Nada saiu do papel

Por Marcelo Serafim:

O excesso de veículos e os engarrafamentos são problemas característicos das metrópoles em nosso país e Manaus está incluída neste contexto. Ora uma cidade deve proporcionar aos cidadãos e aos turistas mobilidade, em outras palavras, deve oferecer meios para uma locomoção com facilidade de casa para o trabalho, para a escola, para o lazer enfim para qualquer lugar que a pessoa queira ir, independente do tipo de veículo utilizado.

E quando o assunto é a copa de 2014, a situação de mobilidade urbana fica mais séria. Diariamente na mídia nacional é noticiado que nas 12 cidades-sede da Copa, 75% das obras de mobilidade estão em atraso ou cancelamento. Com a demora e readequações o dinheiro investido também aumentou e deixou as intervenções mais caras. Em Cuiabá, por exemplo, poucas obras foram inauguradas e os atrasos são constantes. A política de mobilidade urbana é um assunto que tem tirado sono de muitas autoridades.

Em nossa cidade, lembro que em 2009, o governo do Amazonas prometeu sistemas complexos e caros de transporte para revolucionar a mobilidade urbana, aproveitando a onda de investimentos para a Copa. Eram eles o Monotrilho Norte/Centro, que vinha sendo planejado desde antes da escolha de Manaus como uma das sedes, e o corredor de ônibus (BRT, Bus Rapid Transit) Eixo Leste/Centro.

Quatro anos depois, nada saiu do papel. Problemas no processo licitatório do monotrilho e falhas no projeto do BRT fizeram naufragar tais promessas. Sem os revolucionários projetos, Manaus ficou com apenas uma carta na manga para melhorar a infraestrutura de trânsito até 2014: o prolongamento da Avenida das Torres, mas sem relação formal com a Copa do Mundo, já que não está na Matriz de Responsabilidades, documento que lista os compromissos de cada ente federativo para a Copa.

Hoje, tanto monotrilho como BRT foram reintegrados ao PAC da Mobilidade e deverão virar realidade, porém somente, entre 2015 e 2016, depois da Copa. E de alguma forma, Manaus se viu obrigada a compensar a falta de mobilidade, com muito trabalho nas obras do aeroporto Eduardo Gomes e no estádio, a Arena da Amazônia.