilma, na concentração da carreata, deputados eleitos da região afirmaram que suas estruturas de campanha continuam nas ruas, mas agora para a eleição da petista.

O presidente do PT fluminense, Luiz Sérgio considerou um bom começo de campanha de segundo turno a carreata desta quarta-feira porque, segundo ele, dá mais proximidade com o eleitorado. Ele afirmou que a estratégia é menos agenda, porém mais contato com a população.

A questão do aborto, tema dos boatos espalhados sobre Dilma na internet, foi conversa recorrente entre os políticos na carreata e das perguntas dos jornalistas. O deputado estadual e candidato derrotado ao Senado, Jorge Picciani (PMDB), afirmou que o trabalho junto aos evangélicos vai contar com o apoio de lideranças religiosas como o senador reeleito Marcel Crivella (PMDB) e Waguinho (PTdoB). Ele citou ainda outros líderes com quem se buscará apoio como Samuel Malafaia (PR) e Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.

Dilma: reforma tributária e melhoria da dívida pública para combater problema no câmbio

Durante a entrevista, a ex-ministra defendeu uma reforma tributária e a melhoria da dívida pública do país, além do aumento de competitividade da indústria, como forma de atacar o problema do câmbio.

– Eu considero que o ajuste fiscal não tem uma relação direta com o câmbio. A questão do câmbio diz respeito, no caso dos Estados Unidos e dos países desenvolvidos, ao fato de eles ainda estarem numa crise profunda. Essa crise profunda não vai ser resolvida por ajuste fiscal. Agora, o que nós vamos ter de fazer é aumentar a competitividade da indústria brasileira, tanto através de uma reforma tributária quanto através de uma melhoria do endividamento público. Nós sabemos que quando chegamos ao governo era de 60% a dívida pública. Hoje chegou a 40%. Isso vai permitir que a gente reduza os juros e, com isso a relação com o câmbio vai melhorar. Mas é necessário esse processo de redução (da dívida) – disse ela, que defendeu a medida adotada pelo Ministério da Fazenda de estabelecer em 4% o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), sobre o capital estrangeiro.

Mesmo no primeiro dia de vigência do novo IOF, o dólar recuou 1% – a maior desvalorização em 20 dias – e fechou em R$ 1,675, a menor cotação desde 2 de setembro de 2008.

– Acho que o IOF sempre foi uma das medidas para impedir a especulação mais do que qualquer outra coisa e isso é muito importante – completou Dilma.