A CULPA É NOSSA, NÃO É “DOS OUTROS”.

Nós temos o péssimo habito de sempre achar que a culpa é “dos outros” e não nossa. Achamos que podemos fazer as coisas erradas ambientalmente que elas não terão consequências. Esquecemos que a natureza não se defende, ela se vinga.

Na recente onda de fumaça que cobriu a cidade de fumaça estamos colocando a culpa “nos outros”. Seriam queimadas em outros municípios e até mesmo em outros estados que estariam causando o problema.

Permitam-me, dar a minha opinião. Ao longo dos últimos quarenta anos nós, e não “os outros” desflorestamos a nossa querida cidade de Manaus, ou seja, eliminamos as nossas florestas, sem reservar mínimos espaços, até mesmo às margens dos nossos igarapés. Achávamos que isso não teria nenhuma consequência. E isso, é bom que se diga, não foi feito somente pelas camadas mais pobres da cidade, mas, também, pelos mais ricos e supostamente esclarecidos, mas que, em verdade, são “analfabetos ambientais”.

Claro que quarenta anos depois a conta está sendo apresentada.

Além disso, a cultura de tocar fogo em restos de vegetação e em lixo agravam o problema.

E depois, nós vamos dizer que a culpa é “dos outros”?

A foto acima, extraída da Internet, via Google, e com algumas ilustrações, mostra o que aconteceu em Manaus. Ela é autoexplicativa, mas destaco que fragmentos florestais na área urbana só existem três: UFAM, CIGS/BIS e AEROPORTO. E Manaus tem que respeitar os limites, até naturais, de seu crescimento urbano:

● – a oeste, o Igarapé do Tarumã;

● – a leste, o do Puraquequara, com o CIGS treinando os seus soldados e impedindo qualquer invasão em seus domínios;

● – ao sul, o Rio Negro, mas a ponte está fazendo de Iranduba o município mais devastado das nossas cercanias conforme estudos divulgados pela Fundação Vitória Amazônica;

● – ao norte, é para onde vamos crescer, mas não podemos continuar cometendo os mesmos erros acumulados ao longo dos últimos quarenta anos.

Lembro-me que nos anos 70 apenas duas vozes se levantavam quanto a forma como Manaus estava crescendo:

1 – o arquiteto Severiano Mário Porto, que discordava principalmente de como o projeto Cidade Nova havia sido concebido e estava sendo implantado (tirar toda floresta e deixar o terreno “limpo”);

2 – o então Senador Evandro Carreira, o primeiro a nos chamar a atenção para as questões ambientais e os preços que pagaríamos futuramente. Não foram levados a sério e hoje não há como não reconhecer que eles estavam certos. Lamentavelmente.

A foto, também, nos mostra claramente que a Reserva Ducke, que a maioria da cidade sequer conhece, será o enorme fragmento florestal e que deve ser preservado, a qualquer preço, registrando-se que já sofreu uma “dentada”, sendo inaceitável qualquer outra agressão.

Este assunto, pelo menos é o que espero a partir de agora, deve merecer as nossas preocupações. De toda a sociedade, do poder público, enfim, de todos nós que temos a obrigação de legar às próximas gerações uma cidade melhor para se viver. Embora para isso tenhamos que enfrentar incompreensões e até mesmo pagar preços.