Por José Laredo:
Para uma breve análise da performance das exportações do PIM o mais indicado é sua comparação com as importações segundo os indicadores de desempenho da Suframa. No quadro a seguir têm-se os resultados ocorridos nos anos 2010/2013 da participação das EXPORTAÇÕES em relação às IMPORTAÇÕES, considerando-se apenas o período de janeiro/julho desses anos:
Participação das exportações do PIM em relação às importações – Janeiro/Julho
2010 |
2011 |
2012 |
2013 |
11,37% |
6,92% |
7,22% |
6,85% |
Os dados nos fornecem a média exportada nesses quatro anos de: 8,06% em relação aos insumos que o PIM importou do exterior para pôr em marcha o modelo.
Prognóstico:
Não vejo grandes possibilidades, a curto prazo, desse quadro vir a reverter dadas as condicionantes abaixo.
Por quê?
Considera-se que o esforço principal das fábricas do PIM seja abastecer o mercado interno, onde o Brasil desponta como um dos maiores mercados do mundo, dado o crescente poder de renda da população, estabilidade relativa da moeda, controle relativo da inflação e contínua atratividade de capitais produtivos que alimentam os investimentos em fábricas, compras de empresas, licitações em concessões, etc., fato que se constata no país há mais de uma década.
As indústrias, especialmente as multinacionais, têm programas de exportações, mas elas definem de onde é melhor soltar seus produtos em direção aos mercados mundiais levando em conta principalmente os custos de logísticas das bases que escolhem como plataformas de exportações: portos, aeroportos, custos por container desembaraçados, tempo de espera, entraves burocráticos, etc.
Assim, por exemplo, se a empresa puder escolher entre exportar de Hong Kong, de Miami ou de Cingapura, com certeza o porto/aeroporto de Manaus vão perder para seus congêneres em termos de custos benefícios no quesito logística geral.
A decisão de direcionar os produtos para exportação implica em maiores cuidados (exigências ambientais, de segurança, de qualidade etc., que muitas vezes ainda não estão plenamente vigentes no Brasil) nas linhas de produção, custos adicionais de seguros e fretes, custos de distribuição, custos de reposição de peças, custos do pós venda, etc. Todas essas despesas são diminuídas quando o destino da produção se volta para o próprio país onde se acham instaladas as linhas de produção.
As vendas externas para serem competitivas precisam operar com lucros unitários relativamente menores dos que são praticados nas vendas ao mercado interno.
As vendas a prazo situam-se de acordo com as características da média dos consumidores brasileiros que, por hábito, gostam de comprar para pagar em parcelas mensais.
Nesse particular, tem-se que no Brasil os juros embutidos nas parcelas mensais são considerados uns dos maiores do mundo e os ganhos nesse mercado financeiro são significativos, tanto é assim que, os grandes fabricantes de bens duráveis têm estruturados seus braços de operações financeiras, alguns até com bancos próprios por causa dos estímulos de lucros que a venda do dinheiro oferece.
Existem cadeias varejistas que recolhem receitas financeiras decorrentes de suas vendas parceladas que comparam-se ou podem até superar os lucros operacionais nominais das vendas das unidades físicas que originaram esses parcelamentos.
Ausência de legislação impositiva para parcelas de produção obrigatórias a serem destinadas às exportações (o que acho inconcebível dado que o modelo é na base do contrato de risco, onde tudo é por conta do empreendedor que espera um usufruto futuro caso se disponha a produzir, gerar empregos para poder vender com incentivos fiscais).
Existem legislações estimuladoras de exportações, mas não chegam a influenciar uma carga de aumento significativo nesse item.
Em outra análise igualmente relevante, baseando-se nas mesmas fontes citadas, tem-se o seguinte quadro que revela o ainda insistente grau de dependência das importações, ao se verificar os insumos adquiridos pelo PIM de 2008 a 2013 ainda considerando-se o período de janeiro a julho:
Composição dos Insumos comprados pelo PIM – Jan/jul. – (R$ em milhões) |
|||
2008 |
2013 |
Variação % |
|
Importados |
8.134 |
14.312 |
+ 43,17 |
Nacionais |
3.817 |
3.412 |
– 9,6 |
Regionais |
4.401 |
5.105 |
+ 13,6 |
Observa-se a tendência de crescimento das aquisições de insumos importados com + 43,17% no período, contra apenas + 13,6% regional e – 9,6% de origem nacional, o que vem comprovar os argumentos expostos nas justificativas acima do PORQUE as exportações não decolam.
Apesar do avanço na produção local de insumos indicar que há um relativo crescimento na quantidade de fábricas componentistas, o que alenta a possibilidade de, a longo prazo, virmos a reduzir um pouco a dependência das importações mas, sem a consistência comparativa se tivéssemos produção local de tecnologias de ponta na produção de insumos eletroeletrônicos, duas rodas, de telefonia celular, que fossem utilizados on time pelas fábricas de bens finais do PIM.