Por Marcelo Ramos:
Uma árvore não pode ocultar a floresta, assim como os atos de vandalismo de alguns tresloucados não podem ocultar a mais linda manifestação popular da história do Amazonas.
Dizem alguns: – Ah, mas eles não tinham uma pauta!
Dizem outros: – Ah, mas nada mudou depois da manifestação!
Só os tolos pensam assim. A pauta estava lá para quem quisesse ver. É simples: eles não se conformam com o que a maioria dos políticos estão fazendo com as instituições democráticas e republicanas!
A pauta é transparência absoluta dos atos do poder público, é austeridade nos gastos públicos, é prioridade para investimentos em educação, saúde, segurança, saneamento básico e mobilidade urbana, é a recriação dos partidos políticos em bases mais democráticas e de maior representatividade, é a independência dos Poderes, em especial, do Legislativo e do Judiciário em relação ao Executivo.
A pauta é a refundação da nossa República.
Quanto às mudanças exigidas, elas serão fruto de um processo que tende a acelerar pela forças das vozes que vêm das ruas.
A mudança que precisa acontecer na política, já ocorreu dentro da consciência de milhares de jovens que foram as ruas. Os critérios do voto serão outros, a vigilância sobre os políticos será mais dura e permanente, o comprometimento pessoal com valores éticos saiu fortalecido e o desejo de tomar a história em suas mãos conquistou mentes em corações de parcela importante da nossa juventude.
Se, no Amazonas, o movimento foi passivo na forma – o que aconteceu na Prefeitura nada teve a ver com a bela manifestação que foi até a Arena – foi radical no conteúdo, deixando uma mensagem de não mais tolerar desvios de conduta dos agentes públicos, inversão de prioridade nos gastos públicos e também de não mais tolerar o preconceito, a intolerância, a injustiça e a desigualdade.
No momento, melhor ignorar a árvore do oportunismo e da desordem dos que foram pra PMM e saber ouvir os cantos da floresta da indignação e da esperança dos que foram pra Arena.
