DO BLOG DA FLORESTA:
Da Redação – A redação do Blog da Floresta recebeu a visita do vereador Marcelo Serafim, 37, candidato ao Senado Federal pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB). O parlamentar é casado, tem um filho, farmacêutico por formação, foi deputado federal, além de ex-secretário municipal. Nessa entrevista ele fala sobre suas propostas de campanha, entre outros assuntos. Confira.
BLOGdaFLORESTA: Por que escolheu concorrer ao Senado Federal?
Marcelo Serafim: Tenho entendimento que o Amazonas perdeu seus combatentes no Senado Federal. Já tivemos oportunidade de termos no mesmo mandato Jefferson Peres, Gilberto Mestrinho e Artur Virgílio Neto. Hoje, a nossa representação não está tão boa. As pessoas estão se elegendo para o Senado com o intuito de serem prefeito dois anos depois ou governador quatro anos depois. Eu quero ser senador da República para ficar os oito anos no mandato. Creio que esse tenha de ser o primeiro compromisso. Ficando o mandato inteiro conseguimos construir uma história importante em Brasília e não tenho dúvidas que vamos resgatar o orgulho que o cidadão amazonense já teve de seus senadores.
BLOGdaFLORESTA: Quais são os principais focos da sua campanha?
Marcelo Serafim: Obviamente pela minha formação saúde e educação são duas áreas que eu particularmente sou apaixonado. Tenho a convicção que você não resolve os problemas do Brasil sem saúde e educação. Então dentro da educação nós propomos que os professores que tenham o mestrado e o doutorado recebam um subsídio mensal do Governo Federal até sua aposentadoria. O motivo é para que as crianças da periferia do Brasil sejam ensinadas por mestres e doutores dentro das salas de aula. O mesmo vale para os profissionais da área de saúde e que estejam atendendo na base possam também ter esse tipo de incentivo.
BLOGdaFLORESTA: Ficar doente no Brasil sai muito caro. Existe uma forma de amenizar o problema no bolso do brasileiro?
Marcelo Serafim: Com certeza. De fato existe uma distorção enorme no imposto de renda de pessoa física relacionada à medicação. Infelizmente, os maiores gastos com Saúde da classe média e das classes mais carentes brasileiras estão relacionados com medicamentos. Esses gastos não podem ser abatidos no imposto de renda. Vamos defender algumas bandeiras com relação a isso. A primeira: abatimento integral de tudo que se gasta com medicação na declaração de imposto de renda. Segundo: a junção de todos os vinte projetos que falam sobre desoneração tributária de medicamento em um único, estabelecendo que todos que compõem a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) possam ter isenção tributária. Hoje a tributação com medicamentos gira em torno de 30% e nos países desenvolvidos é em torno de 6%. Por conta disso, defendemos que essa tributação fique zerada e as pessoas tenham o direito de não pagarem imposto sobre algo tão importante para a manutenção da vida que são os medicamentos.
BLOGdaFLORESTA: Qual avaliação que o senhor faz da saúde hoje no Amazonas?
Marcelo Serafim: O Amazonas tem hoje uma boa saúde de urgência e emergência, mas tem uma péssima saúde quando você precisa, por exemplo, de uma cirurgia eletiva. Precisando retirar uma pedra na vesícula leva-se um ano na fila. Isso é um absurdo, pois essa pedra na vesícula hoje pode se tornar uma pancreatite amanhã. O paciente que desenvolver uma pancreatite mais grave muitas vezes evolui para óbito. Precisamos então tratar a Saúde lá na ponta. Isso significa, entre outras coisas, estabelecer regras para os mutirões de saúde para não deixar que essas pessoas evoluam para quadros mais complicados que serão muito mais onerosos para o poder publico.
BLOGdaFLORESTA: A Zona Franca de Manaus foi prorrogada por mais 50 anos. Apenas isso nos garante um futuro melhor?
Marcelo Serafim: Não adianta discutirmos Zona Franca se não discutirmos infraestrutura energética. Temos que levar insfraestrutura para os municípios polo e dentro deles estabelecer polos de desenvolvimento econômico. Como exemplo cito o fato do Amazonas importar 90% do tambaqui que ele consome de Roraima e Rondônia. Nós temos que mudar essa realidade. Não dá mais para o amazonense pagar mais de R$ 10 no quilo da farinha. Mudamos isso fazendo polos de desenvolvimento. A vocação do Amazonas não é a pecuária. É a piscicultura. Estabelecer regras claras e incentivos fiscais para que indústrias se estabeleçam dentro dos municípios pólos e que possam produzir o tambaqui, a matrinxã. Por que não podemos produzir costela de tambaqui enlatada e mandar para os japoneses comerem? A alegação para que não tenhamos a produção do peixe no Amazonas é porque a base da ração é o milho e a gente não produz o milho. Isso então se torna caro. No entanto, o peixe do Amazonas que engorda em nossos rios não engorda comendo milho, engorda comendo comidas regionais. Precisamos ter a competência de desenvolver uma nova ração que possa alimentar nossos peixes em cativeiro e reproduzi-los para o Amazonas e assim seja autossuficiente, além de poder exportá-lo.
BLOGdaFLORESTA: Caso os canais de TV realizem um debate de candidatos ao Senado o senhor irá?
Marcelo Serafim: Peço que as pessoas cobrem essa posição das emissoras de televisão. Uma candidatura como a minha não tem medo de debate. Nós temos propostas e não estamos preocupados com candidaturas de A ou de B. A minha candidatura é para unir o Estado do Amazonas. Nós vemos dois grupos políticos brigando fortemente, onde se A ganhar o Governo e se B ganhar o Senado teremos um conflito geral de interesses. Então precisamos de um senador que una o Estado do Amazonas e eu serei o senador dessa união. Para mostrar isso, os debates de televisão são fundamentais. Não podemos ter candidatos ao Senado com discurso de miolo de pote. Temos que ter candidaturas ao Senado com conteúdo. O que vemos hoje são mais pessoas tentando se explicar do que efetivamente propondo alternativas reais de desenvolvimento para nosso estado. (Roberto Brasil – Fotos: Áida Fernandes)