O MERCADO MUNICIPAL ADOLFO LISBOA

Por Gaitano Antonaccio:

 O Mercado Municipal de Manaus, conhecido como Adolfo Lisboa, ou Mercado Grande, é outra obra oriunda do fastígio do Amazonas no final do século XIX, quando a borracha se tornou responsável pelo fluxo de um progresso jamais repetido na região. Somente a Zona Franca de Manaus, modelo ou processo de desenvolvimento permitido com os incentivos fiscais, que já completou 45 anos de existência, devolveu ao Estado do Amazonas, sintomas de grandeza econômica e comprovou novamente a capacidade criativa e trabalhadora do povo amazonense, criando o Polo Industrial de Manaus (PIM), modelo que vem sendo seguido em outras regiões do mundo.

Aproveitando as exigências que o requinte da época da borracha costumava atender, o projeto do Mercado Adolfo Lisboa, cujas estruturas são todas ornamentadas de ferro, é da autoria do arquiteto francês Gustavo Eiffel, o mesmo responsável pela beleza arquitetônica da Torre Eiffel de Paris.

Na época da construção, o governo da Província estava entregue ao Dr. Alarico José Furtado, que ficou no poder, no período de maio de 1881 até março de 1882. A contratação da obra ocorreu no dia 7 de fevereiro de 1882, com a empresa inglesa Backus & Brisbin, sendo o preço da obra orçado em 260 contos de réis e a sua construção concluída no mês de julho de 1884.

A inauguração do centenário Mercado Grande ocorreu, com grandes festividades, no dia 15 de agosto de 1884, quando governava a Província do Amazonas o capitão Joaquim José Paes da Silva Sarmento, que possui em Manaus, em sua homenagem, uma rua com o seu nome.

A arquitetura da obra utilizou materiais importados, ferro fundido, forjado, seguindo uma linha que, em verdade, só existia na Europa. Processou-se, decerto, em Manaus, uma grande revolução arquitetônica, quando seguidamente surgiram as famosas pontes de ferro, ligando o centro de Manaus ao bairro da Cachoeirinha, a ponte da Glória, que é a mais antiga, e ainda, a ponte de Flores, no bairro do mesmo nome. Essa linha arquitetônica deu início, em vários países da Europa, a uma modernização nas estações ferroviárias, outros mercados, pavilhões de exposições, praças dotadas com coretos ornados em ferro e bronze, em estilo art noveau, chafarizes e vários prédios e residências, seguindo a mesma linha estilística. Exemplos de praças construídas em Manaus, com tais arquiteturas, são as praças Heliodoro Balbi, D. Pedro II, a da Matriz, a de São Sebastião e outras.

Entre os prédios que adotaram linhas arquitetônicas no mesmo sentido europeu, podemos citar, no campo internacional, o edifício do Palácio dos Cristais, em Paris; o prédio da Exposição Universal de Londres, no ano de 1851; a Biblioteca de Santa Genoveva, em Paris, de 1843 a 1850; a Biblioteca Nacional de Paris, 1862 a 1878; as lojas Bon Marché e Printemps, 1852, em Paris, e o Palácio da Exposição de Paris, em 1867. Em Manaus, existe o Palácio Rio Negro, algumas residências da Rua 10 de Julho, Avenida Joaquim Nabuco, o Palácio de Justiça, o Reservatório do Mocó, além do majestoso Teatro Amazonas e muitas outras.

Nos apontamentos do acadêmico João Nogueira da Mata, em seu livro Antiqualhas Manauaras, consta que a primeira construção do Mercado Adolfo Lisboa foi muito simples, toda em madeira e cheia de deficiências. Somente quando a firma que se tornou conhecida, em Manaus, como Manáos Market encampou o projeto, foram dadas as novas formas que ainda hoje existem na arquitetura do belo prédio, dividido em três conjuntos, todos em estruturas de ferro fundido, localizado na conhecida Rua dos Barés, fazendo fundos com a Rua Barão de São Domingos. Essa firma era dirigida por executivos ingleses que chamavam o mercado de Public Market (mercado público). (…)