ÁGUA : Buscar soluções ou criar novos problemas?

         Todo ano eleitoral vem o debate sobre o abastecimento de água em Manaus. E, como sempre, aparecem os que sabem tudo, os salvadores da pátria, os que têm as soluções de parto sem dor e o almoço de graça.

         O meu olhar sobre esse assunto é o de quem enfrentou o problema, pagou todos os preços, alcançou os maiores avanços, sem se render em qualquer instante à demagogia e ao discurso fácil. E, talvez por isso, ou apesar disso, não ganhou um único voto. Portanto, a minha ótica não é eleitoral, muito menos demagógica.

         Essa é  uma questão complexa que para ter um final feliz precisa da participação de todos e com cada um cumprindo a sua parte. Não cabe transferir a culpa para os outros, tão comum em nosso meio, muito menos a prática dos programas de TV e/ou rádio que enganam e iludem a população, principalmente a menos esclarecida.

         Para avançar é preciso fazer o jogo da verdade, com a mais absoluta transparência.  Listar os problemas e ver as soluções possíveis, sempre tendo bem claro que sem investimentos não chegaremos a lugar algum.

         Fico pasmo com três posturas sobre o tema.

         A primeira, daqueles que em 2000 fizeram o contrato de privatização. Agem como se não tivessem nada a ver com o problema que foi criado, segundo eles, pela “administração passada”. Em 2006, não resistiram ao menor exame do que fizeram com o dinheiro da venda da concessão, que saiu de Manaus, passou pela mão de certo empresário baiano até chegar aos destinatários finais. Não foi mesmo, Samuel Hannan?

         A segunda, dos que sabem e conhecem toda a realidade, mas agem como se não soubessem. Fazem o discurso da demagogia. Usam terceiros, ocupam espaço comprado em meios de comunicação, mas fogem do debate limpo sobre o tema. Não querem resolver nada. Querem jogar fumaça para que não vejam a parte que lhes cabe neste latifúndio.

         A terceira, dos que nunca leram nada. Nunca estudaram sobre o tema, mas se consideram conhecedores de tudo e acima do bem e do mal. São umas “vestais paridas”. São incapazes de ler qualquer coisa, porém vivem dando soluções mágicas que soam bem aos ouvidos de muitos. Nunca leram, nem querem ler o contrato de concessão, a repactuação, muito menos a lei do saneamento (Lei nº 11.445/07). Não sabem, nem querem saber, o que significa “pacta sunt servanda”.

         Em 2007, após amplos estudos e debates internos no âmbito da Prefeitura excluímos as hipóteses de:

– intervenção (seria apenas operacional e por 180 dias);

– encampação (custaria 500 milhões e não colocaria uma única gota de água na casa de alguém);

– caducidade (custaria 500 milhões, jogaria o sistema num impasse semelhante ao do porto de Manaus e também não colocaria uma gota de água na casa de alguém).

         E concluímos que o caminho responsável seria a repactuação. Foi graças a ela que aumentou a produção de água, a extensão da rede de distribuição cresceu 700 quilômetros, foram feitas cerca de 80.000 novas ligações e 400.000 pessoas foram  atendidas. São os melhores números de todos os tempos, atestados pela ARSAM.

         Isso não dá para esconder.

No entanto, aqueles que nada fizeram, alguns até atrapalharam e dolosamente, outros ingenuamente, no ano da eleição querem ganhar votos e para isso não hesitam em fazer o que se convencionou chamar de “agarol”. Pura demagogia, zero de interesse em encontrar os caminhos.

         O debate sobre esse tema é o que queremos. Ninguém mais do que nós avançou nesse campo. Os números que temos para mostrar são os melhores de todo o sempre. Portanto, o nosso campo não é o de fazer demagogia e criar novos problemas. O nosso campo é o da solução.

         Quem deve temer o debate é quem não pode explicar o que foi feito com os 193 milhões da venda da concessão, principalmente aquelas viagens que o dinheiro fez via Bahia até chegar aos destinatários finais.