Acre – A lição que o PT não aprende

Do blog de Altino Machado:

Dos 11 estados onde José Serra (PSDB) venceu no segundo turno eleitoral, foi no Acre onde o tucano obteve a melhor votação – 69% contra 30% dos votos de Dilma Roussef (PT).

Serra venceu em 21 dos 22 municípios acreanos, incluindo Xapuri, considerado matriz do suposto ideário socioambiental do “governo da floresta”. O tucano perdeu apenas em Feijó, que é uma das duas únicas cidades administrada pelo PSDB no Estado.

No primeiro turno, o senador Tião Viana (PT) viveu o sufoco de ser eleito governador com 50% do votos, contra 49% dos votos de Tião Bocalom (PSDB). Além disso, a cadeira da senadora Marina Silva (PV-AC) já está perdida e será ocupada pelo senador eleito Sérgio Petecão (PMN).

O Acre, que tem apenas 470.545 eleitores, é governado há 12 anos pela Frente Popular do Acre, uma coligação de 15 partidos liderada pelo PT.

– Precisamos entender o que levou o eleitorado do Acre a ter essa postura de hostilidade ao Lula e a Dilma – disse o secretário de Comunicação do governo do Acre Aníbal Diniz, suplente do senador Tião Viana.

A “hostilidade do eleitorado do Acre” não é contra o presidente Luís Inácio Lula da Silva nem contra a presidente eleita Dilma Roussef. A resposta do eleitorado acreano está sendo dada contra a maneira como o Acre vem sendo governado.

O diagnóstico tem sido dado e é constatado por quem vai para as ruas e anota num caderninho o que ouve: “o governo é perseguidor”, “o governo cerceia a imprensa”, “mente demais na propaganda”, “o pessoal do governo é muito arrogante”, “só tem vez no governo uma panelinha”, “que manda mesmo é gente de fora”, “acreano não tem vez”.

Alguém pode até refutar com a alegação de que nada disso é verdade e que se trata de eco do discurso vazio da oposição. Não é. Quando a situação está realmente boa, não existe espaço para alguém dizer que está ruim. A prova disso é que começa a surgir perdedores porque a situação está realmente ruim e insistem em dizer que está boa.

O caso da mudança da hora legal do Acre serve para ilustrar isso. Para atender aos interesses das emissoras de TV, especialmente da Globo, o senador Tião Viana, sem consultar a população, apressou a aprovação de uma lei, sancionada pelo presidente Lula, reduzindo de duas para uma hora a diferença do fuso horário do Acre em relação à Brasília.

Se a população foi consultada, conforme afirmou Tião Viana nos últimos dois anos, por que o povo aproveitou o referendo neste domingo (31) para decretar o fim da mudança da hora legal do Acre?

A arrogância no Acre permanece apesar do resultado das urnas. Políticos e militantes da Frente Popular estão se valendo de seus meios de comunicação para debochar da decisão popular de apoio a José Serra e contra a mudança do fuso horário.

O sistema operacional Windows, da Microsoft, possui uma “máquina do tempo”, mais conhecida como restauração do sistema. Quando alguma coisa horrível, como o vírus 55, por exemplo, abala o seu computador, é fácil voltar ao dia anterior. Ou ao dia antes dele. Ou ainda voltar à semana ou ao mês anterior. É um recurso pouco usado que pode salvar sua pele um dia.

Para que se possa restaurar o sistema é necessário que o recurso tenha sido habilitado pelo usuário, que pode criar os próprios pontos de restauração. Como nada é perfeito, saiba que o recurso é um devorador de espaço para quem quer estabelecer um calendário de restauração do sistema.

Resta saber se o painel de controles da Frente Popular do Acre habilitou ou não a restauração do sistema. Se habilitou, muito bem. Poderá tentar restaurar-se para um ponto sem perseguição, censura, propaganda enganosa, arrogância, panelinha, onde o povo acreano tenha realmente vez.

Mas a melhor avaliação continua sendo a de Marina Silva em entrevista ao portal Terra:

– Tem uma mensagem dada pelo povo acreano a nós da Frente Popular. Temos que ter humildade e sabedoria para fazer essa leitura. Sem humildade e sabedoria, vamos tentar arranjar algum meio para explicar ou consolar a forma enfática como a sociedade sinalizou, que não está tudo bem. Se a gente tentar se explicar ou se consolar dessa maneira, não vamos tirar a aprendizagem correta, ou seja, se não mudarmos o caminho, podemos mudar a maneira de caminhar. É preciso que a gente tenha uma abertura maior para a diversidade, para a crítica, para o processo, para dividir a autoria, a realização e o reconhecimento das coisas. Se a gente continuar pondo o talento de todos em apenas alguns, daqui a pouco cada um vai reivindicar o seu talento com justa razão ou vai colocar suas insígnias em outras lideranças que imaginam possam ser mais horizontais.

Tenho dito.

3 thoughts on “Acre – A lição que o PT não aprende

  1. Até que enfim à uma medida colonialista (fuso horário) contra um estado do norte é dado uma oportunidade de referendo e a população derruba. Viva o Acre!

  2. Que o Acre melhorou não tem como negar…
    Que o PT repaginou a cidade isso ocorreu,
    agora que centralizou tudo é fato.

    Só tem vez quem é filiado, parente, ou tem um peixe no governo(pirarucu de 60 metros) para ajudar a conseguir emprego.

    Muitos filhos da terra não conseguiram voltar, poucos concursos. E ainda os concursos que foram realizados não chamaram ou pior, o 1º colocado não foi chamado mas o 3º filho de …. foi chamado.

    A resposta do povo foi dada em nível nacional, e os representantes do PT no ACRE vão passar 4 longos anos avaliando e analisando esse recado, abaixando a cabeça quando sairem dos gabinetes.

  3. Os Acreanos são inteligentes, foram governados pelo PT e nada mudou pra eles, deram o troco.
    Parabéns aos Acreanos, com certeza vocês sabem pescar e não esperam pelo peixa na mesa!

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