Por Marcelo Ramos:
Era final de novembro de 2012 e aguardando a largada da Meia Maratona de Manaus chegou a mim um senhor apresentando-se como Pedro para elogiar o meu trabalho como deputado e os meus artigos aqui do Dez Minutos, em especial, um que escrevi para o meu falecido pai. Ele era corredor e dos bons!
O tempo foi passando e sempre encontrava o Pedro nas corridas. Um dia o Pedro sumiu. Já não o encontrava nem nos treinos da Ponta Negra.
Fui surpreendido quando recebi de um amigo em comum a informação de que o Pedro estava muito mal em Brasília. Com problema no joelho e numa depressão profunda. Aquilo apertou o meu coração. Não podíamos perder o Pedro.
Descobri o telefone e liguei pra ele. Foi uma conversa longa. O Pedro chorava muito. Feliz com a ligação, mas muito triste com o seu quadro depressivo e com o diagnóstico de que não poderia mais correr por conta do problema no joelho. Muitos amigos de corrida também ligaram para ele. Ele não se fortalecia.
Estando a trabalho em Brasília liguei pro Pedro e perguntei onde ele estava porque mandaria alguém deixar uma encomenda. Ele estava no consultório do psiquiatra. De surpresa, fui até lá. Entrei na sala de espera e olhando pra ele disse: “Pedro, a encomenda é um abraço que vim trazer pra você”. Choramos eu, ele e todos os demais pacientes que aguardavam a consulta.
O Pedro teve alta. Voltou pra Manaus. Fui buscá-lo no aeroporto. Ele com o joelho operado e de cadeira de rodas. Mas vivo e superando a depressão. Reunimos a turma da corrida num café da manhã para dar as boas vindas ao Pedro.
Todas as vezes que conversávamos nesse período eu dizia ao Pedro que ele voltaria a correr e que se não voltasse, pelo menos voltaria a viver e a estar conosco.
Hoje encontrei o Pedro na linha de chegada da Meia Maratona Internacional do Rio. O cara, mesmo ainda se recuperando, correu 21 km. Mostrou que a vida vale muito a pena e que pequenos gestos de amor, carinho e atenção podem significar muito.
Venceu a vida e a esperança! Valeu, Pedrão! Nós te amamos!
