Pai

Por Marcelo Ramos:

O sambista João Nogueira compositor de Espelho, para mim, a mais comovente música em homenagem a figura do pai, disse certa vez sobre o seu pai. “Quando eu acordava e o via, era como se estivesse vendo Deus.”
Deus se vê não ausência. Com os olhos da alma. Com o amor do coração. Com a força da confiança e do respeito. Deus, ainda que não possa ser tocado, é inspiração, segurança e consolo. Deus é amigo e confidente.

Eu que perdi meu pai tão cedo, há 27 anos comemoro o Dia dos Pais beijando a saudade e acariciando as lembranças. Hoje posso dividir esse amor com meus filhos Gabriel (16) e Marcelinha (4 meses) e torcer que eu seja pai o suficiente para que eles me carreguem em seu coração por toda a sua vida, da mesma forma que carrego meu velho Umberto. 

Ainda hoje, por vezes, suas mãos tocam meu ombro, ouço suas palavras de consolo, sinto o cheiro das rosas da roseira que ele plantou no jardim que já não existe. Posso até ouvir as músicas de Chico da Silva e Roberto Carlos que nos acordavam nas manhãs de domingo. E se fecho os olhos posso vê-lo. E se posso vê-lo, é porque ele está aqui guiando meus passos e orientando meu destino. 

No mundo da competição, do desamor, da vaidade, as pessoas acordam e já não vêem seu pai com a admiração de quem estivesse vendo o próprio Deus, alguns já nem os vêem. Quão tolos são os que agem assim. Não percebem que sem amor nada na vida tem sentido e viram escravos da ganância.
Perdi meu pai muito cedo – tinha apenas 12 anos – e vocês não podem imaginar a falta que faz o abraço que não dei.

Não perca tempo! Pratique o respeito, a tolerância e a confiança nos seus pais, abrace, beije, diga “eu te amo”, peça a sua benção, assim ele andará ao seu lado, como seu protetor, por toda a sua vida.

Termino essa homenagem a todos os pais com os versos de João Nogueira: Num dia de tristeza me faltou o velho/ E falta lhe confesso que ainda hoje faz… Ai, mas que saudade / Mas eu sei que lá no céu o velho tem vaidade / E orgulho de seu filho ser igual seu pai.